terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O único filho de Ragnar



Ivar Ragnarsson (Old Norse: Ívarr; died possibly 873, nicknamed the Boneless (hinn beinlausi), was a Viking leader and by reputation also a berserker. He was a son of the powerful Ragnar Lodbrok, and he ruled an area probably comprising parts of modern-day Denmark and Sweden....In the autumn of 865, with his brothers Halfdan Ragnarsson (Halfdene) and Ubbe Ragnarsson (Hubba), Ivar led the Great Heathen Army in the invasion of the East Anglian region of England.:
Ivar Ragnarsson (Old Norse: Ívarr; died possibly 873, nicknamed the Boneless (hinn beinlausi), was a Viking leader and by reputation also a berserker.







Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Duas coisas fizeram escrever esse artigo. Primeiro, no dia internacional do deficiente que foi comemorado no dia 3 de dezembro, não escrevi nada a respeito. Claro que já escrevi muito sobre como ser uma pessoa com deficiência num país que ainda pensam que defender nossos direitos é coisa de comunista ou esquerdista, que ainda se pensa que não pensamos, não sentimos e não somos seres humanos. O problema é que não se pode esperar um outro pensamento de um país que não tem como prioridade a escola básica, a educação escolar boa que ensine o ser humano a ser humano e que os pais aprendam a criar os filhos a ser e não a ter. isso não é coisa de comunista, isso é coisa de ser humano decente que sabe educar e não acha que é uma obrigação alheia isso. Mas temos ilusões e uma delas é a máxima que é tudo, se doar dinheiro para o Teleton todos os problemas acabam e o mundo dos deficientes fica muito mais colorido. Pois não fica e vou explicar o porquê.

Num país que você vira para o ESTADO que diz não ter deficiente qualificado (detalhe, qualificado é dar qualidade a alguém e a alguma coisa), para determinado cargo. Como pode ainda dizerem isso? Fora que a maioria dos bancos, estatais ou não, tentarem burlar a lei de Cotas para PCDs empregando o cidadão com deficiência e ficar boicotando o seu serviço para ele ser mandado embora. Agencias de emprego, como a ISocial, ainda insistem em pedir junto com o currículo, o laudo médico como se a empresa ainda tenha que avaliar não pelo currículo, mas pela deficiência e isso é muito ruim para nós. Ainda enfrentamos milhares de obstáculos para estudar e fazer curso por ainda acharem que não temos capacidade de estudar e o nosso lugar é numa escola especial. Exagero? De maneira nenhuma. Só fazer uma longa pesquisa para saber que a maioria das coordenadoras pedagógicas, a maioria das diretoras de escolas, são ainda a favor da escola especial. Que as pessoas com deficiência não podem trabalhar e devem ficar internadas para não dá “trabalho”, para não atrapalhar no passeio, para saber que o mundo não foi feito para pessoas como ele, imperfeitas, que não podem fazer muitas coisas. Isso é humano, isso é o lado animal primitivo que ainda vê a selva e o modo nômade, que ainda vê o modo de guerrear e conquistar, que ainda vê que a condição limitadora é um limite entre quem pode ou não ser considerado ser humano.

Não sejamos hipócritas, a sociedade não quer pessoas que sejam diferentes ou que pensam diferente, isso é da natureza humana. Aqui se uma pessoa tiver tatuagem existem empresários que não contratam, existem pessoas talentosas que não são reconhecidas porque são consideradas pessoas diferentes. Sejam da ordem física, sejam de ordem sexual, sejam de ordem de qualquer escolha. Você tem que se “ajoelhar” aos conceitos humanos e do senso comum para se conseguir as coisas, para vender, para ser visto. Meu livro O Caminho a temática é pessoa com deficiência, mas não vende e tem uma receptividade muito baixa porque foi mal compreendido, acharam que era um romance romântico. Por que? As pessoas necessitam de rótulos e esses rótulos são necessários para a construção de estereótipos, pois, há uma construção de diferenciação do objeto conforme o seu objetivo. Para o senso comum, por exemplo, romance é sinônimo de romântico e nem é assim, às vezes, um romance pode ser histórico, pode ser fictício, pode ser erótico, pode ser religioso e por aí vai, sem ser romântico. O romance é uma narrativa que entre os personagens há algo comum.

Daí entra o meu segundo motivo para escrever esse artigo. O estereotipo das pessoas com deficiência sempre foi, não muito diferente em tempos em tempos, de ser um “fardo” para a sociedade em geral. Se hoje é assim, imagina no mundo antigo que eles matavam as pessoas com deficiência como se fossem, animais sem serventia. Na verdade, a concepção de filho e de criança é muito recente, antigamente, se um filho morresse era como se morresse um animal de estimação. Essa desumanização transvestida de caridade religiosa, teve seu cume na eugenia norte-americana e o nazismo que nos chamou de “sofredores eternos”. Ainda imagina nos séculos de invasões Viking? Na série Vikings da History Channel que é transmitido no canal NetGeo, mostra muito isso, como era nesse tempo.

A serie conta a história do lendário guerreiro viking que virou rei, Ragnar Lodblok (calças peludas), onde claro, apenas é uma história romanceada, pois não se sabe muito sobre sua vida. Mas falamos do seu filho rejeitado que quando bebê, o próprio Ragnar deixou para morrer na floresta e só sobreviveu por causa da mãe dele. Essa rejeição é mostrada muito bem dentro da série, quando Ragnar trata o filho como um “pobre coitado”, mas de alguma maneira, o ama. Talvez, não sei mesmo, há uma verdade dentro da série que tidos podem ver, o Ivar é o único que sempre apoia o pai e vai para a Inglaterra vingar a destruição do assentamento e lutar e se forem fiéis a história dele (pois modificaram a lenda que ele teria morrido na invasão de Paris de cólera), morrerá num covil de cobras. Quem matara o rei que fez isso com a “águia de sangue”? Mas faz parte, dentro de uma história mundial, subestimar aquelas que tinham um estereotipo mais ou menos definido dentro de uma perspectiva histórica, como vários deficientes foram imperadores, foram pensadores, foram escritores (até dizem, ser Homero um cego).

O que parece que devemos salientar nessa passagem? Primeiro, a parte sexual não tem nada a ver com a parte da má-formação das pernas, nisso o produtor errou e errou muito feio. Pois raras são as doenças de nascença, que causam deficiência, causam impotência sexual e isso é muito perigoso para difundir mais preconceito. Depois, fica claro dentro da trama, que as coisas vão ser diferentes dentro da batalha da Inglaterra, se Ragnar morrer dentro da trama mesmo dentro do covil. Mas, a mensagem que sempre gosto de deixar é que a deficiência não deveria ser colocada como um limite de personalidade e de perspicácia, como a criada disse para o Ivar sofrendo, todo homem pode transar e fazer essas coisas, mas únicos podem ser verdadeiros filhos de Ragnar.

O que podemos pensar? Muitos são aquele, de uma maneira ou outra, vencem e outros que querem que vençam por ele. Talvez, podemos dizer que Ivar mostra que os vencedores, mesmo sendo filhos de um rei, devem vencer e dar valor a esta vitória, pois depois de tudo que escrevi e ainda não te convenceu que o mundo não vai te dar nada de “mão beijada” e vimos isto na história humana. Vamos dar um viva a aqueles que superaram seu tempo.







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