sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Escrever cadeirante ou pessoa com cadeira?



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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Sempre achamos que temos o direito de inventar termos para esconder traumas e frustrações de si para amenizar aquilo que só incomoda você mesmo. O que incomoda você mesmo? O fato de não ser o que você espera que seja que você deveria ser, que de fato, você não é e não vai mudar o fato se chamando de pessoa com deficiência ao invés de deficiente. O fato que você adquirir a sua deficiência, ou mais ainda, nascer com a deficiência, não muda o fato de você ser um deficiente e ponto. Isso é acometido porque as pessoas são tão acomodadas que não estudam as etimologias das palavras, sua origem e o porquê é usado tais palavras. Por outro lado, muitas pessoas ficam preocupadas com termos que esquecem das importantes medidas de inclusão, medidas esta não respeitadas ainda na nossa nação e deveriam ser muito mais priorizadas.

A grosso modo, vamos pegar termos que nós (pessoas normais e que não temos traumas nenhum), temos que escrever para não irritar o “segmento”, como se fossemos unidos assim. Quando escrevemos “pessoas com deficiência”, para substituir “deficiente”, não basta achar que isso vai tirar o estereotipo da deficiência além da pessoa. Bom, se pegarmos o termo “pessoa” vamos ver que etimologicamente, pessoa é um termo que foi construído do termo latim “persona” que eram mascaras romanas que eram trocadas conforme o personagem encenado (na maioria, eram apenas 3 atores e homens). Desse termo, além de pessoa, foi construído personagem e personalidade, ou seja, personagem é aquilo que se encena ou se lê num livro, que faz o enredo de uma história. Existe o personagem histórico (que existiu verdadeiramente) e o personagem de ficção (que não existiu de verdade). Personalidade, é o que você é realmente, é o que somos e construirmos ao longo da nossa história social. Então, pessoa tem dois lados no escopo social: personagem enquanto um ser que está inserido na história humana, assim, um ser que existe e é atuante (mesmo que nós não fomos inseridos no livro de história); e ao mesmo tempo, temos nossa personalidade enquanto ser individual e que construiu toda uma história dentro da sociedade. Ora, se o “inteligentinho” com deficiência acha que isso vai mudar o fato das pessoas se conscientizar pela inclusão, vai se frustrar muito com isso, porque vão continuar sentando no banco preferencial, vão sempre achar que tem direito de parar na vaga preferencial, entre outras coisas.

Continuando, vamos analisar o termo “deficiência”, onde há certas confusões. Deficiência vem do latim “deficiens”, esse termo veio do verbo “deficiere” que quer dizer “desertar, revoltar-se, falhar”, de “DE” (fora) com “FACERE” (fazer, realizar). A grosso modo é um movimento que NÃO realiza, porque o “DE” nesse caso é um termo de negação e nesse caso específico, ele está negando a realização de uma função. Mas da mesma família veio também “deficiente” que é um ser falho, um ser que não tem as faculdades de suas funções normais daquilo que se padronizou como o que seria uma função normal. Não estou dizendo que é certo, mas estou dizendo que tem a mesma função etimológica. Portanto, tanto deficiente como pessoa com deficiência, são personalidades que não tem suas funções normalizadas, falham em suas funções. Mas isso não quer dizer, que fique bem claro, que não somos seres humanos em nossa totalidade humana entre corpo e alma. Eu só demostrei que é a mesmíssima coisa, que temos que assumir as nossas falhas e adaptarmos da melhor maneira possível a vida.

Mas também, pessoa com deficiência tem uma estética muito mais universalista, porque separa o sujeito do predicado, então, você consegue só complementar o predicado. Como: pessoa com deficiência física, pessoa com deficiência mental, pessoa com deficiência sensorial e por aí vai. Só que é muito chato você ficar se policiando para escrever pessoa com deficiência ao invés de deficiente – que é muito melhor esteticamente – porque os “politicamente corretos” assim querem que nós façamos, que na essência, quer dizer a mesma coisa. Um ser que é um personagem histórico e é uma personalidade social, que na sua totalidade, é uma pessoa e vive e é tudo que uma sociedade faz de qualquer pessoa. Não se pensa e não pode se pensar, que só porque ele é falho em algumas funções, que ele não tem desejos, não tem sentimentos, não tem preferência, não tem sua própria opinião (é uma falácia que o deficiente não tem opinião, ele tem, mas é bunda mole muitas vezes), não tem beleza e qualidade, tem até pessoas, que acham que não temos diploma.

Tudo que escrevi – que não foi pouco – foi para demonstrar que para se formar um termo, tem que se estudar a forma estética, tem que estudar a linguística, tem que se estudar até a etimologia de uma palavra. Não basta achar que vai criar linguagens e sintaxes novas, uma sintaxe nova é muito difícil para ser feita e refeita. Como por exemplo, você colocar a preposição “COM” no meio de um termo desses, que por bizarrice, dará a colocação muito mais destacada da deficiência do que se somos chamados de deficientes. Pessoas são personalidades, deficiências são falhas, logo, personalidades com falhas. Entendeu agora? Entendeu como é muito mais humano chamar uma pessoa de deficiente como outros países fazem? Conseguiram enxergar que as pessoas não querem proteções conceptuais furadas?

Quando chamamos um cadeirante de cadeirante – aqui não interessa quem inventou o termo – nós já especificamos que são pessoas que necessitam de cadeira de rodas. Agora, quando começamos a inventar muito, os termos se perdem e começamos a errar a sintaxe, a terminologia, a estética e a etimologia. Ao invés de dizemos cadeirante, agora, inventaram um tal de “pessoa com cadeira”, para dizerem que são contra o termo “cadeirante”. Bom, você diz assim: “existem necessidade de se construir rampas para os cadeirantes”, ótimo, você estará especificando uma ala dos deficientes que precisam de uma rampa para subir. Ou eu digo que sou um cadeirante, que me dará um certo destaque a minha deficiência especifica que precisa de uma cadeira de rodas. Tanto pessoa, quanto cadeira de rodas, já estará contido no cadeirante e não pode ser separado por ficar esteticamente, difícil de pronunciar e num tato esquisito. Porque deixa um vácuo, digamos, muito estranho, como pessoa com cadeira. Podemos perguntar: que cadeira? Pois deficiência tem uma característica particular, mas cadeira é muito universal e não é especifico. Quem incentiva esse tipo de mudança, porque deficiente não faz esse tipo de coisa sozinho porque não se preocupa com nada, na maioria das vezes, ou é péssimo em português ou simplesmente, tem sérios problemas neurológicos e eu tenho medo dessas pessoas.


Mas voltando a pergunta “que cadeira? ”, podemos afirmar que não existe nada que me leve a pensar que a cadeira é algo especifico como cadeira de rodas. Não há harmonia estética no termo. Você pode escrever pessoa com deficiência muito facilmente, mas você nunca poderá escrever pessoa com cadeira sem ter uma desarmonia estética que por um lado, não existe uma simplificação do termo, não existe uma complementação e outra coisa, haja saco você ficar escrevendo “pessoa com cadeira de rodas”. Agora, há sim prioridade como acessibilidade, como a adaptação de transporte, existe também, que a leis sejam cumpridas. Eu sou cadeirante deficiente, isso não resta dúvida nenhuma. 


