sábado, 24 de setembro de 2016

Carência de ideologia








Por Amauri Nolasco Sanches Junior

O mundo moderno ou pós-moderno, ficou muito mais fácil você achar informação e é muito mais fácil dizer o que se pensa. As coisas ficaram muito mais fáceis de se conseguir graças à internet e as políticas liberais que tanto os “esquerdistas” reclamam de desumanizar o ser humano, sendo que se não fosse essa liberdade e essa facilidade da informação, ele não saberia nem o que poderia ser uma esquerda. Claro, que o sistema liberal – pelo menos aqui no Brasil que tudo é distorcido – tem falhas enormes que sabemos muito bem de onde vieram que muitos liberais e anacocapitalistas denunciaram, os conservadores se apropriaram da política liberal. Então, o liberalismo só ficou na esfera econômica e na esfera do livre mercado, não na ordem moral. Daí que vem a crítica da esquerda, enquanto na ordem econômica somos livres de comprar e até, abrir nossa própria empresa, no campo moral devemos ser iguaizinhos o que era na era medieval, pagamos nossos impostos e devemos nos “prostrar” ao soberano. E não é bem assim.

Infelizmente, os conservadores – que sim fizeram a revolução francesa – não entenderam a política liberal como uma liberdade para uma coisa e não liberdade para outras. Isso vieram dos protestantes, uma ordem moral irrestrita que não pode ser abalada, porem podemos sim enriquecer e ter uma economia que nos favoreça num livre mercado. As igrejas evangélicas deixam isso muito claro, pois, além de pregar que seus fiéis, devem ter uma vida mais digna e até montar seu próprio negócio e ganhar seu dinheiro, porque a riqueza não é pecado. Sabemos muito bem o porquê desse interesse todo pelo bem-estar dos fiéis, porque sem meios de prover seu ganho substancial, não haveria meio de dar o tão falado dizimo e só, nada mais como nada menos. Não estão totalmente errados, porém, como diria Maquiavel, os meios justificam os fins; ou seja, não interessa que você tenha ilusões sobre enriquecimento, você tem o dever moral de melhorar de vida. Só que povo usa roupas descentes, usa carro descente, viaja para todo o lugar, mas mora numa casa de aluguel. Assim, se ensina os meios, mas não ensina os fins.

Nesse paradoxo – ideias contrarias num mesmo pensamento ou frase – se pode ver que há um pensamento único (liberalismo) e se fragmenta em dois (liberdade+conservadorismo), e que também confundem as coisas. Ou se tem liberdade e se pode escolher o seu ponto moral, ou se conserva a base social que sempre tivermos, os dois não pode coexistirem. Não se pode colocar o liberalismo (liberdade de escolha) em uma outra filosofia que conserva a moral vigente. Muitos podem até me chamar de radical, mas tradicional eu só gosto de pizza, o resto gosto de pensar livremente e respeitar a liberdade do outro. Nesse meio todo aparecem as ideologias velhas ou novos heróis que nada são do que as velhas frustrações, as velhas maneiras de se ver o mundo, a carência ideológica é imensa hoje em dia. Então nos apegamos a ideias fáceis, ideias magicas de um ponto não magico de se pensar e de agir. O jovem então procura e acha caras que nem são filósofos e nem são picaretas, são intelectuais engajados dentro do que acham importante e se apegam a esses sujeitos, como se fossem “deuses” ou coisa parecida.

É o que acontece com o Olavo de Carvalho que não é um filósofo (pelo menos, não na etimologia da palavra), é apenas um intelectual engajado naquilo que ele acha importante, mas não é em hipótese nenhuma, um filósofo. Não pela sua religiosidade, pois o possível autor o nome “philosophós” que foi Pitágoras, era um místico religioso. Talvez, quando Pitágoras disse ser um filósofo (eímai philosophós), ele diz que era um amigo da sabedoria e sabia que não era a própria sabedoria e então, não era um sábio enquanto tal. Mas aí que mora a questão, pois, você achar que é nem sempre é uma questão de não ser, até é uma questão do ser enquanto ser. O Olavo de Carvalho ser ou não um ídolo, não é nem culpa dele, mas há uma natureza cultural nossa (por razões históricas), em que sempre estamos buscando uma ideologia ou um ser que nos livre da suposta escravidão que nos encontramos. Mas cadê essa escravidão que não vimos? Somos acorrentados de alguma forma?

