segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Esperando mais inclusão e menos papo-furado



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Quando eu era menor, apenas um garotinho, eu queria ser dentista. Sei lá porque, eu cismei que queria ser um dentista para cuidar de dente. Daí descobrir que a minha praia era outra, mesmo o porquê, eu nem tenho estomago para estudar medicina por ver sangue e abrir pessoas em cirurgias. Muitos garotinhos e garotinhas, sonham em ser alguma coisa quando crescer e não é porquê tem deficiência, que não pode sonhar. É uma questão de estudar e se empenhar (mesmo que as escolas, com leis que não funcionam, não aceitem ainda as crianças com deficiência), em fazer o melhor para conseguir. Mas como fazer o nosso melhor, se todos nos fecham a porta? Metam o pé na porta. Poderia ser uma ofensa eu dizer isso, mas, como também sou cadeirante, eu me sinto à vontade.

Uma outra pergunta me vem à cabeça: como queremos inclusão nos comportando como eternos adolescentes? Sim. Eu não acho que inclusão se faz em meio de gente suada das baladas, cheirando cerveja dos bares, e acessibilizar puteiros sejam prioridade. Acho que a acessibilidade é importante e faz bem (nem mesmo acho que acessibilidade em igrejas sejam importantes), porém, acho que a visão mais humanizada da deficiência, hoje, é primordial. Até hoje eu não entendi o porquê se fez uma lei para cotas nas empresas e não cotas nas universidades – que só veio agora – pois, você só trabalha se você tiver um curso de qualificação. Também, nunca entendi, priorizar a redução de impostos de carro e não, reduzir impostos da cadeira de rodas e outros aparelhos que necessitamos. Andamos de carro dentro dos lugares? Andamos de carro dentro de casa? Claro que não. Até, particularmente, acho que a ideia de um carro para cadeirante meio ridícula, porque tem o pressuposto que só há um só cadeirante. E se você é casado? E se você tem como companheiro outro cadeirante?

Essas resoluções é o estereotipo de pessoas solitárias que temos hoje em dia, ainda, mesmo que estamos no século vinte e um. Mas, mesmo que a maioria adore uma liberdade que não tem, podemos casar e podemos amar quem quisermos. Mesmo que a maioria, ache que temos que casar com alguém para cuidar de nós. Não é verdade. A verdade que podemos nos virar, na medida do possível, tendo em vista, cuidar de nós. Mas existem, claro, deficiências que são graves, que muitas vezes, deixam as pessoas sem nenhum movimento. Conhecemos alguns e esses “alguns”, tem se mostrado bem independentes, mesmo com a deficiência grave. Nenhuma deficiência atrapalha a vida. Mas, ainda temos a visão capacitista da sociedade, porque nos agarramos a ideia que tudo é perfeito, o caráter tem que ter perfeição, as pessoas boas têm que ter perfeição, tudo é perfeito, só que essa perfeição, é na medida humana. O parâmetro humano, depende dos costumes (moral) que eles estão inseridos.

Lendo o blog vinculado com o jornal Estadão, Vencer Limites, assinado por Luiz Alexandre Souza Ventura, “IGUALDADE NO TRABALHO É PRIORIDADE”, traz uma pesquisa da I.Social (uma consultoria para empregar pessoas com deficiência), que mostra a estatística que eu sabia muito bem. A lei de cotas é uma farsa porque usou uma desculpa muito esfarrapada da qualificação, ou seja, existe pessoas com deficiência sim qualificadas e prontas para trabalhar. Mas, eu avisei para uma das donas da I.Social, a Andrea Schwarz, quando ela escrevia com um ar de otimismo. Ser otimista é uma coisa, fugir da realidade é outra muito diferente. Eu sempre fui cético na questão dessa lei.

Ao meu entender, estatísticas são adulteradas por causa de interesses daqueles que são eleitos para governar o nosso país, fora a isso, não tem nenhuma explicação da comprovação da desqualificação das pessoas com deficiência. Isso vale com voto expresso ou voto eletrônico. O que anda acontecendo é que empresas independentes dos órgãos governamentais, vem fazendo pesquisas e essas pesquisas vem comprovando o que estava na nossa cara o tempo todo, existem sim pessoas com deficiência qualificada. Isso transcende o fato do governo ser de esquerda ou direita – para mim não existe governo de esquerda – mas, a efetividade da fiscalização e da punição da empresa. Uma lei que obriga a contratação sem uma punição rigorosa, é o mesmo como acontecia para parar em vaga de estacionamento, multa moral. Vamos falar a verdade, é uma multa moral esse valor. Uma punição vagabunda que não obriga ninguém a cumprir nada.