Quem tiver coragem de ler mais sobre o assunto, comprem o livro: Clube das Rodas de Aço lá no Clube de Autores (aqui

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

A era da opinião (doxa)





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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Vendo grupos de Facebook e nas redes sociais, há inúmeros jeitos de dar uma opinião, pois, agora todos deram para dar a sua opinião. Não teria problema nenhum em dar a sua opinião sobre o assunto, mesmo o porquê, estamos num pais democrático. O problema é você dar a opinião sem saber e sem ler daquilo que deram a opinião, não saber nem sequer daquilo que se está criticando, que fica com certeza, uma crítica vazia e pobre. Você criticar o marxismo sem ao menos conhecer a teoria do filosofo Karl Marx, ou criticar o liberalismo sem conhecer a teoria de John Locke, ou Adam Smith, ou até mesmo, Stuart Mill, fica uma coisa vazia e a discussão fica um pouco sem rumo e sem um “porquê” daquilo acontecer. Não vejo utilidade nenhuma ficar numa discussão que o povo fica ou chamando que defende a esquerda de “PETRALHA”, ou quem fica chamando quem defende a direita de “COXINHA”. Fica desinteressante aí eu parto para ironia e a palhaçada mesmo.

Na verdade, quem me chamou atenção a esse aspecto foi o professor Leandro Karnal em uma das palestras que existem no youtube. Estamos numa era que todo mundo tem uma opinião e todos não chegam a lugar nenhum, ninguém quer saber de pesquisar, ninguém quer saber de ler e conhecer.  Ora, pesquisar e ler alguma obra não quer dizer que estaremos concordando com aquilo, gostar de ler um filosofo, não é obrigatoriamente, ter um compromisso com este filosofo. Eu li livros e gosto do filosofo alemão Nietzsche, mas tem alguns aspectos que eu não concordo com ele e não tenho qualquer compromisso com sua filosofia. Eu li o Manifesto Comunista inteirinho e não sou a favor do comunismo – embora alguns aspectos da filosofia marxista, eu reconheço que existam sim e até concordo – assim como outros pensadores e outras doutrinas que li e não sou adepto a suas doutrinas.

Mas uma outra coisa me veio à mente lendo e observando o Facebook e seus grupos e pensei: o que Platão diria nessa troca de opinião hoje? Ora, para o platonismo a opinião não era mera percepção do que se “acha” ser a verdade, para Platão, o “doxa” (opinião em grego), era o conhecimento que se tinha daquele assunto. Daí chegamos a dialética platônica. Ou seja, a verdadeira dialética (diálogos) são diálogos para se chegar ao conhecimento e não dar uma mera opinião, pois, esse conhecimento tem que virar sabedoria. Como sabedoria? A sabedoria é a saída do homem a sua caverna onde está inserida toda a realidade aparente – muitas escolas orientais também pregam isso e tudo que se sabe se diz, dentro de uma tradição muito mais exotérica, veio de Hermes Trismegisto ou, o três vezes grande -  que são meras sombras de uma outra realidade que está num outro plano do “fogo”. Isso será retomado com o filosofo Hegel (a dialética) e chegou a mesma conclusão de Platão, que para confrontar uma outra ideia (antítese), temos que encontrar dentro de nós o conhecimento (tese).

Ora, se para Platão a “doxa” era o meio para se chegar a sabedoria, então, Platão diria que o que está acontecendo é inverso, não estamos chegando a sabedoria, mas estamos presos a sabedoria do outro. Ficamos atrelados apenas – falando da dialética hegeliana – na antítese (o outro pensamento) sem formar uma tese (nosso próprio pensamento), não porque não podemos chegar a está sabedoria, mas por pura acomodação. Na verdade, não querem sair da zona de conforto em estudar aquilo que se quer refutar e sim, querem apenas colocar nas suas opiniões, suas frutracoes e não as suas reais ideias. Sim, para Platão, junto com a “doxa” se precisa ter a “idea” e formar um conhecimento. E para chegar a “idea” temos que colocar o “porquê”, ou seja, encontrar um motivo para acontecer isso, o conhecido causa e efeito. Por que o professor Karnal comparou o juiz Moro ao Collor? Por que ainda não se prendeu os envolvidos na lava jato do PSDB? Por que o presidente de Cuba, iria declarar guerra ao Brasil? Qual a fonte de todas essas “perolas” que se espalham na internet?

Isso pode ser estendido dentro da religião também, porque ao que parece, há em muitos ensinamentos estão contra o que até estão no evangelho de Jesus. Jesus não disse que devemos primeiro se entregar ao divino e depois tudo lhe será dado? Jesus não disse que as ditas igrejas são lugares sagrados e não são comercio? Jesus não disse que quem não tem pecado que atire a primeira pedra? Jesus não disse tirar primeiro a nossa trave do olho para tirar do outro? Então, por que tem pessoas que dão valor as coisas materiais?  E o que é pior, ora para Deus para conseguir algo que ele deveria mudar sua linha mental para conseguir isso. Por que existem pessoas que vendem bugigangas religiosas dentro das igrejas? Por que existem pessoas que julgam o outro sem pesquisar porque ele agiu daquele jeito? Por que ainda se alimenta tanto rancor? Tudo tem uma causa e dessa causa surte o efeito, porque o efeito sempre vai ser aquilo que é derivado da causa que derivamos. Jesus mesmo disse que com ferro fere, com ferro será ferido, ou seja, aquilo que fazemos sempre encontra um fim daquilo que começamos. Se julgamos, somos julgados. Se ferimos ou magoamos, somos magoados. Não digo só na teoria não, digo na pratica e tenho provas disso. Então, não é uma teoria, mas uma comprovação a leis do universo.


Quando damos nossa opinião, por mais que somos contra aquela teoria ou pratica religiosa, até para fazer uma crítica, temos que estudar afinco aquela teoria. Então, ao meu ver, Platão iria achar que o ser humano teria regredido e não evoluído, pois, as ideias e as opinião, são opiniões muito pequenas para problemas tão grandes. 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Simbolismo do Natal





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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Há muita informação e pouca certeza nos dias de hoje – que antigamente os estudiosos eram mais convictos – quando nos referimos ao dia que comemoramos o Natal, o nascimento de Cristo. O que se sabe é que na mesma data se comemorava o “Solstício de inverno” e o Sol Invictus dos romanos. Há bastante discordância e discussão quando a data é mencionada, o que acho um desperdício de encontrar algo comum nesses estudos, porque não há um consenso logico dentro do “porque” essa data é comemorada bem neste dia. O que se sabe é que a data do nascimento de Jesus é incerta ou muito provavelmente, como aponta alguns estudos do Jesus histórico, dia 6 de janeiro seria a data correta.