Não há nenhuma lógica, querer atribuir a nossa vontade a vontade do outro enquanto tal. Porque a vontade é muito subjetivista, embora, eu achar o Olavo muito mais um intelectual do que um filósofo, muito longe de uma visão subjetivista e está muito mais, na esfera da objetividade das próprias ideias dele de certezas e não de dúvidas. Como ele ser católico, como ele defender a filosofia cristã por completo – no sentido da teologia católica e toda a sua patrística e escolástica – essa anti-humanização em defender princípios completamente, em decorrência de teorias da conspiração e tudo mais. Qual família em sã consciência, iria querer dominar o mundo? A questão vai muito além do que o liberalismo, vai além do conservadorismo, vai mais além de tudo isso, vai até o ser enquanto ser (ontologia).


 Talvez as utopias políticas não tenham muito sucesso, porque sempre os seus idealizadores pensam em um modo social e econômico, mas existe o indivíduo e sua vontade. A questão dos ídolos e a questão da vontade como um fenômeno consciente ontológico é existencialista – sou mais da ordem de Kierkegaard, Nietzsche, Heidegger e até um pouco de Sartre – onde o ser existe para criar uma essência que vai culminar em um ser completo e evoluirá a sua alma. E não serão leis morais, não serão as religiões, não serão as ideologias políticas que farão o homem melhor, mas a dignidade humana de fazer sempre o que se quer, ter a liberdade de escolha em todos os sentidos. Então, temos que antes de tudo, perceber a nossa existência e ter o esclarecimento necessário para termos uma sociedade melhor. Porém, sabemos que o modelo utópico de mundo não deu certo, o humano tem que enxergar além disso tudo. Então, o que fazer? Eis uma das muitas perguntas que nunca serão respondidas. 

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Quem lembra que dia 21 é dia de luta PCDs?









Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Quem sabe que no dia 21 de setembro é dia de luta das pessoas com deficiência? Ninguém, pois duas coisas não dão voto para candidatos a qualquer coisa: acessibilidade das pessoas com deficiência (muito poucos se preocupam com a causa verdadeiramente) e educação (no sentido escolar da coisa). Duas coisas me fazem escrever esse texto: uma é que sempre nós, pessoas com algum tipo de deficiência, sempre achamos que o mundo é meio um “playground” onde só existe duas coisas, sexo e banheiro. Sempre as pessoas com deficiência vão perguntar se existe um banheiro próprio, se existe pessoas solteiras (para, talvez, uma só bimbada) e se alguém puxa um assunto “cabeça” ou “política”, fica o chato do grupo. Ficam inventando nomes para apelidar aquele que faz certo, mas se torna errado aqui no Brasil, o chamado “cdf”. Outra coisa, o segundo motivo, é que muito poucos deficientes gostam que o outro conquistem alguma coisa, muito poucos acham importante essa conquista e acham que o outro querem se aproveitar de alguma maneira.

Como digo: o pior pecador é aquele que acha que nunca pecou, o pecador assumido é que é feliz. O dia de luta (não pode ser confundido com o dia do deficiente que é dia 3 de dezembro), é importante para tirar esse paradigma que as pessoas com deficiência não são capazes ou que não se importam com política. Se você come, veste, usa transporte público ou privado, tem que ir ao médico ou hospital (as vezes, se machucamos ou temos alguma coisa mais grave), tem a ver com a política e o dia de luta é totalmente, político. Até arrisco dizer (para ampliar o debate), que o pouco rendimento do Brasil nos jogos Paralímpicos é uma questão política, pois, se você não investe em educação e esporte, não vamos ter mesmo um rendimento próprio dentro do que se espera do Brasil.

Mas o que se espera das pessoas com deficiência? Ao olharmos num modo como a sociedade nos olha, principalmente o empresário que não cumpre a lei de cotas e fala isso na cara de qualquer promotor público e o político que não quer saber mesmo (nem todos, claro), fica claro o fenômeno de sempre nos enfiar para “debaixo do tapete”. Afinal, quem realmente quer ver pessoas que não fazem parte do “padrão” de beleza? Quem quer ter uma pessoa que desagrada uma ideia de harmonia social e estética no mundo numa empresa? Quem quer gastar rios de dinheiro, adaptando a sua empresa para também gastar pagando o funcionário com deficiência? Pois, a ideia do industrial brasileiro ainda é uma ideia no fordismo do século dezenove de enxergar o trabalhador não como alguém que vende seu trabalho, mas, máquinas automáticas que se houver algum defeito, não valem o investimento. Se não houver o trabalhador, não há lucro e nem produção e a ideia brasileira de produção, é uma ideia ainda fragmentada em ser um chefe (no sentido autoritário) e não um líder. Então, se fica com essa ideia de que a empresa é minha e faço o que quiser com ela, que não tem a menor lógica, pois você não fara como quiser nem que queira. Por causa que a empresa é um componente social e isso nada tem a ver com o comunismo marxista, mas tem a ver com a base de qualquer administração pelo mundo. Mas volto nisso num outro texto sobre.