No mesmo modo, acessibilizar prédios públicos tombados. Se o prédio não pode ter acessibilidade, então, que ele não seja utilizado e ponto. Não tem negociação. Os outros movimentos não negociam, ou você aceita os homossexuais ou é preso. Ou você aceita os negros nas universidades, ou vai preso por racismo. Sofremos atos capacitistas de entidades, de órgãos públicos, de pessoas na rua, de pessoas em shoppings e não há uma punição de verdade. Há multinhas morais e tapinhas nas costas. Fora a mania tosca de muitos deficientes de acharem que não fazerem nada, vão receber alguma coisa por isso, pois, não vão. Às vezes, muitas vezes, o radicalismo semelhante das outras minorias é preciso dentro do segmento das pessoas com deficiência. Eu não dou tapinhas nas costas de ninguém e nem quero nas minhas costas. Como disse milhares de vezes, eu sou cético o bastante de desconfiar que as pessoas façam pelo bem de um segmento. Não fazem. Temos que aguentar novelas vagabundas mostrando não a realidade, mas uma imagem infantilizada e boba da deficiência que não condiz na verdade.

A questão da lei de cotas é uma só: a nossa cultura canalha de não querer seguir e dar desculpas esfarrapadas para não cumprir uma lei. Lei é lei e foda-se. Acontece, que somos uma cultura que se apegamos muito nas aparências e isso é muito imbecil, porque não somos maquinas, somos humanos e temos a capacidade de superar dificuldades. Então, não é uma cadeira de rodas que vai nos dar capacidade ou não de fazer tal serviço, mas, a vontade de superação e de trabalhar que nos fazem eficientes. Muitas empresas – quando tem boa vontade – se sentem satisfeita com o serviço das pessoas com deficiência. Por que não temos a vontade de sensibilizar o lado humano das pessoas com deficiência? Será que fotografando deficientes pelados vamos fazer enxergar nosso lado humano? Acho que é importante a acessibilidade – em todos os bairros e em todos os sentidos – mas, também acho, que há uma falta tremenda a valorização do ser humano com deficiência. Valorizar o lado humano não é vulgarizar nossa sexualidade – fazendo da liberdade com libertinagem – valorizar nosso lado humano, é ensinar, por exemplo, que comemos comidas normais.

Eu não quero ver seres humanos com deficiência, pelados. Não quero ver seres humanos com deficiência, em campanhas apelativas e capacitistas. Não quero ver, seres humanos com deficiência em novelas vagabundas. Quero ver seres humanos com deficiência estudando. Deficientes trabalhando. Tendo uma vida plena e não, s pensando em sexo e numa vidinha deplorável. Como diz o filósofo, Luiz Felipe Pondé: “um dos maiores medos contemporâneos é o medo do afeto”. Temos medo de amar e os seres humanos com deficiência, tendem a ter muito mais medo desse afeto e se apegam a putaria generalizada. Aliás, putaria em todos os sentidos. Mas isso é tema de outro texto.

Hoje não quero ser dentista – se eu quisesse ser? – porém, eu sou satisfeito dos cursos que eu fiz. Mas eu sou qualificado sim e acabou.

Equipamentos do cantor Caetano Veloso são recuperados



Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News 

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

O filme “O Extraordinário” e a lição sobre o preconceito.




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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Neste sábado (7), eu e minha noiva, fomos ver o filme O Extraordinário do livro homônimo escrito por Raquel Jaramillo com o pseudônimo, R. J. Palacio.  O livro foi publicado em 14 de novembro do ano de 2012 que conta a história do menino, Auggie Pulman, que sofre de uma síndrome chamada de Treacher Collins, que causa deformação facial. Diz a história, contada pela própria escritora, que ela e o filho estavam numa fila de sorveteria, com apenas três anos de idade na ocasião, e então, o menino viu uma menina com deformidade facial e começou a chorar. Para não dar aborrecimento para a menina e sua família, Palacio se afastou com o filho dela que piorou a situação. Após ouvir uma música chamada “Wonder” de Natalie Merchant, se deu conta que esse incidente lhe mostrou algo importante e queria mostrar isso para a sociedade, assim, começou a escrever o livro que leva o mesmo nome da canção. O refrão da música é usado no prologo do livro.