Mas essas datas foram marcadas e idealizadas na idade média e não se tinha como medir com precisão esse tipo de data, mesmo o porquê, não há documentos sobre a vida de Jesus. Só se, talvez, a igreja tenha esse tipo de documento, pois, a biblioteca do Vaticano é muito intensa e pode (não se sabe ao certo), ter um documento dizendo alguns dados. Mas por que tanta importância num ser que não tinha tanta importância no próprio povo judeu? Por que um homem a dois mil anos atrás, mexe tanto com o imaginário depois de dois mil anos?

Para começar podemos analisar num modo, completamente, simbólico de um nascimento avatarico, onde há nascimentos para aquele momento e para aquele instante. Qual instante? Qual evolução? Todos nós sabemos que a humanidade evoluiu muito pouco na condição moral, porque nós ficamos fascinados pelo nosso “poder” de criar tecnologias que podem facilitar nossa vida. Por exemplo, eu posso criar esse texto no world, posso criar imagens em outro programa, graças a esta tecnologia que construirmos ao longo dos últimos 50 anos. Mas no ponto moral, que poderíamos ter acompanhado junto, não houve nenhum progresso porque somos iludidos numa visão limitada dentro da ótica humana e não numa ótica muito acima das esferas maiores. Mas isso não se encontra na esfera religiosa, mas se encontra nas esferas de estudos muito além das esferas religiosas porque não tem nada de religar e sim, perceber a nossa ligação do que é maior e ao universo. O dito délfico para conhecer a nós mesmos e conheceremos o universo e os deuses, é um ponto importante para nós evoluirmos num modo moral.

Ora, o simbolismo do Natal é o simbolismo da união humana como uma só espécie (falando biologicamente), pois, somos homo sapiens e nenhum outro hominídeo sobreviveu além de nós. Portanto, queiram ou não, somos uma só espécie com muitas características diferentes que se deve ao ambiente, ao modo de vida e porque não, ao alimento que foi ingerido. Dizer que uma etnia é maior que a outra, é uma tremenda bobagem porque uma espécie tem características básicas em comum e o modo de raciocinar e perceber o seu ambiente, são todas iguais e de proporção igual. As diferenças se dão pela religião (não religa nada ao ser divino), a cultura ou as ideologias fantasiosas que acham que vai resolver o sofrimento humano, como se o meu sofrimento seja o mesmo do sofrimento do outro, as ideologias fazem iludir e generalizar (de algum modo as religiões também fazem isso).

Num outro lado (o lado espiritual), somos almas emanadas dentro de uma só emanação, talvez até, um reflexo de um mesmo refletor. Mas não sabemos além desse refletor, esse ser emanado, que idealizou e fez o universo, pois, nossa linguagem e entendimento simbólico (como forma comunicativa das nossas emoções e razões), não pode nem especular como esse ser seria. Ora, se somos de uma só origem, se somos de um só universo, por que temos que trazer separações como devemos enxergar isso? Devemos achar que o ser cósmico que fez o céu e a Terra, poderia caber num corpo corruptível e falível? Podemos dar vida a nossos bonecos e ser um desses bonecos?

Bom, podemos viajar um pouco da maionese, como dizem os sábios das frases de internet, e dizer que teve emanações importantes que Jesus teve que passar para consolidar sua nobre missão. Mas, como alguns exotéricos e espiritualistas dizem e estudaram, a missão de Jesus de Nazaré foi local e para aquela especifica época. Até podemos pegar alguns pontos morais dos seus ensinamentos, como de muitos profetas, filósofos e sábios, mas não podemos universalizar um ensinamento que não pode ser universalizado. Por que? Porque serviu a um só propósito e não pode ser para outro, os tempos mudam e a roda da evolução universal, não para.

Os orientais dizem que é a roda de Samsara, uma roda que não tem fim até conseguimos trilhar um caminho e essa caminho (ou trabalho) chamamos de karma. Não é castigo. Não é uma coisa irrevogável (você pode ter merecido algo por fazer esse trabalho), mas uma lei universal da causa e o efeito. Não é “coisa” de espirita, aliás, acho que muitos dos que dizem espiritas ainda não entenderam o conceito de karma, pois, ainda veem o destino kármico como uma “paga” e não como uma resposta a uma causa. O destino kármico é um a situações que temos que trabalhar espiritualmente, um trabalho que muitas vezes, envolvem também muitas pessoas que temos ligações restritas de amizade ou de afeto muito arreigado. Quando superamos essas dificuldades, saímos do estado de samsara e somos levados ao estado de nirvana (bem-aventurança), onde estaremos em paz conosco, porque encontramos nosso próprio “EU”.

As antigas escolas de ensinamentos (que estudos dizem vim de uma única fonte e essa fonte é Atlântida), eram muito enfáticas no que se diz respeito ao descobrir o nosso verdadeiro “eu” em decorrência das ilusões do mundo. Duas se destacam a de Delfos (templo dedicado a Apolo, o deus da beleza e das artes), outra é a escola hinduísta que veio dos arias ou arianos (povos indo-europeus que vieram, segundo estudo, pelo estreito da Turquia), onde se difundiu o que hoje chamamos de Índia. Mas para entender o que eu vou escrever tem que entender (mesmo sendo racionalista e não místico), que mito não é uma narração mentirosa ou fantasiosa, não se prendam a isso, mito é uma narração que quer passar algo muito mais profundo. Outra coisa é que a mística ou o místico, não é uma coisa de religião, acho até que as religiões de hoje perderam muito da mística das religiões do passado (Jesus era bastante místico em suas parábolas e ensinamentos), que distância do propósito de re-ligar as pessoas ao divino. O mito místico não é um mito fantasioso, mas é um conjunto de ensinamentos míticos que remetem a um estado elevado da alma, a evolução plena do homem e seu destino último (se ele tiver um).

O conhecer a si mesmo délfico é um meio de se chegar a sua própria limitação de entender certas coisas e não está fora de nenhum ensinamento dos avatares (seres que tem uma evolução muito grande e encarnam na Terra para fazer nós enxergarmos nossa “eu” interior), quando eles dizem que devemos olhar para nós mesmos. Não foi isso que Jesus de Nazaré disse a 2 mil anos atrás? Que poderíamos acessar Deus acessando a nós mesmos? Conhecer nossa própria natureza é descobrir que somos parte da realidade e do universo, porque se somos um ser que sei quem sou, sei da minha natureza última e conhecerei os deuses e suas naturezas. Afinal, os deuses gregos ou antigos, não tinham os mesmos sentimentos do que nós humanos?