A questão é que existe o capacitismo porque as próprias pessoas com deficiência são capacitistas e agem como tal. Claro, existem pessoas fantásticas que vão atrás daquilo que querem saindo da sua zona de conforto, mas a esmagadora maioria só quer saber das coisas fúteis e nem sabem o que querem. Daí você paga pelo que eles fazem, como médicos que acham que não respondemos perguntas, como pessoas que acham que não somos capazes nem mesmo, de casarmos. Quem nunca ouviu dos pais: “não limpa nem a bunda direito, vai casar! ”? Porque tem pessoas com deficiência que não fazem, não conquistam, não agem, não são nada mais, do que um peso morto dentro da sociedade e não por falta de esclarecimento, por comodidade dele e familiar. Quem não gosta de um deficiente bonzinho?


Para mim fica claro e é muito evidente, que o dia de luta deveria ser muito mais aprofundado e tirado o viés do assistencialismo e do coitadismo e parar de sermos mimados e ressentidos. Um bando de bebezão chorão, achando que os outros tenham obrigações no qual, competem a ele (deficiente), fazer. Assim, dia de luta deveria de ser, dia de luto. 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O que te faz feliz?



uma placa na estrada dizendo "felicidade" e uma flecha apontando pra frente (crédito: Google)









Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Vários filósofos trataram da felicidade, aliás, a própria filosofia nasceu dentro da procura da verdade e felicidade. Na Grécia clássica, a felicidade (eudaimonia) era uma “coisa” que só era dada aos que sabiam como viver em sociedade. Mas Sócrates de Atenas – aquele que disse que sei que nada sei – depois que o Oráculo de Delfos, que era o oráculo ao deus Apollo, disse a ele que era o ser mais sábio de toda Grécia (Hellas); começou a procurar um homem muito mais sábio. Com sua maiêutica – arte de perguntas para obter respostas – ele fazia o “parto” das ideias, já que dizia que fazia como sua mãe que era parteira, e nesse intuito queria achar o homem muito mais inteligente do que ele. Com isso, incomodou muita gente e foi condenado a se suicidar tomando cicuta (veneno mortal). Mas o nome dele ficou para a história e o do seu acusador, esquecido; que mostra que homens inescrupulosos e corruptos não são tão inteligentes e sábios assim, pois, se fossem saberiam que quem é condenado injustamente sempre são lembrados e os acusadores, esquecidos.

Mas, voltamos a felicidade. A verdade assim como a felicidade, estão ligadas uma as outras com afinidade entre conhecer a si mesmo e conhecer ao mundo que o cerca. Verdade vem do latim veritas que quer dizer “realidade”, pois a realidade nem sempre é aquilo que nos cercam e graças ao tempo (o tempo é uma sucessão de contínuos (fatos), que mudam conforme nossas escolhas), vamos modificando a realidade e as verdades não são eternas. No tempo de Sócrates se acreditavam em vários deuses, hoje se acredita em um só Deus que veio dos judeus (Jesus era judeu).  A questão socrática é a mesma da questão da frase délfica: ““Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo. ”, pois tem a ver o que o próprio Jesus (Yeshua) disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. ”. Quando conhecemos a nossa própria natureza não podemos ser felizes? Será que a realidade está no notebook que estou escrevendo esse texto? Na verdade, tudo é uma questão de linguagem e se essa linguagem for bem entendida e esclarece muito mais do que confunde, podemos chegar a uma conclusão satisfatória dentro da nossa vida. Esse texto que estou escrevendo no meu notebook dentro do sistema operacional Windows 10, no Word 2016, é processado dentro de vários códigos que o computador entende. Eu estou vendo as letras, mas por traz disso tudo há um monte de código.

O que você acha que existe por traz dessa realidade? Será que a felicidade está relacionada ao que pensamento ser a verdade? A frase do oráculo é uma frase que diz tudo, se você conhecer a si mesmo, conhecerá os deuses e o universo. O que são esses deuses? Tem uma frase de Tales de Mileto que dizia: “tudo está cheio de deuses” que nós podemos até mesmo, ir mais longe para explicar o que seria “deuses”. Na Grécia Clássica, os deuses olímpicos (porque era no Monte Olimpos que ficava a morada dos deuses e em honra a eles, eram feitos os jogos olímpicos), eram modos de entender a realidade que cercavam os gregos e demos o nome de mito, pois, mitos eram muito mais do que meras crenças. O ser humano sempre acreditou em seres muito mais superiores do que o ser humano é – não é à toa que hoje, os mitos ufológicos positivistas (acreditam em mitos científicos), acreditam que possam haver raças extraterrestres muito mais superiores do que nós – então, inventam teorias como se houvessem esses seres. Talvez sim, por que não? Talvez não, por que sim? O problema somos nós. Sócrates tomou cicuta porque sabia das suas convicções – que existiria vida além dessa – e acreditou na ética de seguir o certo e as leis, mesmo quando não se concorda com elas. Destruímos aquilo que a milhares de anos vem nos acompanhando dentro da sociedade, a convicção daquilo que somos sem deixar de ser realistas, mas as pessoas ainda confundem as coisas.