Na verdade, o livro chama “Wonder” por causa da música que a escritora ouviu – que tem a ver, mais ou menos, com a história – e que quer dizer, “maravilha”. Talvez, por marketing, ou por erros que estamos acostumados nas traduções nacionais, se traduziu como “O Extraordinário”. Diferença de linguagem, não tem. Diferença de expressão, não se tem. O fato de ter mudado o nome, não fez diferença, porém, é um fato inexplicável que não houve, pelo menos para mim, nenhuma resolução sobre o fato. A questão de linguagem e fonética, não tem explicação também, porque o menino poderia muito bem ser chamado de “maravilha”, que para mim, pelo menos, soa como um preconceito da nossa própria sociedade em achar que ser chamado de maravilha, pode eventualmente, ser chamado o garoto de homossexual ou, até mesmo, ter algo a ver com a Mulher-Maravilha. Já se começa pelo próprio nome.

Quando começamos a ver o filme ou ler o livro, sempre lembramos de algum fato da nossa tenra infância. Por que? Porque a história de Auggie (ou August) tem a ver com a história de todos nós, pessoas com deficiência. As pessoas com deficiência ou má formação – que é o caso do personagem – se sentem rejeitadas pela sociedade, que não aceita, a aparência diferente. Mas o fato é um só, somos pessoas diferentes, mas, antes de tudo, somos da espécie homo sapiens. Auggie não queria provar que poderia, ele e a mãe sabia que ele podia, mas ele queria apenas, estudar e ter uma vida social. Só isso. A mãe incentivou. O pai acabou incentivando. A questão é: a normalidade como visão predominante, pode ser um obstáculo? Se deixarmos, sim, pode ser. Se não deixarmos, não, não atrapalha. Eu sempre digo que a deficiência não atrapalha a vida, só nos dará muito mais desafios. No meu livro Clube de Rodasde Aço – Tratado sobre o Capacitismo (Clube de Autores) – que foi acusado de não ser acadêmico – eu escrevi que existem muitas linguagens que vieram a colaborar com o capacitismo, uma delas, é a medicalização. O discurso aceito socialmente, é o discurso que os médicos impõem como verdade absoluta. Só, que acontece, que como todos nós, o médico é humano. Não são deuses. Não são mais evoluídos do que outros seres humanos.

O erro médico é achar que somos seres dependentes pelo resto da vida. A sociedade colocou as ciências – junto com o médico e pesquisas cientificas – como a única e irrevogável, solução para humanidade em alcançar a felicidade. Somos pessoas que temos nossas alegrias, temos nossos prazeres, temos nossas paixões, temos nossos desejos, temos nossas vontades. Existem milhões de áreas que nós, pessoas com deficiência, queremos ser aceitos. Auggie fez várias cirurgias corretivas, mas não teve nenhuma construção psicológica para enfrentar a sociedade, não houve um preparo para o enfrentamento. Sorte dele que a mãe – como foi a minha – que insistiu que ele fosse para uma escola (que foi contra o marido e pai de Auggie que ainda, queria o filho ter aula em casa), quis que ele encarasse uma sociedade doente pelo estereotipo da normalidade. Além do mais, a sociedade norte-americana – embora, a sociedade estudanense, tem muito mais estudos – tem muitos preconceitos, ainda.