No hinduísmo que veio com os arias (todas as crenças hinduístas remontam em uns 20 mil anos atrás), e começam uma sabedoria muito profunda brâmane do esquecimento do falso “ego” e descobri o “eu” verdadeiro dentro de nós. Qual nosso “eu” verdadeiro? Aquele que não está no véu de maha-ya (que há um erro grave em escrever maya), que quer dizer “grande afirmação” onde não há a ilusão. Ilusão vem do latim “ilusion” que é derivado de “in” (dentro) e “lusion” vem do termo “ludere” (jogar, brincar). Portanto, ilusão é “jogo interno” dos sentidos, é uma projeção imanente da Realidade Transcendental, que até, o filosofo Platão nos ensina no mito da caverna. Tudo que vimos, sentimos ou temos como concreto, é mera ilusão (brincadeira interna) e o nosso verdadeiro “eu” está a realidade última, ou seja, a realidade que não é a sombras que vão sendo projetadas em uma outra situação. Ou seja, não muito longe da colocação délfica, temos que nos projetar dentro de nós mesmos para saber o quão somos levados a falsas realidades que se tornam verdades sem sentido. Por isso que os cientistas políticos vão tratar isso como “manobra da massa”, onde se inventa uma situação (geralmente, ela não existe), e se molda o jeito de pensar e de agir aqueles que não se projetam no seu verdadeiro “eu”. O próprio Jesus diz para conhecermos a verdade e a verdade nos libertará, ou seja, o significado de verdade é realidade e realidade é tudo que emana como existente. Assim, conhecer a verdade é conhecer a realidade além daquilo que nos dizem, conhecer nosso próprio “EU”. Aquilo que nos dizem existe para ele e não para nós, pois, nós temos outra realidade e emanamos outro entendimento.

O que é o “outro entendimento”? Entendimento vem de entender que veio do latim “intendere” que quer dizer “propor-se, reforçar”, pois, para “entender” você precisa “entender, esticar” seu conhecimento diante a realidade última. O que seria a realidade? Bom, realidade vem do latim “REALIS” que quer dizer tudo aquilo que é verdadeiro, tudo relativo as coisas que existem e tem forma. Qual a realidade última? O filosofo Platão dizia que a verdadeira forma estava no mundo das ideias, hoje sabemos que as formas se dão graças aos nomes dos objetos. Questão de linguagem, porém, sabemos que para encontrar nossa verdadeira natureza, temos que encontrar aquilo que entendemos (ir até), o que seria a nossas próprias realidades (tudo que é verdadeiro). Portanto, conhecer a nós faz parte no processo de encontrar o divino em nós e emanar esse outro entendimento, essa outra realidade que não enxergamos.  Não podemos ir até a divindade se não procurarmos dentro de nós mesmos, disse Jesus, entender nossa natureza universal e não nossa sombra enfática e corruptível carnal. Ora, se em essência sabemos disso, o que poderíamos fazer para alcançar a visão profunda?


Mas, assim que cada ser humano deve achar a sua verdade, devemos achar nosso significado do Natal, o nosso significado de nós mesmo dentro da humanidade. O que poderíamos chamar o simbolismo do Natal? O natal tem um significado? A verdade está ai dentro. 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Vídeo Sobre Capacitismo



O Livro O Caminho no Wattpad: (aqui)

O livro O Clube das Rodas de Aço (aqui)

O Livro O Caminho físico (aqui)

O Livro Liberdade e Deficiência (aqui)

Ebook do livro O Caminho (aqui)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Estética e laudo médico.



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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Quando você estuda Hegel (1770-1831) – filosofo e teólogo alemão (que a título de curiosidade, era pastor e professor de filosofia) – você lê que a estética era e é uma matéria muito mais relacionada a arte. Porém, Hegel sempre dizia que a arte era muito mais superior a natureza, pelo simples fato de temos o espirito muito mais superior do que a natureza que faz as coisas tão adaptavelmente. Uma Monalisa, por exemplo, na visão de Hegel era muito mais perfeita do que a modelo que serviu de inspiração e então, na visão do filosofo, uma pintura é muito mais superior do que a foto em si. Claro, que hoje existem milhares de subterfugio tecnológicos para melhorar as fotos, assim, deixando como obras de arte.

A questão é muito mais delicada do que pensamos, pois na hora de conviver com as pessoas, nós não convivemos com obras de arte e isso passa no crivo da ética. Ética e estética são a parte mais significativa quando pensamos num modo social e porque não, do preconceito e do conceito definido como tal. Ética vem do grego “ethos” que não tem ao certo um significado especifico, mas por ter a ver com o lugar aonde se vive, se especificou como caráter. Estética vem do grego “aisthésis” que significa percepção, sensação ou sensibilidade, e não à toa, tem a ver com a arte em si mesmo. Arte, queiram ou não, faz parte da construção cultural de um povo e isso tem a ver com a ética de uma estética cultural. Daí entra a anatomia corporal como ponto estético de aceitação ou não aceitação de um conceito definido ou não, por exemplo, a séculos atrás, mulheres gordinhas eram mais aceitas do que mulheres magras, hoje, o padrão social – pelo menos na moda – as magras são aceitas e o que deve ser seguido. Embora acho que as mulheres mais cheinhas fazem muito mais sucesso, porém, também acho que o gosto estético é completamente subjetivo como algo individual até, como conceito de objetividade. Algo como fenomenológico entre você é o objeto e a consciência existencial desse objeto, se ele te agrada como algo aceitável, ou se ele é algo que não é aceitável.

Vamos agora ir muito mais fundo. Vamos fazer uma análise moral da coisa e deixar um pouca mais clara o que é que aceitamos ou não, como conclusão estética corporal. Moral vem do latim (língua que vem dos romanos, mas se origina todas as línguas que vem de Lácio, região central itálica), “mos” ou no plural, “morales” que quer dizer “relativo ao costume”. Por isso acho que quando se diz “moral e bons costumes” estão dizendo um pleonasmo, porque a moral já é um costume cultural dentro da sociedade e que esse costume é tradicional por si mesmo. Moral tem a ver com que aceitamos e o que colocamos como norma para a sociedade e ética, é o que se pode ou não fazer dentro dessa mesma sociedade como ação da sociedade em si. Moral tem a ver com o objeto e a ética tem a ver com a estética normativa do mesmo objeto, ou seja, o preconceito não é de ordem moral e sim, o preconceito é de ordem ética porque tem a ver com caráter de cada um. Ora, o caráter é a construção de tudo aquilo que achamos ser a realidade dentro dos estereótipos (símbolos), que ao longo de várias razões da vida e situações que passamos, construirmos uma realidade moldada dentro de um conceito.

Quando a sociedade nos chama de “coitados” ou que acham que não temos capacidade de fazer muitas coisas, isso não é uma moral dentro do objeto, mas a ética enquanto fenômeno da consciência que constrói o que devemos e o que não devemos aceitar. Mas a moral não está isenta disso não, pois, existe a incapacidade logica de analise que mesmo que possamos ser diferentes, somos seres humanos. Vimos isso dês da antiguidade quando por meio de mitologias (explicações sobre a vida e os fenômenos), deuses nascidos com defeitos eram rejeitados pelos deuses ou até mesmo em filmes e novelas, espalhando inverdades e espalhando símbolos normativos que só interessam a alguns que não aceitam ou não querem aceitar, mudanças sociais.