Uma das coisas que eu acho, particularmente, é que muito poucas pessoas aceitam e sabem o que é a felicidade. Como se diz por aí hoje em dia na filosofia, felicidade não deveria ser usada tão indiscriminadamente ao ponto de sempre achar que somos felizes. A felicidade não é um carro bom na garagem, não é um bom emprego ou qualquer coisa, isso é consequência, ser feliz é viver daquilo que se gosta e aquilo que você é. Sócrates bebeu cicuta não por ele ser um “Caxias” como se diz, ele era aquilo que falava, aquilo que acreditava que a sociedade deveria ser e sabia da ética que era “ethos”. O termo grego, naquele tempo, pelo menos, não era a ética que temos agora, mas era algo muito mais profundo do que acreditar em atos, era ser o próprio ato em si mesmo. A morte para Sócrates não existia, como também, disse que uma vida muito bem examinada era uma vida bem vivida. Examinando tudo que vivemos, enxergamos, ouvimos ou lemos? Não, certamente. Perdemos muito tempo achando que as pessoas devem dar essa felicidade, mas somos felizes daquilo que somos e aquilo que devemos seguir, nossa ética de não fazer com os outros o que não queremos que façam conosco. Os políticos esqueceram disso, todos nós esquecemos.

Ser realista não é se apegar ao material, é sempre se apegar a essência para se consegui o que você mais quer na vida que é o que você mais é. Ser feliz é ser e não ter.


Não esqueçam de curtir o post para ajudar quem precisa, até o dia 21:
 

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Athlos: a transcendência da deficiência.



Paralimpíadas (crédito: Google)





Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Estou no meu território (no meu blog) e então, me sinto mais a vontade de abordar o que penso. Mas primeiro, tenho que pedir para darem uma curtida no meu post do vídeo do Blog do Cadeirante aqui em baixo para eu ganhar a almofada anti-escara para doar a minha noiva. Quem puder, eu agradeço, pois, é apenas uma curtida:

 


Uma coisa positiva está havendo nas Paralimpíadas Rio-16, as pessoas estão vendo a transcendência da deficiência pelo esporte. Se mostra que as pessoas com deficiência não são inúteis assim – mesmo o porquê, as pessoas COM deficiência superaram a marca de medalhas que os atletas SEM deficiência não ganharam – e que há muito mais do que isso. Como disse no meu artigo “Paralimpíadas:vitórias deixam 43 medalhas e supera marca olímpica”, lá no Blasting News, que isto está no livro A Arte da Guerra que diz se conhecemos a si mesmos e conhecemos nosso oponente, não precisamos temer nenhuma batalha. Se conhecemos a si mesmo e não conhecemos o nosso oponente, a cada vitória teremos também uma derrota. Mas se nós não conhecemos nem nosso oponente e nem a nós mesmos, perderemos todas as batalhas. As Paralimpíadas provam que o general filósofo que viveu 500 anos antes de Cristo, Sun Tzu, tinha razão a essa declaração, quando você sabe da sua força e a força do seu oponente, não perderá nenhuma das batalhas.

Athlos era as pessoas que competiam por um prêmio que derivou o termo em latim, athleta, que virou atleta que usamos até hoje. Não acho, sinceramente, que podemos chamar esses atletas de paratletas, porque dará um ar de “superação”. Não, eles não superaram nada. Apenas sabem o limite do seu oponente porque sabem como agem, sua força não estar em superar o outro e sim, canalizar a sua força na forma de ser mais organizada. Ou seja, conhecem a si e ao seu oponente e não tem medo de perder, porque entre a vitória e a derrota, existem diferenças de canalização da força.

A definição é o conatus de Espinosa que cresce a partir daquilo que queremos e eles querem ganhar, ir muito além do que possamos querer. Lembro que quando eu comecei a escrever no Blasting News minhas matérias eram recusadas, mas eu comecei a ler noticia, estudar redação e até mesmo, estudar pontuação e entendi que eu estou dando a notícia, eu tenho que conduzir a leitura. Mas esse querer muito é que motivou sempre a estudar e engajar dentro de coisas importantes na minha vida. Talvez, essa motivação que fez nossos atletas a acharem um ponto forte dentro da sua vontade de crescer e progredir. Então, eles não superaram, mas eles transcenderam as suas deficiências.

