
Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
Há muita informação e pouca
certeza nos dias de hoje – que antigamente os estudiosos eram mais convictos –
quando nos referimos ao dia que comemoramos o Natal, o nascimento de Cristo. O
que se sabe é que na mesma data se comemorava o “Solstício de inverno” e o Sol
Invictus dos romanos. Há bastante discordância e discussão quando a data é
mencionada, o que acho um desperdício de encontrar algo comum nesses estudos,
porque não há um consenso logico dentro do “porque” essa data é comemorada bem
neste dia. O que se sabe é que a data do nascimento de Jesus é incerta ou muito
provavelmente, como aponta alguns estudos do Jesus histórico, dia 6 de janeiro
seria a data correta.
Mas essas datas foram marcadas e
idealizadas na idade média e não se tinha como medir com precisão esse tipo de
data, mesmo o porquê, não há documentos sobre a vida de Jesus. Só se, talvez, a
igreja tenha esse tipo de documento, pois, a biblioteca do Vaticano é muito
intensa e pode (não se sabe ao certo), ter um documento dizendo alguns dados. Mas
por que tanta importância num ser que não tinha tanta importância no próprio
povo judeu? Por que um homem a dois mil anos atrás, mexe tanto com o imaginário
depois de dois mil anos?
Para começar podemos analisar num
modo, completamente, simbólico de um nascimento avatarico, onde há nascimentos
para aquele momento e para aquele instante. Qual instante? Qual evolução? Todos
nós sabemos que a humanidade evoluiu muito pouco na condição moral, porque nós
ficamos fascinados pelo nosso “poder” de criar tecnologias que podem facilitar
nossa vida. Por exemplo, eu posso criar esse texto no world, posso criar
imagens em outro programa, graças a esta tecnologia que construirmos ao longo
dos últimos 50 anos. Mas no ponto moral, que poderíamos ter acompanhado junto,
não houve nenhum progresso porque somos iludidos numa visão limitada dentro da
ótica humana e não numa ótica muito acima das esferas maiores. Mas isso não se
encontra na esfera religiosa, mas se encontra nas esferas de estudos muito além
das esferas religiosas porque não tem nada de religar e sim, perceber a nossa
ligação do que é maior e ao universo. O dito délfico para conhecer a nós mesmos
e conheceremos o universo e os deuses, é um ponto importante para nós
evoluirmos num modo moral.
Ora, o simbolismo do Natal é o
simbolismo da união humana como uma só espécie (falando biologicamente), pois,
somos homo sapiens e nenhum outro hominídeo sobreviveu além de nós. Portanto,
queiram ou não, somos uma só espécie com muitas características diferentes que
se deve ao ambiente, ao modo de vida e porque não, ao alimento que foi
ingerido. Dizer que uma etnia é maior que a outra, é uma tremenda bobagem
porque uma espécie tem características básicas em comum e o modo de raciocinar
e perceber o seu ambiente, são todas iguais e de proporção igual. As diferenças
se dão pela religião (não religa nada ao ser divino), a cultura ou as
ideologias fantasiosas que acham que vai resolver o sofrimento humano, como se
o meu sofrimento seja o mesmo do sofrimento do outro, as ideologias fazem
iludir e generalizar (de algum modo as religiões também fazem isso).
Num outro lado (o lado
espiritual), somos almas emanadas dentro de uma só emanação, talvez até, um
reflexo de um mesmo refletor. Mas não sabemos além desse refletor, esse ser emanado,
que idealizou e fez o universo, pois, nossa linguagem e entendimento simbólico
(como forma comunicativa das nossas emoções e razões), não pode nem especular
como esse ser seria. Ora, se somos de uma só origem, se somos de um só
universo, por que temos que trazer separações como devemos enxergar isso?
Devemos achar que o ser cósmico que fez o céu e a Terra, poderia caber num
corpo corruptível e falível? Podemos dar vida a nossos bonecos e ser um desses
bonecos?
Bom, podemos viajar um pouco da
maionese, como dizem os sábios das frases de internet, e dizer que teve
emanações importantes que Jesus teve que passar para consolidar sua nobre
missão. Mas, como alguns exotéricos e espiritualistas dizem e estudaram, a
missão de Jesus de Nazaré foi local e para aquela especifica época. Até podemos
pegar alguns pontos morais dos seus ensinamentos, como de muitos profetas,
filósofos e sábios, mas não podemos universalizar um ensinamento que não pode
ser universalizado. Por que? Porque serviu a um só propósito e não pode ser
para outro, os tempos mudam e a roda da evolução universal, não para.
Os orientais dizem que é a roda
de Samsara, uma roda que não tem fim até conseguimos trilhar um caminho e essa
caminho (ou trabalho) chamamos de karma. Não é castigo. Não é uma coisa
irrevogável (você pode ter merecido algo por fazer esse trabalho), mas uma lei
universal da causa e o efeito. Não é “coisa” de espirita, aliás, acho que
muitos dos que dizem espiritas ainda não entenderam o conceito de karma, pois,
ainda veem o destino kármico como uma “paga” e não como uma resposta a uma
causa. O destino kármico é um a situações que temos que trabalhar
espiritualmente, um trabalho que muitas vezes, envolvem também muitas pessoas
que temos ligações restritas de amizade ou de afeto muito arreigado. Quando
superamos essas dificuldades, saímos do estado de samsara e somos levados ao
estado de nirvana (bem-aventurança), onde estaremos em paz conosco, porque
encontramos nosso próprio “EU”.
