O filósofo romano Sêneca tinha uma frase que era: “Omnis
enim ex infirmitate feritas est” que em português, fica assim: “A maldade
provém de alguma fraqueza”. Ou seja, pessoas maldosas sem nenhuma virtude da
verdadeira bondade no sentido de ter o conhecimento, mas, é tão fraco e
prepotente nesse conhecimento, que acha que sabe além daquilo que sabe. Acaba
se auto alienando da sua própria ignorância. Sêneca era da escola estoica, e
essa escola – onde a igreja absorveu bastante da sua filosofia – era bastante
interessante no sentido de achar que certos assuntos eram perca de tempo e
gastaríamos nossa energia, mais ou menos, sem nenhum sentido. Porque você não
vai mudar aquilo, esse sentido é o que é e como se diz hoje em dia: “aceita que
dói menos”.
Mas voltamos ao motivo do meu texto. Em um grupo sobre
deficiência – se eu não me engano, era um grupo de Mielomeningocele – vi um
vídeo e uma foto de um menino chorando e resolvi ler o post que a mãe escreveu
revoltada com o ocorrido. A professora teria dito – depois de flagrar o menino
com deficiência conversando – que mesmo com sua doença, ela não iria “passar a
mão na sua cabeça”. Quando você imagina uma pessoa preconceituosa, imaginamos uma
pessoa que não tem conhecimento nenhum e que o motivo desse preconceito, é
justamente, a questão da sua própria ignorância. Porém, é uma professora e
professores ao invés de criticar o ESTADO ou dizer tal bobagem – mesmo o porquê
existe milhares de cursos pela internet ou não – deveriam ler sobre o assunto e
não ficar com “desculpinha esfarrapada” de falta de tempo, porque para ir em
manifestações contra a prisão do “messias” da esquerda, encontra. Claro, que
não são todos os professores que são assim, nem todos os professores não
estudam a questão. Mas, existem aqueles que ainda acham que crianças com
deficiência deveriam ir para “classes especiais”, só que as “classes especiais”
deixam um déficit muito grande dentro do aprendizado dessas crianças
(experiência própria).
Então, a fala da professora seria um julgamento sem nenhum
critério dentro da questão da deficiência (que chamamos de preconceito), se
encaixa muito bem com a fala do filósofo Sêneca. A maldade humana é a fraqueza
do ser que julgar saber e não sabe o que é a essência da virtude – como a
ignorância socrática e a verdadeira bondade sem se preocupar com uma imagem de
si mesmo – e a essência daquilo que deveria saber e não sabe. A questão paira
não na questão da bronca em si mesma – mesmo o porquê, ele estava conversando –
mas, a questão é a diferenciação do aluno e ter chamado ele de doente. Como se
tivesse uma doença e que a professora, ter que deixar bem claro, que não iria
ter “pena” dele por causa de uma “doença” que ele não tem. Ou seja, uma suposta
doença.
Sêneca, assim como os estoicos,
iria dizer que o importante ao ser humano é sempre saber quando lutar, quando
convencer, ter a honestidade, ter uma vida modesta e não querer mudar aquilo
que não pode ser mudado. Aliás, a virtude estoica e a verdade e como eram
seguidores de Sócrates de Atenas, eram extremamente, intelectualistas. Portanto,
a verdade deve ser dita, mesmo que isto doa. Portanto, a verdade é que nossos
professores (nem todos, claro), tem um discurso de proteção das minorias, que
na verdade, não corresponde ao que vimos na pratica. Chamam os jovens de burro,
chamam muitas jovens de vagabunda (já li isso), fica pregando ideologia ao invés
de dar aula, fica reclamando do salário toda hora. E também, fica dizendo essas
bobagens que vimos a mãe relatar. Se perdeu a noção da palavra educação, que começa
com a paideia grega, passa para o educere latino. Nossa raiz (como língua latinizada
e cultura também) como descendentes da cultura latina, deveríamos saber que educere vem da junção de EX (fora) e
DUCERE (guiar, instruir e conduzir), ou seja, quando educamos alguém ou nos
educamos, estamos trazendo para fora aquilo que está dentro de nós. Sem se
prender em questões estéticas ou morais, sem se prender em questões ideológicas
e religiosas.
A verdadeira educação inclusiva é
exatamente o oposto que esta professora fez, educar é trazer para fora, então,
mostrar as crianças e os jovens que a deficiência não é uma doença. Uma deficiência
é uma falta, mas, nunca um contagio por algum vírus ou uma bactéria. Trazer as crianças,
que a deficiência não nos faz menos humanos e elas podem se aproximar.
Amauri
Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e
técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News
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