O termo deficiência vem do latim “deficiens”, do verbo “deficere” que quer dizer “desertar, revoltar-se, falhar”. Do sufixo “de” o significado “fora”, mais “facere” que quer dizer “fazer, realizar”, então, podemos dizer que deficiência seria falhar ou realizar fora daquilo que se pode fazer. Os ternos ficam estranhos quando você verifica sua origem, como o termo pessoa com deficiência, que ficaria “o indivíduo que falha” ou “personagem que se revolta”. Não ficaria muito mais “pejorativo”? Mas a transcendência acontece quando alguém vai além da deficiência (falhar), pois, transcender vem do latim “transcedere” que quer dizer “subir sobre, cruzar por cima” de “TRANS” (através), mais “SCANDERE” (subir, trepar). Ou seja, transcender a deficiência é estar acima das falhas, estar no rumo das severidades de uma limitação corporal.

O nadador Daniel Dias, por exemplo, faz da sua deficiência algo que pode ser uma impulsão para cada vez mais melhorar seu rendimento. Seu braço e os seus “cotocos” – não há problema nenhum nesse termo – são usados sempre porque houve uma adaptação, eles impulsionam ele a sempre nadar rápido com muito treino, claro. Mas é uma transcendência da deficiência e acima de tudo, a disposição do conatus (vontade além de superar a morte), de sempre querer melhorar, querer sempre achar melhores maneiras de se fazer isso. Por outro lado, sabemos que há uma equivalência (igualdade) das deficiências e um pode imaginar o rendimento do outro, daí se ter uma ideia o quanto o outro é ou não no rendimento. Isso é conhecer a si e ao oponente. Conhecer sua história, conhecer a sua limitação, conhecer o outro como um ser com as mesmas limitações. Então, não há o que temer, pois, tudo que conhecemos não tememos, mas tudo que não tememos, não conhecemos.

Portanto, esse número de medalhas é o número de transcendências da deficiência, da única certeza que temos, que nós existimos.

Transhumanismo: os avanços tecnológicos que podem ajudar as pessoas com deficiência

'Amour': o amor também existe na velhice

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Qual o problema do Paulo Coelho? @paulocoelho





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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Vou escrever agora como filósofo que sou. Há bastante tempo venho lendo algumas críticas sobre o escritor e ensaísta, Paulo Coelho e nem sempre, as pessoas acham argumentos validos para se referir ao escritor. Um dos livros que marcaram minha vida foi “O Alquimista”, onde o pastor de ovelhas quer encontrar um tesouro graças a um livro que leu e saiu ao mundo, visitando lugares e vivendo paixões e desilusões. Mas ao voltar, encontrou o tesouro aonde ele sempre leu os seus livros. A história é bem clara, os maiores “tesouros” que você pode encontrar são aqueles que devem ser examinados e procurados dentro de onde você estar. Quem examinou assim a obra do escritor? Ninguém. Pelo simples fato que as pessoas não sabem analisar por elas mesmas e, por razões conscientes e não conscientes, começam a dizer e analisar a partir de uma outra análise.

Primeiro, devemos ver que existem falácias inúmeras não só do escritor, mas de toda a discussão que acontece de modo virtual. Falácia vem do latim fallere, que quer dizer algo expressado como um raciocínio errado que tem uma aparência de raciocínio verdadeiro. Por exemplo, o cachorro mia, pois, sabemos muito bem que cachorros não miam, mas latem. A validade é que se sabe, por modo empírico, que o cachorro não pode miar por ver que cachorro não podem miar porque vimos o cachorro latir. Mas vamos imaginar que quem disse jura que viu um cachorro miar, podemos ser céticos quanto a isso, ou acharmos que a pessoa esteja imaginando coisas, mas não podemos comprovar tal fato. Mas chama-la de louca não é o melhor remédio para temos razão numa discussão, isso se chama ad hominem, ou seja, a discussão sai do âmbito da ideia e passa no âmbito pessoal. Acho que no caso aqui, seja a falácia de “apelo à autoridade” que, por razões obvias, sempre colocam um pensador para refutar o escritor Paulo Coelho.