As antigas escolas de
ensinamentos (que estudos dizem vim de uma única fonte e essa fonte é
Atlântida), eram muito enfáticas no que se diz respeito ao descobrir o nosso
verdadeiro “eu” em decorrência das ilusões do mundo. Duas se destacam a de
Delfos (templo dedicado a Apolo, o deus da beleza e das artes), outra é a
escola hinduísta que veio dos arias ou arianos (povos indo-europeus que vieram,
segundo estudo, pelo estreito da Turquia), onde se difundiu o que hoje chamamos
de Índia. Mas para entender o que eu vou escrever tem que entender (mesmo sendo
racionalista e não místico), que mito não é uma narração mentirosa ou
fantasiosa, não se prendam a isso, mito é uma narração que quer passar algo
muito mais profundo. Outra coisa é que a mística ou o místico, não é uma coisa
de religião, acho até que as religiões de hoje perderam muito da mística das
religiões do passado (Jesus era bastante místico em suas parábolas e
ensinamentos), que distância do propósito de re-ligar as pessoas ao divino. O
mito místico não é um mito fantasioso, mas é um conjunto de ensinamentos
míticos que remetem a um estado elevado da alma, a evolução plena do homem e
seu destino último (se ele tiver um).
O conhecer a si mesmo délfico é
um meio de se chegar a sua própria limitação de entender certas coisas e não
está fora de nenhum ensinamento dos avatares (seres que tem uma evolução muito
grande e encarnam na Terra para fazer nós enxergarmos nossa “eu” interior),
quando eles dizem que devemos olhar para nós mesmos. Não foi isso que Jesus de
Nazaré disse a 2 mil anos atrás? Que poderíamos acessar Deus acessando a nós
mesmos? Conhecer nossa própria natureza é descobrir que somos parte da
realidade e do universo, porque se somos um ser que sei quem sou, sei da minha
natureza última e conhecerei os deuses e suas naturezas. Afinal, os deuses
gregos ou antigos, não tinham os mesmos sentimentos do que nós humanos?
No hinduísmo que veio com os
arias (todas as crenças hinduístas remontam em uns 20 mil anos atrás), e começam
uma sabedoria muito profunda brâmane do esquecimento do falso “ego” e descobri
o “eu” verdadeiro dentro de nós. Qual nosso “eu” verdadeiro? Aquele que não está
no véu de maha-ya (que há um erro grave em escrever maya), que quer dizer “grande
afirmação” onde não há a ilusão. Ilusão vem do latim “ilusion” que é derivado
de “in” (dentro) e “lusion” vem do termo “ludere” (jogar, brincar). Portanto, ilusão
é “jogo interno” dos sentidos, é uma projeção imanente da Realidade
Transcendental, que até, o filosofo Platão nos ensina no mito da caverna. Tudo que
vimos, sentimos ou temos como concreto, é mera ilusão (brincadeira interna) e o
nosso verdadeiro “eu” está a realidade última, ou seja, a realidade que não é a
sombras que vão sendo projetadas em uma outra situação. Ou seja, não muito
longe da colocação délfica, temos que nos projetar dentro de nós mesmos para
saber o quão somos levados a falsas realidades que se tornam verdades sem
sentido. Por isso que os cientistas políticos vão tratar isso como “manobra da
massa”, onde se inventa uma situação (geralmente, ela não existe), e se molda o
jeito de pensar e de agir aqueles que não se projetam no seu verdadeiro “eu”. O
próprio Jesus diz para conhecermos a verdade e a verdade nos libertará, ou
seja, o significado de verdade é realidade e realidade é tudo que emana como
existente. Assim, conhecer a verdade é conhecer a realidade além daquilo que
nos dizem, conhecer nosso próprio “EU”. Aquilo que nos dizem existe para ele e não
para nós, pois, nós temos outra realidade e emanamos outro entendimento.
O que é o “outro entendimento”? Entendimento
vem de entender que veio do latim “intendere” que quer dizer “propor-se, reforçar”,
pois, para “entender” você precisa “entender, esticar” seu conhecimento diante
a realidade última. O que seria a realidade? Bom, realidade vem do latim “REALIS”
que quer dizer tudo aquilo que é verdadeiro, tudo relativo as coisas que
existem e tem forma. Qual a realidade última? O filosofo Platão dizia que a
verdadeira forma estava no mundo das ideias, hoje sabemos que as formas se dão graças
aos nomes dos objetos. Questão de linguagem, porém, sabemos que para encontrar
nossa verdadeira natureza, temos que encontrar aquilo que entendemos (ir até),
o que seria a nossas próprias realidades (tudo que é verdadeiro). Portanto,
conhecer a nós faz parte no processo de encontrar o divino em nós e emanar esse
outro entendimento, essa outra realidade que não enxergamos. Não podemos ir até a divindade se não procurarmos
dentro de nós mesmos, disse Jesus, entender nossa natureza universal e não nossa
sombra enfática e corruptível carnal. Ora, se em essência sabemos disso, o que poderíamos
fazer para alcançar a visão profunda?
Mas, assim que cada ser humano
deve achar a sua verdade, devemos achar nosso significado do Natal, o nosso
significado de nós mesmo dentro da humanidade. O que poderíamos chamar o
simbolismo do Natal? O natal tem um significado? A verdade está ai dentro.
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