terça-feira, 17 de outubro de 2017

O que é isto – pseudofilosofia?




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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Todo filósofo reflete um problema – problemas na filosofia não é o mesmo da matemática, pois, problema na filosofia é algo que pode ter vários caminhos ou respostas – eu acho que o meu problema é o que é ou que não é filosofia. A questão pode ser resumida em: qual o critério que temos, para avaliar o que é ou não, uma reflexão filosófica? Qual a barreira entre o caos do senso comum e lógica filosófica? Porque a lógica não é um amontoado de regras dentro de uma determinada linha argumentativa ou, reflexiva, mas são caminhos importantes para se entender um pensamento. Então, se temos uma lógica a seguir, seja em texto, seja em dizer algo, temos que ter certas regras daquilo que nós sabemos e somos especialista e aquilo que não somos peritos, que em geral, podemos chamar de autocritica.

Minha crítica, são para os que defendem que a filosofia tem “que” ter bases cientificas, pois, eu acho que há um grande problema nisso, pois, isso atrapalha o debate. Como falar de ética comportamental, se ainda a ciência empírica, não descobriu como o cérebro funciona? Um certo, ressentimento nietzschiano aparece quando a ciência não é muito falada – afinal, quem se interessa de uma descoberta de fosseis? – e a filosofia, media todos os debates possíveis. E ainda pior, a ciência não cortou seu “cordão umbilical” da filosofia. Mas, filósofos cientistas, insistem em inventarem termos e jargões que não ajudam nada ao debate. O que seria a pseudofilosofia? Vindo de um filósofo é muito estranho, pois, na filosofia não dizemos se algo é pseudo ou não, mas o nos perguntamos “o que é isto? ”.

Até outro dia o filósofo cientista argentino, Mario Bunge, era desconhecido na minha lista de filósofos. Fiquei conhecendo ele graças ao blog cientifico, Universo Racionalista, com a sua adoração não só pelo filósofo argentino, mas também, por Carl Sagan (1934-1996). Nada de errado, afinal, Sagan teve obras memorável e é claro, nem todas as coisas que disse eu concordo. Mas voltamos a Mario Bunge. Bunge parece que tem uma certa implicância com o existencialismo heideggiano (filósofo Martin Heidegger 1889 a 1976), que na sua visão, é uma visão de pseudofilosofia (aqui). Sartre usou também algumas posições existencialistas de Heidegger, ele também é um pseudofilósofo? Será mesmo que a filosofia é mesmo somente voltada ao discurso lógico? Será que um filósofo pode dizer que algo é ou não “pseudo”?

O fato de Heidegger ser do partido nazista não faz dele um filósofo menor, há vários filósofos que foram de regimes totalitários – até mesmo eram a favor deles como Hobbes ou Maquiavel – que não tiram o mérito de suas obras. Se o “Übermensch” nietzschiano foi usado pelo governo fascista (Mussolini) e o governo nazista (Hitler), isso não tira o mérito das obras de Nietzsche, pois, aliás, o “filósofo do martelo” nunca gostou tanto da Alemanha assim, ele adorava as cidades italianas. O ESTADO simplesmente, usa as filosofias e seus filósofos, sempre quando querem convencer as massas a suas “insanas” resoluções o que é melhor ou não para a nação correspondente. Por isso, não vou chamar o “Übermensch” de pseudofilosofia, por causa do nazismo ou por causa do fascismo italiano, ter usado. E além do que, como disse antes, a filosofia não pode e não tem que ditar verdades absolutas, ela pergunta a origem das verdades e se aquilo é mesmo a verdade. Mas a realidade é estranha, porque achamos que sempre ela não existe, porém, ela está na nossa frente. Politicamente, culpar os europeus por causa das inúmeras ditaduras sul-americanas só pelo conceito de um filósofo – dando poder absoluto ao Heidegger – é uma ignorância política tremenda. Porque somos herdeiros da cultura latina-grega, então, não sabemos ter governos democráticos sem ter interesses diversos.