Algumas pessoas dizem que o escritor não escreve bem e não pode ser chamado de escritor, só por causa disso. Ora, quem escreve bem nossa língua portuguesa num modo bem definido e de coerção no nosso país ultimamente? Quem sabe a regra sintática e léxica de nossa língua de cor de salteado? Quem realmente sabe de forma sistemática e valida, as novas regras da nossa língua? Muito poucos. Pelo que se lê nas redes sociais, quase ninguém escreve nossa língua tão bem para fazer tal análise e nem analisar tão superficialmente, os livros. Por outro lado, de uma maneira bastante lógica, em todos os tempos existiram escritores que inventaram palavras, disseram o que quiseram, e ninguém diz que não escrevem muito bem. Para mim é um argumento não valido.

Depois, disseram que o escritor Paulo Coelho fez plagio de várias obras. Existem várias perguntas que podemos duvidar dessa afirmação; como e qual obra foi plagiada? Quem poderia ler e analisar todos os livros do mundo, ou como dizem ser obras orientais, para analisar se foi ou não plagio? Se foi plágio, por que a editora não alertou o escritor e publicou o livro? Isso, mais uma vez, é uma prova que a escola do nosso país está muito ruim. Primeiro, falta interpretação e entendimento do texto. Segundo, falta uma análise lógica por si mesmo (não invocar “apelo à autoridade”) se houve ou não, plágio segundo o entendimento do texto. Terceiro, saber todas as regras gramaticais, saber todas as regras sintáticas e também saber, cada uma das palavras usadas na obra original. Usar as ideias de uma obra, não quer dizer plágio, pois, ter ideias originais dentro da literatura mundial, hoje em dia, é muito raro. Uma prova disso é a história dos 300 espartanos no livro História de Hesíodo, muitas obras a partir desse relato foram produzidas, mas nenhuma foi plágio. Plágio, assim como spam, foi muito incompreendido ao longo dos anos e as pessoas usam indiscriminadamente essa definição para ter argumento, mas não passa de um erro, além claro, de uma autoridade que não existe. Não podemos, por exemplo, que a adaptação de uma novela de uma obra clássica (como A Megera Indomável” de Shakespeare), não leve o nome do escritor que adaptou só por causa, que é de Shakespeare. Adaptação não é plágio.

Será que a literatura de Paulo Coelho é autoajuda? A definição de autoajuda é um tipo de literatura que dá uma solução para a vitória de todas as áreas da nossa vida. Muitas pessoas colocaram a obra do autor como uma literatura de autoajuda, mas como eu li várias obras do Paulo Coelho devo dizer que não concordo. Primeiro, essa definição da autoajuda dos professores de filosofia – para mim tem uma sutil diferença entre professor de filosofia e filósofo, propriamente dito – são definições niilistas no termo de Nietzsche. O niilismo para Nietzsche são pessoas que não acreditam na vida e são ressentidas, achando que a vida não tem sentido e o sentido está além daquilo que criticam. Na verdade, o sentimento mais que essencial da vida não são complexos e sim práticos, então, Aristóteles tinha razão a 2500 anos atrás. Quando compramos um quilo de feijão podemos analisar as obras de ideologia econômica? Quando as pessoas estão em uma depressão elas saem disso lendo obras de Pascal à Espinosa? Quando você perde um grande amor, você lê Platão ou Nietzsche? Talvez, sim. Mas a grande maioria não tem escolaridade o bastante para tão grande empreitada filosófica, e como um hipocondríaco (que tem mania de doença), pode acreditar estar doente de verdade e ser receitado um placebo; a autoajuda é um placebo para a alma atormentada.

No caso da famosa citação do O Alquimista (se não me engano), “Quando você quer alguma coisa, todo o universo conspira para que você realize o seu desejo. ”, não é de autoajuda e sim, uma frase poética. Pode ser que aconteça e pode ser que não aconteça, mas que há várias situações que podem facilitar aquilo que se quer conseguir. A vida, num modo prático, costuma ser uma sucessão de momentos (ou fatos?), que fazem serem realizáveis ou não realizáveis. Existe o sujeito que é “você” e tem a iniciativa de realizar um ato de “querer” e o objeto “algo”, e isso, de uma maneira bem didática, é o sujeito da frase e uma fenomenologia daquilo que a consciência tem como objeto. Indo muito mais a fundo, existe um sujeito que estar querendo algo e tem uma ação para ser feita a partir do querer esse algo, a implicância é com a continuação da frase “todo o universo conspira para que você realize seu desejo”. Ora, existe aí duas frases que expressam uma mesma ideia. Uma é: “Quando você quer algo”, como se houvesse um despertar da consciência (quando), de algo (objeto) que está dentro do que você (sujeito) sente querer. Na segunda o “todo universo conspira para que você realize o que você quer”, traz uma constatação da primeira, que você quer algo, e assim, o universo todo conspirará para você conseguir esse algo.