Quando se existe uma análise profissional de todas as áreas, existe uma norma que é seguida para se saber se a pessoa é apta (qualificada é um termo errado), a preencher o cargo oferecido que vai das condições psicológicas até as condições de graduação de cargos importantes. Ora, dados psicológicos não podem ser analisados, por exemplo, dentro do Facebook, pois, corre o risco de errar em muitas coisas e outra, na maior parte dos casos de inclusão de trabalhadores com deficiência, os maiores erros são do RH que são completamente, despreparados até mesmo numa análise de seleção curricular. Por que se deveria, numa análise moral e ética, um currículo ser analisado junto com um laudo médico da deficiência da pessoa? Em minha peregrinação por um emprego, eu sempre disse e mostrei minha deficiência e nunca escondi, e que me custou muitos cargos que eu poderia omitir algumas informações. Na parte moral e ética, estamos muito longe de analisar o que é certo e não o que é conveniente, pois, a conveniência é um mal cultural brasileiro.

Eticamente isso é errado, pois o profissional com deficiência tem que ser analisado pelo seu currículo e não pela sua deficiência. Mesmo que insistam que esse não é o motivo de se pedir o laudo médico, e sim, por causa de fraudes dentro da lei de cotas. Ora, quem poderia interessar em achar que poderia enganar pessoas só para entrar no mérito da lei? Como diz no latim: “cui bono?”, ou seja, quem ganha? Estamos muito longe, eticamente claro, em tirar certos vícios capacististas dentro da nossa sociedade e um deles, o mais importante como pessoas e como seres humanos, potenciais criadores de famílias (por que não?) e ótimo profissionais, é a normativa estética dentro de uma análise estereotipa. Por que? Porque a século se criou uma imagem normativa – que Foucault disse que está no discurso, é algo “discutível” – daquilo que a sociedade diz que deve fazer, e o que a sociedade não deve fazer. A aceitação ou não aceitação de pessoas com deficiência, está além daquilo que se chama de estética (como perfeito e imperfeito), está na ordem ética como norma que define a aparecia do objeto (aquilo que se analisa como símbolo do que se vê) com reações de cunho de um pré-conceito daquilo que lhe parece. A título de exemplo, uma vez fui numa entrevista e num determinado momento, a moça do RH me perguntou se eu conhecia o Excel e eu disse que conhecia e tinha uma certa familiaridade com o programa. Depois de alguns dias o e-mail veio e eu fui dispensado por não saber Excel, portanto, há sim uma padronização do que se pode entrar nas empresas e o que não pode entrar e infelizmente, isso também de forma estética.

Na parte ética, logico que houve certo descaso dentro do que disse ou não disse, caracterizando, que eu fui dispensado por ser cadeirante e por ser inexperiente. Por outro lado, há uma política de não aceitação do fato de haver uma certa cota para pessoas com deficiência e algumas empresas ainda insistem em só colocar pessoas para não pagarem a multa. Sim, é eticamente, errado isso. Eticamente deveriam ter mais atenção a pessoa humana e não a eficiência, deveriam, já que reclamam tanto da falta de ética dos nossos governantes, dar o mínimo de exemplo de ética dentro de uma sociedade. Daí voltamos a Hegel quando ele diz que as obras de arte são muito mais perfeitas do que as geometrias da natureza (que de certa forma, pode ser discutidas como não é bem assim), e que de alguma forma, o espirito humano é de um poder muito mais poderoso do que a natureza. De certa forma podemos afirmar que ele quis dizer que como filhos de Deus – lembramos que Hegel também é teólogo – podemos também ter o dom da criação e que toda criação humana é perfeita. Daí há dentro disto um idealismo muito grande, pois, não há obra de arte perfeita e não há dentro de toda a realidade, uma perfeição ao ponto de se dizer que a estética daquilo seja harmoniosa no sentido único.

Portanto, não há motivo algum em acreditar que uma pessoa com deficiência não pode ocupar algum cargo só por causa da sua deficiência, porque todos não são perfeitos. Como disse Hegel, perfeito só as obras de arte e muitas vezes, nem isso, pois, ninguém pode ver aquilo que não quer ver.


Quem quiser estudar mais sobre isso, na minha visão, eu tenho um livro no Clube de Autores chamado: Clube das Rodas de Aço: Tratado sobre Capacitismo

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Democracia burocrática



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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Nós, os brasileiros, não sabemos ser democráticos e isso é bem claro em alguns aspectos. Primeiro, adoramos um ESTADO que nos prejudica de todas as maneiras e temos horror a privatizações, sempre argumentando que estamos dando nosso patrimônio ao capital estrangeiro. Para começar, o capital estrangeiro, principalmente o capital norte-americano, não precisa de privatizações para ganhar dinheiro à custa de povos estrangeiros e isso é bem claro, para quem tem uma visão muito mais ampla de política do que a das mídias manipuladoras. Sempre acreditávamos, pelo menos eu, que o capital estrangeiro ganhava com privatizações e com empresas privadas e essa é a ingenuidade, pois com a estatização se tem a burocratização que aumenta ainda mais a corrupção. Aliás, a corrupção é “fruto” direto da burocratização tão enraizada ainda na nossa cultura luso-brasileira (Portugal vive situações semelhantes à nossa). Depois, esse amor todo pelo ESTADO e a ilusão de democracia, é como ter um escorpião de estimação e mesmo ele te picando, sempre vai  tê-lo sempre perto de você.  Claro, que a democracia é o melhor regime que temos, mesmo o porquê, eu como escritor não seria “idiota” para querer uma ditadura: mas, acho que em alguns aspectos a democracia é injusta e não visa o bem-estar da maioria, e sim, sempre vai visar aqueles que conseguem manipular melhor. Mas, sem dúvida, é o melhor regime que a humanidade tem hoje.

Todo esse problema tem raízes muito fortes com o nosso “coronelismo” com o qual fomos sempre educados e não me venha achar que você respeita a democracia que não, não respeita não. O brasileiro (eu não tenho isso de verdade, portanto, eu me excluo “fora dessa”), gosta muito de ser bajulado, porque por natureza, nós seres humanos, gostamos de pessoas que concordam conosco. Eu já fui muito assim e sei muito bem como que é, sempre o que pensamos está certo, sempre o que acreditamos está certo, sempre o que lemos está certo e o pior, o Deus que oramos sempre é o verdadeiro. O resto é coisa do “demônio” ou coisa do tipo. Toda essa baderna não é culpa das escolhas eleitorais dos cidadãos é sempre culpa de algo externo, a culpa de alguns não darem certo é sempre do outro e não a nossa culpa. Quem mesmo compra a carta de motorista do filho? Quem dá caixinha para ser o mais “visado” da rua e agradar? Quem suja a rua com sofás, pneus, peças de carro velhas e etc e colabora com as enchentes? Claro, que os “esclarecidos” vão dizer que são os “demônios” que rodam em volta e induz eles a jogar esse lixo ou a votar nesses políticos, mas quem vota ou quem suja é cada um de nós com nossas próprias escolhas. Eu não posso ter ou dar a minha opinião, pois, passo sempre no lado do “inimigo” e não vendo livros, não vendo as minhas coisas e o que é pior, algumas empresas espionam os perfis das redes sociais para ver qual a sua opinião e qual é a sua conduta religiosa, sua conduta ideológica e a sua deficiência, se você tiver uma, sua escolha sexual e se você tende a ser um “subversivo”. Como podemos ser democráticos desse jeito?

