
Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
Todo filósofo reflete um problema – problemas na filosofia
não é o mesmo da matemática, pois, problema na filosofia é algo que pode ter
vários caminhos ou respostas – eu acho que o meu problema é o que é ou que não
é filosofia. A questão pode ser resumida em: qual o critério que temos, para
avaliar o que é ou não, uma reflexão filosófica? Qual a barreira entre o caos
do senso comum e lógica filosófica? Porque a lógica não é um amontoado de regras
dentro de uma determinada linha argumentativa ou, reflexiva, mas são caminhos
importantes para se entender um pensamento. Então, se temos uma lógica a
seguir, seja em texto, seja em dizer algo, temos que ter certas regras daquilo
que nós sabemos e somos especialista e aquilo que não somos peritos, que em
geral, podemos chamar de autocritica.
Minha crítica, são para os que defendem que a filosofia tem
“que” ter bases cientificas, pois, eu acho que há um grande problema nisso, pois,
isso atrapalha o debate. Como falar de ética comportamental, se ainda a ciência
empírica, não descobriu como o cérebro funciona? Um certo, ressentimento nietzschiano
aparece quando a ciência não é muito falada – afinal, quem se interessa de uma
descoberta de fosseis? – e a filosofia, media todos os debates possíveis. E
ainda pior, a ciência não cortou seu “cordão umbilical” da filosofia. Mas,
filósofos cientistas, insistem em inventarem termos e jargões que não ajudam
nada ao debate. O que seria a pseudofilosofia? Vindo de um filósofo é muito estranho,
pois, na filosofia não dizemos se algo é pseudo ou não, mas o nos perguntamos “o
que é isto? ”.
Até outro dia o filósofo cientista argentino, Mario Bunge,
era desconhecido na minha lista de filósofos. Fiquei conhecendo ele graças ao
blog cientifico, Universo Racionalista, com a sua adoração não só pelo filósofo
argentino, mas também, por Carl Sagan (1934-1996). Nada de errado, afinal, Sagan
teve obras memorável e é claro, nem todas as coisas que disse eu concordo. Mas voltamos
a Mario Bunge. Bunge parece que tem uma certa implicância com o existencialismo
heideggiano (filósofo Martin Heidegger 1889 a 1976), que na sua visão, é uma visão
de pseudofilosofia (aqui). Sartre usou também algumas posições existencialistas
de Heidegger, ele também é um pseudofilósofo? Será mesmo que a filosofia é
mesmo somente voltada ao discurso lógico? Será que um filósofo pode dizer que
algo é ou não “pseudo”?
O fato de Heidegger ser do partido nazista não faz dele um filósofo
menor, há vários filósofos que foram de regimes totalitários – até mesmo eram a
favor deles como Hobbes ou Maquiavel – que não tiram o mérito de suas obras. Se
o “Übermensch” nietzschiano foi usado pelo governo fascista (Mussolini) e o
governo nazista (Hitler), isso não tira o mérito das obras de Nietzsche, pois,
aliás, o “filósofo do martelo” nunca gostou tanto da Alemanha assim, ele adorava
as cidades italianas. O ESTADO simplesmente, usa as filosofias e seus filósofos,
sempre quando querem convencer as massas a suas “insanas” resoluções o que é
melhor ou não para a nação correspondente. Por isso, não vou chamar o “Übermensch”
de pseudofilosofia, por causa do nazismo ou por causa do fascismo italiano, ter
usado. E além do que, como disse antes, a filosofia não pode e não tem que
ditar verdades absolutas, ela pergunta a origem das verdades e se aquilo é
mesmo a verdade. Mas a realidade é estranha, porque achamos que sempre ela não existe,
porém, ela está na nossa frente. Politicamente, culpar os europeus por causa
das inúmeras ditaduras sul-americanas só pelo conceito de um filósofo – dando
poder absoluto ao Heidegger – é uma ignorância política tremenda. Porque somos
herdeiros da cultura latina-grega, então, não sabemos ter governos democráticos
sem ter interesses diversos.