Filosoficamente e linguisticamente, o verbo “conspirar” seria errado na frase que o “todo universo” poderia conspirar a favor. O significado de conspirar é tramar e não é errado, pois, tramar pode ser para ser a favor (pode ser uma causa), ou contra (pode ser uma ideologia fanática). Mas que existem dois sujeitos: você querer algo, o todo universo que conspira ao seu favor. Sendo um direito, a arte poética é uma arte para poucos.

Isso lembra duas coisas muito importantes, a teoria da evolução e a frase délfica que foi a base da filosofia socrática.

Há uma crença muito enraizada dentro da Teoria da Evolução que é o mais forte vence e perpetua seus genes e nisso está o erro, não é o mais forte que vence e sim, o mais apto. Apto que dizer adequado, ou seja, adequado é aquele que se adequa a algo ou ao ambiente, assim, ser apto não é ser forte e sim, se adequar. Mas você não se adequa só no conceito biológico e sim, espiritual (moral e ético), no conceito de se adequar e adaptar ao ambiente onde vive. Os dinossauros, por exemplo, não se adaptaram ao novo ambiente, quando o grande asteroide se chocou e extinguiu uma boa parte dos animais, os dinossauros estavam em declínio por falta de comida. O que levou isso? A falta da consciência. A consciência que faz o ser humano se adequar ao ambiente, mas essa consciência não esteve com o ser humano sempre, ele foi adquirindo ao longo da evolução. Mas como? Conhecendo os limites entre a si mesmo e o ambiente. Conhecendo a capacidade psicológicas – isso inclui a parte moral e mental de análise do ambiente – o ser humano adquiriu a consciência e como adaptar o ambiente ao seu favor. Mas essa consciência é um conhecimento de si mesmo, ou seja, um conhecer a si mesmo que causou a certeza da existência do eu. Assim, vencendo e sendo apto na cadeia evolutiva.

Essa vitória dentro da fauna terrestre não foi uma construção mental e moral? Será que o homem que inventou a roda fez teorias complexas ou apenas observou os objetos redondos que poderiam rolar facilmente? Aí que mora o perigo, não se deveria confundir questionar com ideias complexas, pois muito provavelmente, o homem que inventou a roda questionou qual a melhor maneira de carregar algo, os homens que inventaram a lança e o arco e flecha, também questionaram qual a maneira de caçar ou guerrear. Isso é se conhecer e saber que a única certeza que temos é a nossa própria existência, sempre adequando a consciência (mente e moral), para conseguir aquilo que queremos. A frase délfica é apenas isso, conhecer a si mesmo e conhecera o universo e os deuses, isso é o mandamento filosófico e espiritual mais importante da história do pensamento. Conhecer a si mesmo é estar bem consigo mesmo, é saber deixar a realidade passar entre os momentos da vida e assim, elevaremos aonde estão os “deuses”. Tales de Mileto não disse que tudo está cheio de deuses? Esses “deuses” pode ser entidades espirituais – como filósofo não descarto nada – mas pode significar para o mundo grego o princípio (arché), onde o símbolo maior é a água.

Na verdade, talvez não percebemos, mas tudo tem os quatros elementos. Toda a realidade é feita dos quatro elementos primordiais (terra, fogo, agua e ar), isso as filosofias orientais sabem a milênios. Então, qual é a autoajuda aqui? Qual seria o pensamento filosófico e racional? O que chamam de “crenças” nada mais são do que uma maneira materialista de achar que não existe nada além do que vimos, mas sabemos que talvez tenham várias realidades. Mas o que é realidade? O que é sonho?

Portanto, o escritor Paulo Coelho é um literário como Proust, como Kafka, como muitos outros que ficaram na história e que enriqueceram a humanidade com o simples conhecimento. 



sábado, 10 de setembro de 2016

Campanha da Almofada





Pessoal, tudo bem com vocês? Estou numa campanha de arrecadação de curtidas para o meu comentário do vídeo sobre escara (ulcera de pressão) que fiz para ganhar a almofada própria para evita-la. Mas a almofada não será para mim e sim, para minha noiva, pois ela tem muito mais possibilidade de desenvolver escaras do que eu. Ela está com vários deslocamentos que impossibilitam a “subidinha” para evitar tal “ferida”. Eu peço só a sua curtida no meu comentário. 

Muito obrigado

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

As Paralimpíadas e a mídia: assistencialismo a vista

 



“”se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas...””
Sun Tzu

Quando escrevi sobre a atitude da Vogue – uma revista que por mim é fútil e não acrescenta nada – em ao invés de chamar atletas com deficiência (acho o paratleta algo excludente), chamou dois atores globais para fazerem fotos “photoshopadas” sem um braço (no caso da Cleo Pires) ou sem a perna (no caso do Paulo Vilhena); já mostra uma atitude de extrema exclusão social. Além de extremo erro achar necessário colocar os dois como padrinhos da Paralimpíadas.