Vamos ao pseudo. Esse prefixo é usado na nossa língua para indicar se aquele teor é falso ou que o conteúdo não é considerado real ou verdadeiro. Frequentemente, o prefixo é também usado como uma gíria, sempre colocando uma classificação duvidosa, mentirosa ou falsa. Ai que começa o problema, qual o critério a medir o que é ou não filosofia? Bem resumidamente, pois, eu quero expor brevemente o papel da filosofia dentro do pensamento ocidental. O termo deriva de duas palavras gregas arcaicas, uma é “philia” que seria um amor de amigos ou amizade, outro termo é “sophia” que pode ser sabedoria, mas também pode ser saber. Acontece que a “amizade com a sabedoria” – gosto mais assim – não pode ser assumida como pseudo por causa do seu próprio conceito. O racionalismo – já que Bunge se intitula racionalista – coloca algo duvidoso, porém, sem parcialidade conceitual.  Nesse caso, há parcialidade e a filosofia não lida com o falso ou verdadeiro e sim, com que é a causa dessa verdade.

A pergunta é: por que devo saber se aquilo é falso ou não? Posso ver um ponto filosófico tanto na ilíada, como posso ver vários pontos filosóficos no filme Rambo. Posso ver a causa do pensamento de Gandhi, no mesmo modo, posso analisar a causa do pensamento de Hitler, de Mussolini ou de Stalin. Isso não faz da minha análise crítica, uma pseudofilosofia, só porque, não apoio o nazismo, o fascismo ou o socialismo. No mesmo modo, só porque não provaram que o subconsciente ou o inconsciente, faz a psicanalise de Freud – acreditem, ajudou tanto eu como muitos deficientes que conheço – como uma pseudociência, que acaba sendo uma contradição (vou escrever um texto sobre, um dia). A questão é que a filosofia não tem pontos falsos e nem pontos verdadeiros, porque ela vai perguntar o que é um “ponto”. Isso desde Sócrates, que queria descobrir se existia homem mais sábio do que ele, e começou a investigar e ver outras coisas que por ventura, acaba sendo vários pontos em comum. Não há nada de muito longínquo entre o “a-tomo” de Demócrito de Abdera e o átomo do mundo moderno. Senão, vamos chamar o filósofo grego de pseudofilósofo.

O que é a verdade? Ora, tudo aquilo que é verdadeiro tem a ver com tudo aquilo que é real, porque o sinônimo de verdade é a realidade. Assim, podemos perguntar: o que é uma filosofia (amizade com a sabedoria), verdadeira ou falsa? Tudo que é verdadeiro ou falso tem a ver com o que achamos normal ou não, ou seja, aquilo que é normal ou não depende dos valores aprendidos. A grosso modo, nem sempre uma “realidade” aprendida é uma “realidade” de fato, porque há muitas coisas no meio dessa “realidade” aprendida que mexe com o poder. Posso dar um exemplo simples, que esse texto que estou escrevendo, na verdade, não existe. as letras que estão aparecendo no computador, são na verdade, algoritmos escritos por algum programador e é lido por um processador. Esse processador transforma esse código em letras e elas podem ser vistas, mas não chamamos de pseudotexto só porque não entendemos o conceito de alguns algoritmos. É o que parece que acontece na afirmação de ser ou não, pseudofilosofia, porque parece que alguns conceitos não são compreendidos. Só que o existencialismo, para entendemos, temos que fugir da lógica um pouco, pois, tem a ver com o ser.


O ser é um ser quando compreendemos que existem outros entes no mundo, é o que quer dizer o “Dasein”. O ser-aí não é o próprio filósofo, mas o ente se compreendendo como um ser vivente dentro da realidade, ou seja, se eu sou Amauri é que compreendo que a minha natureza e tudo que eu sou, sou por causa do outro. Heidegger está se referindo ao homem e seu lugar no mundo, que chamou de ser-ai-no-mundo. Como isso é uma pseudofilosofia? Como o ser-aí é o próprio Heidegger? Não faz nenhum sentido achar que o conceito de Dasein é um conceito que demonstra ao próprio filósofo, chega a ser risível. 


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