Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
Quem sabe que no dia 21 de setembro é dia de luta das
pessoas com deficiência? Ninguém, pois duas coisas não dão voto para candidatos
a qualquer coisa: acessibilidade das pessoas com deficiência (muito poucos se
preocupam com a causa verdadeiramente) e educação (no sentido escolar da
coisa). Duas coisas me fazem escrever esse texto: uma é que sempre nós, pessoas
com algum tipo de deficiência, sempre achamos que o mundo é meio um
“playground” onde só existe duas coisas, sexo e banheiro. Sempre as pessoas com
deficiência vão perguntar se existe um banheiro próprio, se existe pessoas solteiras
(para, talvez, uma só bimbada) e se alguém puxa um assunto “cabeça” ou
“política”, fica o chato do grupo. Ficam inventando nomes para apelidar aquele
que faz certo, mas se torna errado aqui no Brasil, o chamado “cdf”. Outra
coisa, o segundo motivo, é que muito poucos deficientes gostam que o outro
conquistem alguma coisa, muito poucos acham importante essa conquista e acham
que o outro querem se aproveitar de alguma maneira.
Como digo: o pior pecador é aquele que acha que nunca pecou,
o pecador assumido é que é feliz. O dia de luta (não pode ser confundido com o
dia do deficiente que é dia 3 de dezembro), é importante para tirar esse
paradigma que as pessoas com deficiência não são capazes ou que não se importam
com política. Se você come, veste, usa transporte público ou privado, tem que
ir ao médico ou hospital (as vezes, se machucamos ou temos alguma coisa mais
grave), tem a ver com a política e o dia de luta é totalmente, político. Até
arrisco dizer (para ampliar o debate), que o pouco rendimento do Brasil nos
jogos Paralímpicos é uma questão política, pois, se você não investe em
educação e esporte, não vamos ter mesmo um rendimento próprio dentro do que se
espera do Brasil.
Mas o que se espera das pessoas com deficiência? Ao olharmos
num modo como a sociedade nos olha, principalmente o empresário que não cumpre
a lei de cotas e fala isso na cara de qualquer promotor público e o político
que não quer saber mesmo (nem todos, claro), fica claro o fenômeno de sempre
nos enfiar para “debaixo do tapete”. Afinal, quem realmente quer ver pessoas
que não fazem parte do “padrão” de beleza? Quem quer ter uma pessoa que
desagrada uma ideia de harmonia social e estética no mundo numa empresa? Quem
quer gastar rios de dinheiro, adaptando a sua empresa para também gastar
pagando o funcionário com deficiência? Pois, a ideia do industrial brasileiro
ainda é uma ideia no fordismo do século dezenove de enxergar o trabalhador não
como alguém que vende seu trabalho, mas, máquinas automáticas que se houver
algum defeito, não valem o investimento. Se não houver o trabalhador, não há
lucro e nem produção e a ideia brasileira de produção, é uma ideia ainda
fragmentada em ser um chefe (no sentido autoritário) e não um líder. Então, se
fica com essa ideia de que a empresa é minha e faço o que quiser com ela, que
não tem a menor lógica, pois você não fara como quiser nem que queira. Por
causa que a empresa é um componente social e isso nada tem a ver com o
comunismo marxista, mas tem a ver com a base de qualquer administração pelo
mundo. Mas volto nisso num outro texto sobre.
A questão é que existe o capacitismo porque as próprias
pessoas com deficiência são capacitistas e agem como tal. Claro, existem
pessoas fantásticas que vão atrás daquilo que querem saindo da sua zona de conforto,
mas a esmagadora maioria só quer saber das coisas fúteis e nem sabem o que
querem. Daí você paga pelo que eles fazem, como médicos que acham que não
respondemos perguntas, como pessoas que acham que não somos capazes nem mesmo,
de casarmos. Quem nunca ouviu dos pais: “não limpa nem a bunda direito, vai
casar! ”? Porque tem pessoas com deficiência que não fazem, não conquistam, não
agem, não são nada mais, do que um peso morto dentro da sociedade e não por
falta de esclarecimento, por comodidade dele e familiar. Quem não gosta de um
deficiente bonzinho?
Para mim fica claro e é muito evidente, que o dia de luta
deveria ser muito mais aprofundado e tirado o viés do assistencialismo e do
coitadismo e parar de sermos mimados e ressentidos. Um bando de bebezão chorão,
achando que os outros tenham obrigações no qual, competem a ele (deficiente),
fazer. Assim, dia de luta deveria de ser, dia de luto.
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