Vamos ao pseudo. Esse prefixo é usado na nossa língua para indicar
se aquele teor é falso ou que o conteúdo não é considerado real ou verdadeiro. Frequentemente,
o prefixo é também usado como uma gíria, sempre colocando uma classificação duvidosa,
mentirosa ou falsa. Ai que começa o problema, qual o critério a medir o que é
ou não filosofia? Bem resumidamente, pois, eu quero expor brevemente o papel da
filosofia dentro do pensamento ocidental. O termo deriva de duas palavras
gregas arcaicas, uma é “philia” que seria um amor de amigos ou amizade, outro
termo é “sophia” que pode ser sabedoria, mas também pode ser saber. Acontece que
a “amizade com a sabedoria” – gosto mais assim – não pode ser assumida como
pseudo por causa do seu próprio conceito. O racionalismo – já que Bunge se
intitula racionalista – coloca algo duvidoso, porém, sem parcialidade
conceitual. Nesse caso, há parcialidade
e a filosofia não lida com o falso ou verdadeiro e sim, com que é a causa dessa
verdade.
A pergunta é: por que devo saber se aquilo é falso ou não? Posso
ver um ponto filosófico tanto na ilíada, como posso ver vários pontos filosóficos
no filme Rambo. Posso ver a causa do pensamento de Gandhi, no mesmo modo, posso
analisar a causa do pensamento de Hitler, de Mussolini ou de Stalin. Isso não faz
da minha análise crítica, uma pseudofilosofia, só porque, não apoio o nazismo,
o fascismo ou o socialismo. No mesmo modo, só porque não provaram que o subconsciente
ou o inconsciente, faz a psicanalise de Freud – acreditem, ajudou tanto eu como
muitos deficientes que conheço – como uma pseudociência, que acaba sendo uma contradição
(vou escrever um texto sobre, um dia). A questão é que a filosofia não tem pontos
falsos e nem pontos verdadeiros, porque ela vai perguntar o que é um “ponto”. Isso
desde Sócrates, que queria descobrir se existia homem mais sábio do que ele, e começou
a investigar e ver outras coisas que por ventura, acaba sendo vários pontos em
comum. Não há nada de muito longínquo entre o “a-tomo” de Demócrito de Abdera e
o átomo do mundo moderno. Senão, vamos chamar o filósofo grego de
pseudofilósofo.
O que é a verdade? Ora, tudo aquilo que é verdadeiro tem a
ver com tudo aquilo que é real, porque o sinônimo de verdade é a realidade. Assim,
podemos perguntar: o que é uma filosofia (amizade com a sabedoria), verdadeira
ou falsa? Tudo que é verdadeiro ou falso tem a ver com o que achamos normal ou não,
ou seja, aquilo que é normal ou não depende dos valores aprendidos. A grosso
modo, nem sempre uma “realidade” aprendida é uma “realidade” de fato, porque há
muitas coisas no meio dessa “realidade” aprendida que mexe com o poder. Posso dar
um exemplo simples, que esse texto que estou escrevendo, na verdade, não existe.
as letras que estão aparecendo no computador, são na verdade, algoritmos
escritos por algum programador e é lido por um processador. Esse processador
transforma esse código em letras e elas podem ser vistas, mas não chamamos de
pseudotexto só porque não entendemos o conceito de alguns algoritmos. É o que
parece que acontece na afirmação de ser ou não, pseudofilosofia, porque parece
que alguns conceitos não são compreendidos. Só que o existencialismo, para
entendemos, temos que fugir da lógica um pouco, pois, tem a ver com o ser.
O ser é um ser quando compreendemos que existem outros entes
no mundo, é o que quer dizer o “Dasein”. O ser-aí não é o próprio filósofo, mas
o ente se compreendendo como um ser vivente dentro da realidade, ou seja, se eu
sou Amauri é que compreendo que a minha natureza e tudo que eu sou, sou por
causa do outro. Heidegger está se referindo ao homem e seu lugar no mundo, que
chamou de ser-ai-no-mundo. Como isso é uma pseudofilosofia? Como o ser-aí é o próprio
Heidegger? Não faz nenhum sentido achar que o conceito de Dasein é um conceito
que demonstra ao próprio filósofo, chega a ser risível.
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