"O que diz
sua consciência? – ‘torne-se aquilo que você é"
–
Nietzsche – Gaia Ciência, §270
Amauri
Nolasco Sanches Junior
Os hipócritas herdarão a Terra e isso é fato. A questão é que a
hipocrisia foi introduzida pela extrema-esquerda (ultraesquerda) com
seu politicamente correto, porque todo mundo, agora, quer um mundo
melhor. Mas, vou muito além disso. O filósofo Luiz Felipe Pondé —
indo na linha do filósofo Nietzsche —nos diz, que a secularidade
das democracias liberais, estão fazendo com que os fundamentalistas
aumentem porque enquanto os secularistas têm poucos filhos, os
fundamentalistas religiosos estão tendo mais filhos. No darwinismo,
a espécie que melhor se adapta e reproduz mais tem mais chance de
ficar e dominar o ambiente. Isso assusta. Será que os
fundamentalistas religiosos vão vencer? Talvez. Só sei, concordando
com o Pondé, que vamos ser lembrados como mimados, ressentidos e
covardes no futuro.
Mimados porque não podemos falar nada
que as pessoas se ofendem. Tudo virou um grande preconceito, até
mesmo, dentro de obras literárias que são usadas mitologias e
lendas, que tentam mudar, para sentir o valor confortável. Fui
expulso de um grupo de literatura, porque um dos membros cismou que o
livro do autor britânico, J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis, é
uma obra racista. Que mostra uma ignorância muito grande da
mitologia germânica-escandinava onde os Orcs eram daquela maneira,
eram seres que viviam na escuridão, como os anões também tinham
aquelas características. E a obra foi escrita durante a Segunda
Guerra Mundial, caracterizando mais do que um mero preconceito —
coisa de gente que abraça árvore — mas o poder que estava em jogo
e o anel, que mostrava a verdadeira face de cada um que usasse ele,
mostra o anel da hipocrisia. Por isso mesmo os hipócritas vão
herdar o mundo. O politicamente correto vai minando todos os polos de
discussões e obrigando a você a ter uma visão única do mundo e o
bom, claro, que seja da esquerda cirandeira. Eles também não vê —
ou não querem enxergar — que o mundo ficou um pouco mais rico,
muito mais pessoas têm smarthphones, ou estão na internet. Por isso
mesmo está um inferno. As pessoas relativizam tudo em nome daquilo
que acreditam e mudam tudo conforme seus interesses diversos. Porém,
temos mais coisas do que reis do século XVI, sem dúvida nenhuma.
Ressentidos porque vê nos fortes e
bem-sucedidos, inimigos e aqueles que querem seu mal. Nem sempre é
verdade. Aquele que hoje tem fama e um pouco de bens a mais daqueles
que não tem esses bens, nem sempre querem que os mais pobres vão se
ferrar. Outros podem até querer, porém, não falam. O pastor Caio Fábio em uma entrevista a um canal no YouTube, disse que o bispo
Edir Macedo disse a ele que queria pegar peixe que nada na bosta.
Porque os que pensam e tem senso crítico, não caem nas conversas de
um pastor. Ele tem razão. Ai entra Nietzsche e a análise crítica.
Porque vou seguir uma religião que, como um placebo, te dará uma
falsa sensação de ser bem-sucedido se muitos não tem nenhuma
religião e o são? Será que é a sensação de estar com ele
verdadeiramente sem nenhum intermediário ou é a luta e a
resiliência de persistir com aquilo que você quer? O ressentido
nega sua vida em nome do outro, não aceita o mundo como ele é, tem
ódio do destino.
Covardes porque não assumimos o que
somos. Nietzsche, parafraseando o poeta Píndaro, nos convida a
sermos nós em plenitude extrema e deixar as pessoas falar o que
querem, porque as pessoas gostam de criticar tudo. Ainda mais, quando
você tem uma cultura mesquinha como a nossa, que não aguenta ver as
pessoas bem sucedidas. Nietzsche diria que as pessoas que deixam o
espírito de rebanho são pessoas nobres, espíritos raros que não
tem medo daquilo que é bom e belo. O bom de Nietzsche não é o bom
bunda mole cristão (da parte hipócrita, claro) que nega sua vida
para ter uma felicidade em um outro mundo, e sim, um bom nobre que
sabe que ser gentil, educado e fazer coisas boas, não agrega coisas
para si em uma outra vida. O próprio Jesus Cristo disse que se
orarmos, temos que fazer em silêncio. Talvez, por isso mesmo,
escrevo meus textos sem dizer nada. Porque os covardes adoram mostrar
o poder para os outros, mas, quem tem o silêncio tem o verdadeiro
poder.
Com tudo isso — mais meu aprendizado
ouvindo o Gasparetto — eu adotei a filosofia do “NÃO”. Não
retroalimento pessoas mimadas, ressentidas e covardes por acharem que
tem razão, porque não tem. Não assisto série da modinha. Não
ouço musica da modinha. Não vou na religião da modinha. Não tenho
políticos de estimação (nem direita e nem esquerda). Não tenho
ídolos. Gosto de bandas. Gosto de alguns políticos. Gosto da
espiritualidade como um todo. Gosto das pessoas. Isso inclui amigos e
parentes. Não é que as pessoas são conhecidas que vou se seletivo
e vou defender até a morte. Não vou. Digo não do mesmo jeito e não
venero nada. Ai que pega o namoro entre pessoas com deficiência, a
veneração que alguns deficientes têm da família e amar e venerar
tem duas conotações muito diferentes. Venerar não é amar. Viver
grudado um no outro não é amar. Você todo dia dizer que ama, você
está autoalimentando na pessoa uma importância a mais que ela não
tem. Eu não dizia toda hora para minha mãe que eu amava ela, e ela,
sabia muito bem meu amor por ela. Aliás, nunca ela ensinou a pedir
benção, pois, quando perguntei o porquê, ela disse que preferia o
respeito que tínhamos por ela. E tínhamos.
Um casal com deficiência passa coisas
que não se deveria passar, pois, o preconceito (mesmo velado) é
muito comum no nosso país atrasado em tudo. Claro, um casal é uma
escolha e nada pode ser forçado, mesmo o porquê, quando é forçada
alguma coisa, entramos no relacionamento tóxico. Odeio esses termos,
mas, mesmo eles, as vezes são necessários. Acontece, pelo menos
para mim, que um relacionamento tóxico não é feito só do casal,
também tem a família. Por causa da deficiência, muitos membros da
família entram em uma neurose que não existe, porque não houve
ainda nenhum sofrimento ou qualquer casamento. Se houver, conheço
muito amigos que casaram, são cadeirantes e vivem bem. Acho que essa
neurose é devido nosso atraso educacional, nossa cultura atrasada
que vive ainda no século dezenove, onde as pessoas achavam que nós,
deficientes, eramos incapazes até mesmo de ter sentimentos. De se
virarmos. De achar meios de se sustentar, mesmo quando não houver
vagas de emprego. Capacidade todos temos. Isso nos fez sair das
savanas africanas — o homem nunca morou nas cavernas, isso era um
mito, pois, as cavernas eram usadas para fins religiosos — e
desbravar outras terras, por nós nos adaptarmos rápido.
A covardia é epidêmica e vai se
espalhar muito mais rápido do que qualquer vírus. Como dizem, “o
que não te desafia, não te faz mudar” e fim de papo.