Na verdade, eu acho que a nossa sociedade é demagoga, não preconceituosa, pois, em alguns momentos, é chata. Se isso tem mudado, mudou muito pouco. Tanto, que nem percebo. Não se dá lugar para pessoas com deficiência no ônibus (nem para os cadeirantes ficarem no box). Não deixam os lojistas atenderem a nós, deficientes, quando fazemos compras, como se tivessem mais prioridades. Quando estamos namorando, nos olham com cara feia. As próprias mãe de outros deficientes, te olham como se você tivesse fazendo a coisa mais errada do mundo, só por causa que o filho vai ver que ele também pode. Mas todos esses que fizeram isso, vão lá e doam quantias consideráveis para o Teleton (no livro que escrevi, contém a minha teoria da sociedade teletoniana), como faziam os nobres, dando quantias consideráveis para as casas de caridade no período medieval. Como sou um cético nesse tipo de campanha – vivi nessa entidade muitos anos para saber que ela não atende nada e só mudou o nome para ficar “bonitinha” – não acredito que seja eficaz para a inclusão de pessoas com deficiência. Além, de reforçar ao máximo, a linguagem da medicalização.

Stephen Hawking, quando foi diagnosticado com sua síndrome ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), deram a ele uma ou duas semanas, ele já está com 76 anos de idade. A medicalização não é um dado irreversível, não pode ser visto como a única solução, mas temos uma vida plena. No caso de Auggie, é apenas um garotinho que não sabia se defender, sua única defesa era o capacete que escondia o seu rosto. Os preconceitos sociais são fortes graças ao mundo que vivemos, as propagandas perfeitas, os desejos aguçados para venderem mais. Eu não acho que vender é o problema, tanto quem está vendendo, quanto o publicitário que está produzindo a propaganda, estão trabalhando para sobreviver. O problema é você criar o mundo para fazer isso, que ao meu ver, não precisaria se o ser humano não fosse condicionado. A pergunta é: o que é a realidade? Será que a realidade é uma propaganda de Margarina ou pasta de dente? Claro que não. Temos dentes amarelos. Tomamos café da manhã, muitas vezes, sozinhos. A mesa pode ser velha, nós soltamos pum, não temos o rosto liso e perfeito. São “sombras” que querem mostrar que é a realidade.

Isso é tema de vários livros de filosofia e literários, um mundo condicionado que quebra a sua realidade por causa de um que não aceitou ou saiu, desse condicionamento. Auggie não cabia na realidade das outras crianças, ele quebra essa realidade como se ele fosse um estranho, algo que quebra o paradigma da perfeição e o medo aparece. A aparência mostra uma outra realidade, uma realidade muito além do que é mostrada. Parece que isso é obvio, mas não é. A título de exemplo, eu estudava num colégio tradicional que tinha, até a década de 90, uma unidade de ensino da entidade AACD, EEPG Rodrigues Alves, que fica na Avenida Paulista (São Paulo). Foram perguntar para a coordenadora da unidade das classes especiais, se comíamos comida normal ou comida especial. Estávamos na década de 80, onde não tinha tantas informações como temos hoje. Mas, hoje em dia, estamos no século vinte e um, com o advento da internet a nossa volta, ainda, ouvimos esse tipo de pergunta e respondemos ainda, temos que sim.

Por que? Porque há ainda, uma noção que a realidade é padronizada, como se vivêssemos na caverna de Platão (veja aqui), até mesmo, a história do escritor inglês, Adous Huxley, Admirável Mundo Novo, (que vou fazer textão depois de ler meu exemplar), onde o mundo ficou todo “politicamente correto”, com ideias libertinas, padronizadas e foi baseado, logicamente, na ideia de Platão. O mundo que vemos e o mundo, que intuímos.  O mundo que vimos é o mundo que achamos ser real, mas nem sempre ele o é. O mundo que intuímos e temos como base – como se não existisse – em uma maneira de ver diferente, numa maneira mais verdadeira. O mundo que pensamos ser real, é uma realidade forjada com os valores que pensamos ser verdadeiros. Mas não são. Pessoas como o Auggie, que de alguma maneira, são diferentes da realidade vigente de anuncio de margarina, querem ter uma vida como as outras crianças. Pessoas “diferentes” são menosprezados e enfrentam vários obstáculos, não só de forma física essa diferença, mas pode ser, numa outra maneira de pensar. Na verdade, a mídia e o capitalismo – claro, não tirando suas eventuais falhas – herdaram muitas coisas de séculos atrás, coisas que separam os povos. São separados por causa da ignorância, não entenderam que somos uma espécie só. Padronizaram aparências. Separam os latinos porque não se encaixam nos padrões estudanenses. Os negros não se encaixam nos padrões dos brancos. Os asiáticos não se encaixam com os dos ocidentais e os ocidentais, não se encaixam com os asiáticos.

