Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
Vendo grupos de Facebook e nas
redes sociais, há inúmeros jeitos de dar uma opinião, pois, agora todos deram
para dar a sua opinião. Não teria problema nenhum em dar a sua opinião sobre o
assunto, mesmo o porquê, estamos num pais democrático. O problema é você dar a opinião
sem saber e sem ler daquilo que deram a opinião, não saber nem sequer daquilo
que se está criticando, que fica com certeza, uma crítica vazia e pobre. Você criticar
o marxismo sem ao menos conhecer a teoria do filosofo Karl Marx, ou criticar o
liberalismo sem conhecer a teoria de John Locke, ou Adam Smith, ou até mesmo,
Stuart Mill, fica uma coisa vazia e a discussão fica um pouco sem rumo e sem um
“porquê” daquilo acontecer. Não vejo utilidade nenhuma ficar numa discussão que
o povo fica ou chamando que defende a esquerda de “PETRALHA”, ou quem fica
chamando quem defende a direita de “COXINHA”. Fica desinteressante aí eu parto
para ironia e a palhaçada mesmo.
Na verdade, quem me chamou atenção
a esse aspecto foi o professor Leandro Karnal em uma das palestras que existem
no youtube. Estamos numa era que todo mundo tem uma opinião e todos não chegam
a lugar nenhum, ninguém quer saber de pesquisar, ninguém quer saber de ler e
conhecer. Ora, pesquisar e ler alguma
obra não quer dizer que estaremos concordando com aquilo, gostar de ler um
filosofo, não é obrigatoriamente, ter um compromisso com este filosofo. Eu li livros
e gosto do filosofo alemão Nietzsche, mas tem alguns aspectos que eu não concordo
com ele e não tenho qualquer compromisso com sua filosofia. Eu li o Manifesto
Comunista inteirinho e não sou a favor do comunismo – embora alguns aspectos da
filosofia marxista, eu reconheço que existam sim e até concordo – assim como
outros pensadores e outras doutrinas que li e não sou adepto a suas doutrinas.
Mas uma outra coisa me veio à
mente lendo e observando o Facebook e seus grupos e pensei: o que Platão diria
nessa troca de opinião hoje? Ora, para o platonismo a opinião não era mera percepção
do que se “acha” ser a verdade, para Platão, o “doxa” (opinião em grego), era o
conhecimento que se tinha daquele assunto. Daí chegamos a dialética platônica. Ou
seja, a verdadeira dialética (diálogos) são diálogos para se chegar ao
conhecimento e não dar uma mera opinião, pois, esse conhecimento tem que virar
sabedoria. Como sabedoria? A sabedoria é a saída do homem a sua caverna onde está
inserida toda a realidade aparente – muitas escolas orientais também pregam
isso e tudo que se sabe se diz, dentro de uma tradição muito mais exotérica,
veio de Hermes Trismegisto ou, o três vezes grande - que são meras sombras de uma outra realidade
que está num outro plano do “fogo”. Isso será retomado com o filosofo Hegel (a dialética)
e chegou a mesma conclusão de Platão, que para confrontar uma outra ideia (antítese),
temos que encontrar dentro de nós o conhecimento (tese).
Ora, se para Platão a “doxa” era
o meio para se chegar a sabedoria, então, Platão diria que o que está
acontecendo é inverso, não estamos chegando a sabedoria, mas estamos presos a
sabedoria do outro. Ficamos atrelados apenas – falando da dialética hegeliana –
na antítese (o outro pensamento) sem formar uma tese (nosso próprio pensamento),
não porque não podemos chegar a está sabedoria, mas por pura acomodação. Na verdade,
não querem sair da zona de conforto em estudar aquilo que se quer refutar e
sim, querem apenas colocar nas suas opiniões, suas frutracoes e não as suas
reais ideias. Sim, para Platão, junto com a “doxa” se precisa ter a “idea” e
formar um conhecimento. E para chegar a “idea” temos que colocar o “porquê”, ou
seja, encontrar um motivo para acontecer isso, o conhecido causa e efeito. Por que
o professor Karnal comparou o juiz Moro ao Collor? Por que ainda não se prendeu
os envolvidos na lava jato do PSDB? Por que o presidente de Cuba, iria declarar
guerra ao Brasil? Qual a fonte de todas essas “perolas” que se espalham na
internet?
Isso pode ser estendido dentro da
religião também, porque ao que parece, há em muitos ensinamentos estão contra o
que até estão no evangelho de Jesus. Jesus não disse que devemos primeiro se
entregar ao divino e depois tudo lhe será dado? Jesus não disse que as ditas
igrejas são lugares sagrados e não são comercio? Jesus não disse que quem não tem
pecado que atire a primeira pedra? Jesus não disse tirar primeiro a nossa trave
do olho para tirar do outro? Então, por que tem pessoas que dão valor as coisas
materiais? E o que é pior, ora para Deus
para conseguir algo que ele deveria mudar sua linha mental para conseguir isso.
Por que existem pessoas que vendem bugigangas religiosas dentro das igrejas? Por
que existem pessoas que julgam o outro sem pesquisar porque ele agiu daquele
jeito? Por que ainda se alimenta tanto rancor? Tudo tem uma causa e dessa causa
surte o efeito, porque o efeito sempre vai ser aquilo que é derivado da causa
que derivamos. Jesus mesmo disse que com ferro fere, com ferro será ferido, ou
seja, aquilo que fazemos sempre encontra um fim daquilo que começamos. Se julgamos,
somos julgados. Se ferimos ou magoamos, somos magoados. Não digo só na teoria não,
digo na pratica e tenho provas disso. Então, não é uma teoria, mas uma comprovação
a leis do universo.
Quando damos nossa opinião, por
mais que somos contra aquela teoria ou pratica religiosa, até para fazer uma crítica,
temos que estudar afinco aquela teoria. Então, ao meu ver, Platão iria achar
que o ser humano teria regredido e não evoluído, pois, as ideias e as opinião, são
opiniões muito pequenas para problemas tão grandes.
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