Depois escrevi outro texto sobre a Paralimpíadas, pois escrevo no portal Blasting News, Paralimpíadas: movimentos e organizações criticamas entidades que querem a tocha (quem quiser ler o texto, o nome está liinkado no próprio nome), vi que o problema que a mídia tem é o que a nossa sociedade mais tem, o assistencialismo. Prova que isso ainda acontece é que a tocha, pelo menos aqui em São Paulo, teve que passar na frente das entidades assistencialistas. Por que necessariamente, a tocha teria que ir em entidades que fazem apenas o trabalho clinico?  Não é nenhuma novidade, pelo menos para quem acompanha meus blogs, a AACD, por exemplo, faz muito mal o seu trabalho. Eu acho que a AACD não teria nem o merecimento de carregar a sua bandeira dentro da passagem da tocha, porque todo mundo sabe – só quem fecha os olhos são os bajuladores que querem sempre alguma “vantagem” – a visão da entidade que as pessoas com deficiência deveriam ficar trancafiadas em entidades beneficentes e não sair na rua. Não me convenceu eles trocarem de nome, não me convenceu eles trocarem a posição. Minha noiva e muitos tiveram um tratamento de “porco” porque eram pobres, seus pais eram simples, e estão cada vez piorando.

Então, não me venham achar que a talzinha tem que estar dentro da Paralimpíadas do Rio-16, que vocês não me convencem. Mesmo o porquê, por razões de causa própria, eu tive várias experiências muito desagradáveis dentro da AACD. Como aos 6 ou 7 anos o dentista querer me amarrar por causa do meu choro de medo (que claro, minha mãe não deixou), o motorista que me enchia o saco ao me levar na escola porque era fora de mão, exploraram meu serviço em uma oficina abrigada de trabalho na unidade da Moóca além de, a gente não poder nem conversar. Fora que aos 12 anos de idade fui desligado, fora que fizeram minha cirurgia errada e me encheram de cicatrizes (para depois me deligarem de seus serviços que meu pai pagou todos). Essa entidade assistencialista tem mesmo o direito de estar numa passagem da tocha paralimpíca?

Umas das lições que a minha falecida mãe dizia – que seu espirito esteja em um momento evolutivo bom – nunca faça a “cagada” de ter o Junior (no caso eu) de opositor, porque vocês se arrependem. Mas as pessoas ainda não entenderam ou não querem entender, custam muito achar que são os maiorais, mas não passam de pequenos seres que vão passar e ninguém nem vai ouvi falar deles. Vai acontecer com atores globais, vai acontecer com secretários da pasta da deficiência, vai acontecer com a prefeitura do Sr Haddad, vai acontecer com os diretores da AACD. Mas o assistencialismo sempre fica e sempre vai ficar enraizado dentro da nossa cultura tupiniquim e sempre a mídia não vai passar as Paralimpíadas, sempre o esporte com pessoas com deficiência vai ser notícia pequena lá no fundinho dos jornais. A inclusão que temos no Brasil é uma inclusão de “sanitário”, onde você faz o que tem que fazer, lava as mãos e depois sai.

Na verdade, a única certeza que me fez essa passagem da tocha paralimpíca é de não reeleger o sr prefeito, não reeleger por causa de ideologização da política, mas a incompetência inoperante nos assuntos da pessoa com deficiência. Primeiro, fez do Conselho Municipal das Pessoas com deficiência palco de propaganda política (não fez um terço do que prometeu, aliás. Só tirou a visita residencial e a entrega de remédio em casa), colocou um gerente e um superintendente no serviço ATENDE que não dialoga com seus usuários, não sabem fazer seus serviços direito e estranhamente, no dia de F1 ou dia de Teleton, não podemos usar a parte de eventos. No dia 4 de setembro foi um desses dias. Colocou uma secretaria medica (obstetra, vê só), colocou o primeiro vice-secretário ligado ao partido (PT), depois colocou o filho do Roberto Carlos. Quando era Ministro da Educação cedeu à pressão das entidades assistencialistas e não acabou com as classes especiais, não somou, não fez nada pelas pessoas com deficiência (não só ele, claro). Por que raios eu tenho que reeleger um prefeito que colocou a questão da deficiência no patamar de último plano? Além que, seus partidários adoram fazer assistencialismo ao invés de exigir o cumprimento da lei de cotas.

Até quando vamos querer uma inclusão de Sanitário?


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