domingo, 17 de junho de 2018

As cadeirantes estupradoras





Amor sob vontade 

Essa semana uma reportagem do “Globoesporte”, que confirma o que sempre disse nos meus textos sobre o segmento das pessoas com deficiência: cadeira de rodas não é parâmetro de caráter. A ética é primordial dentro de qualquer grupo e direito tem muito a ver, com deveres também. O caso aconteceu em fevereiro de 2017 e só esse ano a vítima relatou o acontecido. Que ao meu ver, deve ser apurado do mesmo modo se qualquer pessoa fizesse isso, inclusive, com prisões.

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Como disse, o caso aconteceu em fevereiro de 2017, quando acabou um treno da equipe Gladiadoras/Gaadin - Grupo de Ajuda dos Amigos Deficientes de Indaiatuba – que fica no interior de São Paulo. As jogadoras cadeirantes envolvidas, Lia, Denise, Geisa e Gracielle Silva, usaram um “pênis” de borracha para abusar de uma companheira. Gracielle era coordenadora do time na época e se suicidou no fim de maio. O fato aconteceu assim: jogaram a vítima no chão e usaram o órgão de borracha para abusarem. O vídeo circulou pelo whattsapp e pelas redes sociais. O advogado da Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas (CBBC) disse que o caso está sendo investigado e caso comprove o crime, há uma previsão mais concreta sobre o banimento das abusadoras, que, para mim, se há um vídeo não tem como negar.

As coisas para mim estão mais esclarecidas, não muito, na reportagem do “O Globo”, porque a reportagem do “Globo Esporte” estava completamente, vagabunda e confusa. Por que acontece isso? primeiro, porque as pessoas tem um tabu enorme de falar das pessoas com deficiência, como se fosse um crime. Uma cultura teletoniana (vinda do Teleton), que mistura uma cultura capacitista e uma cultura vitimista, católica cristã medieval. Ora, porque não tratar de igual realidade qualquer crime feito por uma pessoa cadeirante? Qual a diferença? A campanha “nós fodemos”, foi levada ao extremo.


Uma das envolvidas, disse que o “pênis” de borracha era dela e era apenas uma brincadeira. Mostra a incapacidade madura social que a maioria dos cadeirantes levam a vida. A maioria não lê. Não estuda nada e ainda, só pensa em sexo. Claro, que tem explicações psicanalíticas para isso. Vivemos numa sociedade judaico-cristã onde o sexo é um tabu por ser pecado, por ser errado e temos que não amar e sentir Deus, mas, teme-lo como se fosse um monarca no alto de um trono jogando punições. Os que tem razão são os homens, são os reis da casa, são os provedores, e as mulheres, devem ser submetidas a eles. Tudo que saem disso, ou é do demônio ou é de esquerda comunista (como a liberdade fosse errado), e isso, está na sociedade ocidental, a mais de mil anos (contando a conversão romana). Imagina isso para um cadeirante ou outra deficiência? A repreensão social e a margem de um preconceito perante o sexo, são bem maior do que o resto da sociedade. Começamos a sair para o mundo desde os anos 90 e isso é fato. Com isso a repreensão é bem maior e o libido do cadeirante é uma libido inexistente para a sociedade, que por experiência própria, existe sim.

Por outro lado, não quero parecer aqui que estou dando álibis as jogadoras, que acabaram com suas carreiras – uma até se matou- por causa de uma brincadeira idiota. Aliás, esta história de brincadeira é papo furado, porque se batesse na cara da outra cadeirante com o “brinquedo” ou fizessem outra coisa, mas, houve a penetração sem o consentimento e isto é estupro. Se houve estupro, houve crime. Se houve crime deve ser punido e isso, implica várias coisas jurídicas. Além do mais, há uma conduta anarcocapitalistas (libertário), do Princípio da Não Agressão (PNA). Esse princípio diz, que todas as pessoas são proprietárias de seu próprio corpo físico assim como todos os recursos naturais que elas colocam em uso através do seu corpo antes de qualquer um o faça. Isso implica o seu direito de empregar estes mesmos recursos como lhe convém até o ponto que isto afete a integridade física da propriedade do outro ou delimite o controle da propriedade de outro sem seu consentimento. É um princípio ético interessante na qual, eu concordo plenamente. Meu corpo não pode ser violado, porque as condutas naturais no qual tenho pleno direito de me expressar, foram impostas. No caso da vítima, ela foi violada no direito de querer ou não ser penetrada com o “brinquedo”.

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A questão é complexa, mas, vale uma reflexão. Eu venho falando desde a campanha da Kika de Castro de mostrar pessoas com deficiência pelados ou a campanha “Nós fodemos”, que temos que fazer uma coisa mais madura. Claro, temos todo o direito de expressamos nossa sexualidade, mas, a maioria de nós (pessoas com deficiência), e nossos pais, ainda não estão preparados. Sair de uma repressão sem uma devida educação, transforma uma conscientização em bestialidade e começam brincadeiras desse tipo dentro do segmento de pessoas com deficiência. Pessoas com Síndrome de Down, que são estereotipados como incapazes mentalmente, são muito mais maduros e seus pais tem muito mais capacidade de lhe dar com essas coisas, do que um cadeirante que não tem nenhuma deficiência intelectual. Essa “brincadeira” por parte das cadeirantes, mostra o quanto não querem ler e nem pesquisarem nada. 


Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News

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