quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Quem lembra que dia 21 é dia de luta PCDs?









Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Quem sabe que no dia 21 de setembro é dia de luta das pessoas com deficiência? Ninguém, pois duas coisas não dão voto para candidatos a qualquer coisa: acessibilidade das pessoas com deficiência (muito poucos se preocupam com a causa verdadeiramente) e educação (no sentido escolar da coisa). Duas coisas me fazem escrever esse texto: uma é que sempre nós, pessoas com algum tipo de deficiência, sempre achamos que o mundo é meio um “playground” onde só existe duas coisas, sexo e banheiro. Sempre as pessoas com deficiência vão perguntar se existe um banheiro próprio, se existe pessoas solteiras (para, talvez, uma só bimbada) e se alguém puxa um assunto “cabeça” ou “política”, fica o chato do grupo. Ficam inventando nomes para apelidar aquele que faz certo, mas se torna errado aqui no Brasil, o chamado “cdf”. Outra coisa, o segundo motivo, é que muito poucos deficientes gostam que o outro conquistem alguma coisa, muito poucos acham importante essa conquista e acham que o outro querem se aproveitar de alguma maneira.

Como digo: o pior pecador é aquele que acha que nunca pecou, o pecador assumido é que é feliz. O dia de luta (não pode ser confundido com o dia do deficiente que é dia 3 de dezembro), é importante para tirar esse paradigma que as pessoas com deficiência não são capazes ou que não se importam com política. Se você come, veste, usa transporte público ou privado, tem que ir ao médico ou hospital (as vezes, se machucamos ou temos alguma coisa mais grave), tem a ver com a política e o dia de luta é totalmente, político. Até arrisco dizer (para ampliar o debate), que o pouco rendimento do Brasil nos jogos Paralímpicos é uma questão política, pois, se você não investe em educação e esporte, não vamos ter mesmo um rendimento próprio dentro do que se espera do Brasil.

Mas o que se espera das pessoas com deficiência? Ao olharmos num modo como a sociedade nos olha, principalmente o empresário que não cumpre a lei de cotas e fala isso na cara de qualquer promotor público e o político que não quer saber mesmo (nem todos, claro), fica claro o fenômeno de sempre nos enfiar para “debaixo do tapete”. Afinal, quem realmente quer ver pessoas que não fazem parte do “padrão” de beleza? Quem quer ter uma pessoa que desagrada uma ideia de harmonia social e estética no mundo numa empresa? Quem quer gastar rios de dinheiro, adaptando a sua empresa para também gastar pagando o funcionário com deficiência? Pois, a ideia do industrial brasileiro ainda é uma ideia no fordismo do século dezenove de enxergar o trabalhador não como alguém que vende seu trabalho, mas, máquinas automáticas que se houver algum defeito, não valem o investimento. Se não houver o trabalhador, não há lucro e nem produção e a ideia brasileira de produção, é uma ideia ainda fragmentada em ser um chefe (no sentido autoritário) e não um líder. Então, se fica com essa ideia de que a empresa é minha e faço o que quiser com ela, que não tem a menor lógica, pois você não fara como quiser nem que queira. Por causa que a empresa é um componente social e isso nada tem a ver com o comunismo marxista, mas tem a ver com a base de qualquer administração pelo mundo. Mas volto nisso num outro texto sobre.

A questão é que existe o capacitismo porque as próprias pessoas com deficiência são capacitistas e agem como tal. Claro, existem pessoas fantásticas que vão atrás daquilo que querem saindo da sua zona de conforto, mas a esmagadora maioria só quer saber das coisas fúteis e nem sabem o que querem. Daí você paga pelo que eles fazem, como médicos que acham que não respondemos perguntas, como pessoas que acham que não somos capazes nem mesmo, de casarmos. Quem nunca ouviu dos pais: “não limpa nem a bunda direito, vai casar! ”? Porque tem pessoas com deficiência que não fazem, não conquistam, não agem, não são nada mais, do que um peso morto dentro da sociedade e não por falta de esclarecimento, por comodidade dele e familiar. Quem não gosta de um deficiente bonzinho?


Para mim fica claro e é muito evidente, que o dia de luta deveria ser muito mais aprofundado e tirado o viés do assistencialismo e do coitadismo e parar de sermos mimados e ressentidos. Um bando de bebezão chorão, achando que os outros tenham obrigações no qual, competem a ele (deficiente), fazer. Assim, dia de luta deveria de ser, dia de luto. 

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