Uma vez eu fui expulso de um grupo só porque disse que o pessoal gostava de ver homens de shortinho correndo atrás de uma bola depois que um sujeito disse que não poderia participar de um debate no grupo por causa do jogo. Ora, quem em sã consciência perderia dizer que perderia um debate importante por causa de um “jogo medieval infantil”? O futebol (latinizaram o Football), para quem não sabe, era um jogo que adultos não jogavam e sim, crianças da Era Medieval. Até há uma briga entre a China e a Inglaterra quem inventou o jogo primeiro, mas sem dúvida nenhuma, é um jogo infantil e isso prova como somos infantis e queremos sempre algo lúdico para torcer, algo lúdico para ter como um “herói”. Sempre quando pensamos em herói, pensamos em um semideus, um alguém que vive salvando todo mundo. Algo que não existe. Mas voltamos ao caso do grupo. O grande estopim para eu ser expulso do grupo foi o sujeito me mandar ver novela, algo que mostra a infantilidade e a bipolaridade de nossos brasileiros adultos, eu só respondi (foi um crime gravíssimo), que não vejo TV e fui expulso. Fui tomar explicações com a dona do grupo e ela me chamou de arrogante. Podemos até fazer um exercício filosófico para saber o porquê eu, na minha sinceridade, fui chamado de arrogante e que não era bem-vindo ao grupo.

Primeiro, eu cometi o crime de não gostar do que a grande maioria gosta e isso é fato, o nosso povo não tolera que não concorda com eles. Pode até saber que aquela informação é mentirosa, pode até saber que aquele time está ganhando porque o juiz roubou ou até, que o carro mais veloz da F1 é o favorito para ganhar; mas por acomodação, a maioria da humanidade “fecha seus olhos” para admitir que são feitos de idiotas. Não idiotas no sentido moderno para criar um estereotipo entre o normal e o anormal, para de repente, os deficientes mentais (que mesmo com toda as informações possíveis, ainda são chamados de idiotas). Não é isso que quero dizer, quero dizer o idiota do mundo clássico grego que se fechava para si e não queria participar da sua polis, era o idiotike que era antônimo de politikon, ou seja, se você não era um politikon (cidadão preocupado com a polis), você era um idiotike (um cara que não quer saber da polis). Pessoas fechadas se tornam alvo fáceis de políticos e gente inteligentinha, que gosta de manipular as pessoas em sua volta. O idiota clássico sempre me passa a imagem da “loira burra” que não enxerga ou finge não enxergar a realidade.

Segundo, nós sabemos que todo mundo no brasil que diz com segurança e bastante certeza o que pensa, fica com a imagem de arrogante e metido. Porque somos uma cultura construída pela igreja católica que gosta da imagem do “humilde” que se humilha e faz voto de pobreza, simplesmente, para entrar no reino dos céus. Somos um país católico e fim de conversa e não me venha me dizer que a comunidade evangélica está crescendo, que até os protestantes daqui tem um ar de católico que faz voto de pobreza dizendo ser uma provação de Deus. Então, todas as pessoas seguras e que fazem bastante sucesso são os “metidos” e arrogantes da história, porque Jesus disse que era mais fácil um camelo entrar num buraco da agulha do que um rico entrar no reino dos céus. Mas a explicação é outra e muito mais profunda do que uma simples promessa de pobreza (talvez, eu escreva um texto sobre isso um dia). Até mesmo, o espiritismo, tem um ar católico e canonizar pessoas importantes (mesmo sabendo que são espíritos em evolução moral) ou fazer rituais, que não é o objetivo. Isso mostra que sim, o Brasil é um país católico, temos aversão ao sucesso, temos aversão a tudo que o outro conquista e é culturalmente, aceitável. Uma prova claríssima é a cultura protestante norte-americana, eles não têm aversão ao sucesso, a américa latina, tem. Portanto, eu sou arrogante em dizer que quem está seguro da sua sexualidade não brigaria por causa dos “homens de shortinho” e sou metido por não vê tv. Onde já se viu uma pessoa não vê tv nesse mundo? Onde já se viu você não gosta do football? Isso mostra perfeitamente, que burocratizamos a amizade.

Ser democrático é ser ético consigo mesmo e ter segurança daquilo que você quer para você, pois se você este seguro do que você é, não vai encrenca com a opinião do outro. Se sou contra o a esquerda socialista (existe milhares de tipo de esquerda), não vou encrencar com quem é a favor porque eu sei do que acredito. Não vou ter uma discussão medíocre e fica chamando a pessoa de “mortadela” ou “petralha”, mesmo o porquê, isso mostra muita o grau de imaturidade que se tornou a discussão política. Só a nível de exemplo, vi dias desses uma postagem que mostrava o que parecia um fragrante do filosofo Mario Sergio Cortella numa convenção do PT. Ora, ele nunca escondeu que era de esquerda e sempre disse que foi sim filiado ao PT e outra, pode ser cruel o que vou dizer aqui, mas não vou deixar de ler seus livros por causa disso, mesmo não gostando do PT. As discussão política, não pode virar torcida organizada de football, mesmo o porquê, saiu do ramo político, todo mundo lá é amigo e “cumpanheiro”. Eles sim “democratizam” ate mesmo a “roubalheira” e lá funciona a democracia, o povo mesmo, não é democrático e não sabe pensar por si mesmo.


Burocratizamos a amizade, burocratizamos os relacionamentos, monarquizamos a paternidade, burocratizamos o casamento, burocratizamos a aceitação. Se pensarmos profundamente, até as redes sociais são burocratizadas, são reduto do fascismo popular que assola o país ainda como se fosse bonito e certo. É cristão rejeitar o outro por uma deficiência física ou uma escolha sexual? É uma atitude ética ficar expondo crianças doentes, pessoas necessitadas, montagens descaradas em nome de uma vaidade disfarçada? Acho que na essência, a filosofa Marcia Tiburi tem razão (tanto relutei, mas é bem a verdade), somos sim, um povo fascista. 




terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O único filho de Ragnar



Ivar Ragnarsson (Old Norse: Ívarr; died possibly 873, nicknamed the Boneless (hinn beinlausi), was a Viking leader and by reputation also a berserker. He was a son of the powerful Ragnar Lodbrok, and he ruled an area probably comprising parts of modern-day Denmark and Sweden....In the autumn of 865, with his brothers Halfdan Ragnarsson (Halfdene) and Ubbe Ragnarsson (Hubba), Ivar led the Great Heathen Army in the invasion of the East Anglian region of England.:
Ivar Ragnarsson (Old Norse: Ívarr; died possibly 873, nicknamed the Boneless (hinn beinlausi), was a Viking leader and by reputation also a berserker.







Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Duas coisas fizeram escrever esse artigo. Primeiro, no dia internacional do deficiente que foi comemorado no dia 3 de dezembro, não escrevi nada a respeito. Claro que já escrevi muito sobre como ser uma pessoa com deficiência num país que ainda pensam que defender nossos direitos é coisa de comunista ou esquerdista, que ainda se pensa que não pensamos, não sentimos e não somos seres humanos. O problema é que não se pode esperar um outro pensamento de um país que não tem como prioridade a escola básica, a educação escolar boa que ensine o ser humano a ser humano e que os pais aprendam a criar os filhos a ser e não a ter. isso não é coisa de comunista, isso é coisa de ser humano decente que sabe educar e não acha que é uma obrigação alheia isso. Mas temos ilusões e uma delas é a máxima que é tudo, se doar dinheiro para o Teleton todos os problemas acabam e o mundo dos deficientes fica muito mais colorido. Pois não fica e vou explicar o porquê.

Num país que você vira para o ESTADO que diz não ter deficiente qualificado (detalhe, qualificado é dar qualidade a alguém e a alguma coisa), para determinado cargo. Como pode ainda dizerem isso? Fora que a maioria dos bancos, estatais ou não, tentarem burlar a lei de Cotas para PCDs empregando o cidadão com deficiência e ficar boicotando o seu serviço para ele ser mandado embora. Agencias de emprego, como a ISocial, ainda insistem em pedir junto com o currículo, o laudo médico como se a empresa ainda tenha que avaliar não pelo currículo, mas pela deficiência e isso é muito ruim para nós. Ainda enfrentamos milhares de obstáculos para estudar e fazer curso por ainda acharem que não temos capacidade de estudar e o nosso lugar é numa escola especial. Exagero? De maneira nenhuma. Só fazer uma longa pesquisa para saber que a maioria das coordenadoras pedagógicas, a maioria das diretoras de escolas, são ainda a favor da escola especial. Que as pessoas com deficiência não podem trabalhar e devem ficar internadas para não dá “trabalho”, para não atrapalhar no passeio, para saber que o mundo não foi feito para pessoas como ele, imperfeitas, que não podem fazer muitas coisas. Isso é humano, isso é o lado animal primitivo que ainda vê a selva e o modo nômade, que ainda vê o modo de guerrear e conquistar, que ainda vê que a condição limitadora é um limite entre quem pode ou não ser considerado ser humano.

Não sejamos hipócritas, a sociedade não quer pessoas que sejam diferentes ou que pensam diferente, isso é da natureza humana. Aqui se uma pessoa tiver tatuagem existem empresários que não contratam, existem pessoas talentosas que não são reconhecidas porque são consideradas pessoas diferentes. Sejam da ordem física, sejam de ordem sexual, sejam de ordem de qualquer escolha. Você tem que se “ajoelhar” aos conceitos humanos e do senso comum para se conseguir as coisas, para vender, para ser visto. Meu livro O Caminho a temática é pessoa com deficiência, mas não vende e tem uma receptividade muito baixa porque foi mal compreendido, acharam que era um romance romântico. Por que? As pessoas necessitam de rótulos e esses rótulos são necessários para a construção de estereótipos, pois, há uma construção de diferenciação do objeto conforme o seu objetivo. Para o senso comum, por exemplo, romance é sinônimo de romântico e nem é assim, às vezes, um romance pode ser histórico, pode ser fictício, pode ser erótico, pode ser religioso e por aí vai, sem ser romântico. O romance é uma narrativa que entre os personagens há algo comum.

Daí entra o meu segundo motivo para escrever esse artigo. O estereotipo das pessoas com deficiência sempre foi, não muito diferente em tempos em tempos, de ser um “fardo” para a sociedade em geral. Se hoje é assim, imagina no mundo antigo que eles matavam as pessoas com deficiência como se fossem, animais sem serventia. Na verdade, a concepção de filho e de criança é muito recente, antigamente, se um filho morresse era como se morresse um animal de estimação. Essa desumanização transvestida de caridade religiosa, teve seu cume na eugenia norte-americana e o nazismo que nos chamou de “sofredores eternos”. Ainda imagina nos séculos de invasões Viking? Na série Vikings da History Channel que é transmitido no canal NetGeo, mostra muito isso, como era nesse tempo.

A serie conta a história do lendário guerreiro viking que virou rei, Ragnar Lodblok (calças peludas), onde claro, apenas é uma história romanceada, pois não se sabe muito sobre sua vida. Mas falamos do seu filho rejeitado que quando bebê, o próprio Ragnar deixou para morrer na floresta e só sobreviveu por causa da mãe dele. Essa rejeição é mostrada muito bem dentro da série, quando Ragnar trata o filho como um “pobre coitado”, mas de alguma maneira, o ama. Talvez, não sei mesmo, há uma verdade dentro da série que tidos podem ver, o Ivar é o único que sempre apoia o pai e vai para a Inglaterra vingar a destruição do assentamento e lutar e se forem fiéis a história dele (pois modificaram a lenda que ele teria morrido na invasão de Paris de cólera), morrerá num covil de cobras. Quem matara o rei que fez isso com a “águia de sangue”? Mas faz parte, dentro de uma história mundial, subestimar aquelas que tinham um estereotipo mais ou menos definido dentro de uma perspectiva histórica, como vários deficientes foram imperadores, foram pensadores, foram escritores (até dizem, ser Homero um cego).

O que parece que devemos salientar nessa passagem? Primeiro, a parte sexual não tem nada a ver com a parte da má-formação das pernas, nisso o produtor errou e errou muito feio. Pois raras são as doenças de nascença, que causam deficiência, causam impotência sexual e isso é muito perigoso para difundir mais preconceito. Depois, fica claro dentro da trama, que as coisas vão ser diferentes dentro da batalha da Inglaterra, se Ragnar morrer dentro da trama mesmo dentro do covil. Mas, a mensagem que sempre gosto de deixar é que a deficiência não deveria ser colocada como um limite de personalidade e de perspicácia, como a criada disse para o Ivar sofrendo, todo homem pode transar e fazer essas coisas, mas únicos podem ser verdadeiros filhos de Ragnar.

O que podemos pensar? Muitos são aquele, de uma maneira ou outra, vencem e outros que querem que vençam por ele. Talvez, podemos dizer que Ivar mostra que os vencedores, mesmo sendo filhos de um rei, devem vencer e dar valor a esta vitória, pois depois de tudo que escrevi e ainda não te convenceu que o mundo não vai te dar nada de “mão beijada” e vimos isto na história humana. Vamos dar um viva a aqueles que superaram seu tempo.







sábado, 3 de dezembro de 2016

Mitos e Heróis

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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

O termo mito vem do grego antigo “MYTHÓS” que quer dizer “discurso”. Podemos afirmar, que mito é um discurso que os gregos antigos tinham, para narrar as grandes batalhas ou a origem de um deus ou algum rei corajoso importante. Aliás, se tem que tomar muito cuidado quando tomamos mito ou mitologia como uma mera fantasia, pois, um mito nem sempre eram inventados e sim, tinham um certo proposito de divinizar esse rei ou guerreiro. Também a função do mito na Grécia antiga, era narrar os feitos desses reis e guerreiros transformando em heróis para os mais novos, achassem bonito em seguir aquele mito. Hoje se tem muito a gíria “mitou”, mas poucas pessoas sabem que as pessoas que são chamadas assim são pessoas que tem a narrativa para transformar um ser humano em um herói que não é. Como se diz hoje muitos pensadores, o ser humano espera um “messias” para salvar o mundo, mas todos nós somos seres humanos.

