quarta-feira, 27 de julho de 2016

Deus está morto, nós o matamos!




Amauri Nolasco Sanches Jr
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O Homem Louco – […] Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! Como nos consolar, a nós assassinos entre os assassinos? O mais forte e mais sagrado que o mundo até então possuíra sangrou inteiro sob os nossos punhais – quem nos limpará este sangue? Com que água poderíamos nos lavar? Que ritos expiatórios, que jogos sagrados teremos de inventar? A grandeza desse ato não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmo nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele? Nunca houve um ato maior – e quem vier depois de nós pertencerá, por causa desse ato, a uma história mais elevada que toda a história até então” – Nietzsche, Gaia Ciência, §125
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Não tenho nada contra ateus, acho eu que, as vezes, eu sou um ateu no sentido de não acreditar nas religiões vigentes, mas acho que o ateu militante é muito chato e tem um papo muito chato. O ateu militante defende tanto a bíblia que até desconfio que ele é mais religioso do que o mais fanático dos crentes, porque sempre vai pegar um trecho que ele acha certo e fica dizendo que Deus é assassino. Deus é assassino ou o homem não tem o limite de achar que é dele a culpa de tudo isso que está acontecendo? Porque não podemos, em hipótese nenhuma, achar no direito de falar que um cara que esfaqueou os velhinhos do asilo é culpa de Deus, mesmo o porquê, o ato partiu dele e não do Eterno. Escolhas e apenas, escolhas e somos presos dentro da nossa própria liberdade. Então, por que culpar um ser metafisico que nem está preocupado do que estamos pensando? Por que eu vou me preocupar com um livro que tem 3 mil anos?

Nesse aforisma, Nietzsche não decreta a morte de Deus numa forma de ele achar ou não que Deus morreu, mas o sintoma que a humanidade mata Deus para colocar outros ídolos. Um ateu não entende que se os crentes colocam um ser metafisico como um “pai” que providenciara seu futuro (porque o cristianismo sempre estará preocupado com o devir), a não existência de Deus é outra desculpa que temos de não nos apegarmos a nenhuma moral, o senso de providencia acaba sendo na ciência. O termo ciência veio do latim scientia que quer dizer “conhecimento”, estão se temos o conhecimento, temos a capacidade de entender. Acontece que entender nem sempre é a capacidade de sintetizar aquilo que é, porque sempre vamos construir subterfúgios para impor nossa própria crença. Sim, não acreditar também é acreditar em algo. E outra, você não acredita naquilo que não existe, você só pode acreditar ou não, naquilo que existe. Se temos o termo “Deus”, ele já existe na questão linguística que pode ser ou não mera invenção humana. Mas o que é a verdade ou não? O que é a realidade ou não?

A destruição de verdades religiosas não podem ser alicerces para a mitificação da ciência.   Se a ciência deu a cadeira de rodas que estou sentado, o notebook que estou escrevendo, também construiu bomba atômicas que mataram milhões em explosões e testes (até hoje o auto índice de câncer é por causa dos testes nucleares), deu doenças por causa de pesquisas que fugiram do controle, experiência secretas que fazem e desiquilibram a fauna e a flora. A ciência mais excluiu o ser humano com deficiência do que incluiu, mais separou as etnias do que juntou, mas levou o ser humano as doenças do que as curas em nome do dinheiro, em nome da indústria farmacêutica. A promessa da “deusa” ciência que tanto os iluministas defenderam, não se fez realizar por causa do desejo de querer sempre mais, da ganancia e da estupides humana. Não curou as deficiências (algumas nem diagnosticou), não curou o câncer e nem a AIDS (aliás, mesmo que o HIV não tenha sido feito em laboratório, se não fosse escapar o vírus, talvez não teríamos essa epidemia), nos deu a eugenia, nos deu a arrogância de querer controlar a natureza e querer ser “deuses”. Cientistas como o biólogo Richard Dawkins, achando no direito de chamar os religiosos de idiotas, de achar no direito de dizer para as mães de crianças com síndrome de down que é imoral ter uma criança dessas (que aliás, é uma das deficiências que a ciência não curou e nem sabe o porquê da multiplicação do cromossomo 21). Quem é imoral da história, a religião que explode monumentos de séculos, queimam quem está contra sua teologia, coloca a imagem de pessoa satânica quando não concorda com que acredita ou uma ciência que não cura, que destrói, que se vende, que coloca o bem da humanidade um preço e tenta dar a ela uma moral tosca que não fara diferença nenhuma se existir? É difícil de saber.


Não estou defendendo a religião, pois, a religião destruiu a verdadeira espiritualidade e a moral humana de ser o que é (ter a consciência de si depois da religião, é uma tarefa difícil), mas devemos colocar a ciência no lugar dela sem divinizar sua natureza. A mistificação de muitas coisas é sim culpa da ciência que poderia fazer mais, poderia produzir mais curas, mas se prendem em amarras vaidosas do poder e da fama. Como está no livro Gaia Ciência de Nietzsche: “não escolhem jamais seus aliados e amigos sem segundas intenções”. Ele estava falando das pessoas famosas e políticos, mas poderíamos estender a todos aqueles que estão no meio e detém o poder. O poder é a grande “alma” das liturgias religiosas e pesquisas cientificas, o poder que manipulam as massas conforme os seus interesses, é o poder que engana e distorcem tudo. As ideologias vão dar apenas o que o poder precisa, não mais as religiões vão fazer isso, mas as ideologias cientificas. Não vimos isso com o comunismo? Não vimos isso com os governos liberais e “democráticos”? O nazismo e o fascismo? A reflexão começa aí, termina junto ao que é a realidade, tudo se “prostitui” ao poder. Tanto se apela a lógica, mas lógica vem do grego LOGIKE TECHNE “arte de raciocinar”, de LOGIKÓS “relativo ao raciocínio”, de LOGOS “razão, ideia, palavra”. Uma coisa lógica é uma coisa raciocinada e não podemos destruir um ídolo para criar o outro, pois se não, iremos destruir a nós mesmos. 


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