A padronização humana não faz sentido – mesmo se essa padronização é ancestral – porque somente características são diferentes, mas nós como espécie, como disse, é uma só. Isso também vale para a deficiência. Temos várias limitações, mas não somos de outra espécie. A questão da aparência é uma questão estética, pois, a estética é muito bem explorada dentro da nossa cultura. A questão do Auggie é uma questão estética. Quando vimos algo diferente, esteticamente, que foge da realidade que estamos acostumados, nada nessa realidade faz sentido. Por isso mesmo, somos criaturas que discriminamos, muitas vezes, porque sempre vamos procurar o nosso semelhante. O medo, nesse caso, opera como uma defesa daquilo que desconhecemos. Não convivemos e não sabemos o que vão fazer. Medo de nós, pessoas com deficiência, porque não sabem como vamos reagir ou o que somos. Parece absurdo, mas não é. Julian que estuda com Auggie, fazia vários bullyng com ele (Auggie), a todo o momento, na verdade, porque tinha medo. Isso se confirma na reunião com os pais dele e o diretor, quando a mãe disse que Julian tinha pesadelos. Se era para proteger ele, não podemos saber. Mas existe a “liçãozinha” do mestre Yoda, o medo pode gerar a raiva, a raiva pode nos levar ao lado escuro da FORÇA. O lado escuro é o fechamento de uma ideia. É não sair da caverna e não ver o mundo de verdade, diversos de seres humanos diferentes, diversas possibilidades de realidades possíveis. Nos obscurecemos sempre quando desconhecemos algo, quando ficamos isolados, estamos com medo. O medo gera a raiva daquilo que poderemos nos tornar, pode até mesmo, ser superior que nós.

Auggie mostrou ser capaz de ser bom em alguma coisa, que para mim, não há nada de errado. Julian se achava humilhado por ainda carregar o estereotipo do perfeito ser bem-sucedido, o imperfeito é o inferior, o sujeito que não é capaz. Mesmo se não quisermos, temos mais concentração (por causa do nosso costume da cadeira de rodas). Mesmo se não quisermos, temos mais atenção e isso tambem é mostrado, tanto no filme, quanto no livro, sentia a Via, irmã de Auggie. Auggie tirava notas altas. Ter sucesso é ter boa aparência, ter boa aparência, é ter perfeição. Claro que você deve ter boa aparecia, se vestir bem, ter uma aparecia, mais ou menos, agradável. Acontece, que a sociedade confunde em ter boa aparência, com a perfeição. As empresas pedem boa aparência, mas confundem, em ser perfeito. Isso não existe. Isso é padronizar uma aparência e a padronização, sem dúvida, é uma ditadura. A ditadura da perfeição.

O filme e o livro “Wonder”, é uma resposta ao mundo da perfeição. Dos comerciais de margarina. Dos programas de televisão que impõem vários padrões que a sociedade deve ser. Se Palacio escutasse a música da Pitty, Admirável Chip Novo, ela iria ver que tem também a ver. Sendo um mundo governado pela a esquerda, pela a direita, não importa. A padronização estética sempre vai ser um condicionamento humano, dominar os seus desejos, dominar os seus gostos, dominar os seus impulsos. Desde a idade média, já se faziam isso e gostaram. Outra coisa que a escritora coloca, Via encontra um namorado negro, o negro intelectual, amante de violino. Lá nos Estados Unidos, é uma acentuado esse preconceito, mais do que aqui.


Enfim, o filme não foge muito do livro que eu recomendo (não li as continuações). Só vamos mudar isso por meio da educação, mas não a escolar que constrói o ser humano social, mas a educação familiar. Mostra aos mais jovens que o Auggie, mesmo com aquela aparência, ele é um menino como os outros. Um menino que gosta de Star Wars. Um menino que não quer ser exemplo de nada, só quer ter amigos e curtir com os amigos. Desconstrói a ideia do “exemplo de superação” – que os estudanenses já superaram – que é, pelo menos aqui no Brasil, uma ideia predominante. Bom filme, bom entretenimento, boa interpretação dos atores.