Na história humana sempre se criou “messias” para levar a massa aonde queriam levar, como Homero narrava uma guerra que matou milhares de pessoas, durou 10 anos de cerco grego a Tróia, foram traiçoeiros em colocar soldados dentro de um cavalo de madeira; destruíram a cidade inteira, mataram, pilharam, e sabe se lá mais o quê. Só por que um príncipe raptou uma mulher espartana que fugiu? Estranho não? Há milhares de lendas e mitos que fazem uma “romanização” da história, pois, a verdade pode soar muito cruel aos olhos de quem quer convencer. Pois, quem iria contestar uma guerra de 10 anos por causa de uma única mulher? Hoje sabemos que muito provavelmente, houve causas muito mais comerciais e gananciosas do que um romance de uma rainha espartana.

Não precisamos ir muito longe para afirmar em mitos, houve milhares dentro das guerras mundiais que estouraram no século vinte. Hoje sabemos que o nazismo foi fruto da eugenia norte-americana, do antissemitismo europeu que povoava no século dezenove e foi uma ótima desculpa para um pintor frustrado levar multidões a aceitarem as suas ideias. Que as indústrias norte-americanas ganharam muito dinheiro com as guerras, as empresas americanas (isso Fidel Castro não estava mentindo), colonizou Cuba para comprar terras muito mais barato e além disso, a liberdade deles não são tão liberto assim. Essa imagem heroica que os americanos sustentaram após a guerra e através da guerra fria (onde o filme Rambo é sua maior crítica), é uma mitologia moderna de cultuar heróis para nos sentimos esperançosos com este mundo onde tudo (usando o termo do sociólogo Sigmund Bauman) ficou liquido e as pessoas não se apegam mais em valores que no mundo antigo, eram considerados coisas nobres. Isso me fez lembrar de um episódio do seriado Família Dinossauro que todo determinado dia as pessoas uivavam em uma montanha, até que foi questionado isso, pararam e quando pararam a cidade começa a ter conflitos e há um caos. Saber o porquê daquilo é importante, mas mudar aquilo repentinamente, causa uma desnorteamento que pode causar sim um caos desnecessário e eu sou conservador em alguns aspectos.

Sempre que há um mito há um herói e no mundo antigo, um herói era sempre um filho dos deuses e esse filho, salva porque ele tem um superpoder. O Superman é um herói porque é um ser que tem um superpoder, mesmo ele não ser filho de um deus (nas mitologias ufológicas seres elevados são como deuses), mas é uma narrativa de um ser que salva o mundo dos perigos e é “amigo” da justiça. Para entender esses personagens do século vinte (que não eram diferentes da antiguidade), temos que entender um único pensamento do filosofo e filólogo alemão Nietzsche, quando no seu livro Gaia Ciência diz que “Deus está morto” e que a própria humanidade o matou. O que ele quis dizer? Nietzsche quis dizer que a humanidade ou quem detém o discurso do poder, como diria Foucault, mataram o discurso metafisico que criava uma certa medida de medo, para criar uma divinização da ciência como algo que poderia criar uma humanidade melhor. Isso veio em parte do iluminismo e concretizou no positivismo, mas houve uma outra ruptura que criou uma quebra dos valores (pelo menos nobres), que não existe sentimentos, não existem respeito, o que existe é o EU que na psicanalise de Freud, diz que isso causa a neurose. O que é uma pessoa neurótica? Uma pessoa neurótica é sempre achar que é perseguida, que algo especifico é ligado a ela e vai acontecer exatamente, quando ela chegar com ela e tem que ser ela. Tudo é em torno de si mesmo.

A quebra de Deus e o homem (Deus enquanto religião mesmo), de uma certa forma, desumanizou o ser humano a só pensar numa melhora instrumental (tecnológica) e não uma melhora moral, como se só importa o que ele tem e não o que ele é. O que ele tem constrói todo um estereotipo daquilo que deveríamos seguir e não o que somos, o que fazemos e o que temos como caráter (ética). Nietzsche estava decretando o homem assassino de valores verdadeiros, valores que a muito foram esquecidos para dar lugar ao seu próprio ser como um niilista racional que era apenas uma máscara. Na verdade, Nietzsche nunca deixou verdadeiramente o cristianismo como ordem moral, mas deixou como algo religioso que muitas vezes, as pessoas se apegam como um algo que vai ainda acontecer. Afinal, para o filosofo, o importante é o agora.

Então, quando você vê um herói como o Superman, sempre lembre que precisamos agora ver o herói como algo concreto e muito romantizado para gostar dele. Embora hoje, a juventude já goste de personagens que são iguais a nós, que tem sentimentos iguais a nós, que tem um viés de realidade e que a ética seja igual o que somos. As indústrias de entretenimento, tiveram que mudar seus heróis para agradar uma juventude que não mais acredita na utopia (conto fantástico que pode acontecer), mas na distopia de um mundo onde elas vivem e sentem que estão confortáveis lendo. Um Superman ético e moral que fez tanto sucesso até a década de 80 assim, mudou para um ser questionador e até mesmo, uma arma mortal para os terráqueos mandado para destruir a Terra.

Estamos vivendo uma ruptura de utopias enraizadas como verdades absolutas e vendo que todos nós somos humanos, somos pessoas que erramos e estamos ainda descobrindo o motivo disso tudo. Assim, toda a minha reflexão é o que eu refleti quando ouvi um comentário de uns dos radialistas da Jovem Pan dizer que é muito perigosa essa mania popular de transformar pessoas que estão ali para a função que foram designadas, em heróis e semideuses da verdade. O juiz Sergio Moro, está fazendo um trabalho excelente, mas ele como todo o Ministério Público é um servidor público e um ser humano. Porque vamos dar brechas ao populismo de direita (embora eu não ache que no Brasil temos partidos de direita), que foi uma excelente arma para o nazismo e o fascismo tomarem o poder assim como o populismo de esquerda deu brecha para os soviéticos. Claro, sempre lembrando que não existe só esquerda socialista e comunista, existe esquerdas de outras ordens.


Portanto, só por isso, eu não acredito que há heróis, que há seres acima do bem e do mal, acima de qualquer coisa. Estamos num processo muito sério de evolução, a evolução não pode ser apenas a evolução tecnológica, mas uma evolução moral. Somos falhos e se o ser humano não entender que precisamos encontrar a nós mesmos antes de encontrar ao outro, não de afirmar personagens sociais, não vamos entender o que Jesus disse que a verdade nos libertará. Que verdade libertará o homem de ilusões? Libertará de heróis e assumir suas próprias escolhas? Quando amaremos sem esperar do outro algo? Quando veremos defeitos e qualidades? Não acho que o ser humano pode fazer isso hoje, mas a quebra de mitos é uma grande promessa de sermos mais humanos e pouco confiantes em pessoas que usam a massa.