Por Amauri Nolasco Sanches
Junior
Estou de “castigo” do Facebook por causa de uma música que
nem fui eu que postei lá, apenas achei bonita e compartilhei. Tive que migrar
para o Twitter, porém, eu analiso muito melhor a conjuntura política por lá. Embora,
eu acho que essa rede social sempre me lembra muro de periferia que tem sempre
um revoltado que picha algo clichê. Quem não é clichê na nação dos
“maria-vai-com-as-outras”? Sim. Eu posso dizer tranquilamente “Fora, Temer” e
não ser de esquerda, eu posso muito bem não apoiar o Bolsonaro e ser
conservador cristão. A questão é que o povo não entendeu que não estamos num
jogo de futebol que você escolhe um lado, se a economia não vai bem, você não
vai bem. Se a infraestrutura não vai bem, você não vive bem. Se o país não vai
bem e não colocar pessoas certas e preparadas, as questões nem conseguirão ser
discutidas em redes sociais. A questão não é ter um “herói”, mesmo o porquê,
ele não conseguirá governar sozinho e se você não prestar atenção no voto
parlamentar, você pode até atrapalhar seu candidato à presidência.
Agora imaginem pessoas acorrentadas desde seus nascimentos e
essas correntes lhe prendiam para olharem na parede, onde refletiam sombras.
Ninguém sabia que aquelas sombras eram sombras de algo muito mais verdadeiro,
mas, essas sombras eram a verdade para aquelas pessoas. As pessoas nasciam nas
correntes, cresciam nas correntes, ficavam adultos nas correntes, ficavam
velhos e morriam acorrentados. Porquê, por quem, e o que levava a isto, ninguém
sabia. Aliás, ninguém sabia sequer que estavam na verdade acorrentados e as
sombras são ilusões de objetos atrás da fogueira que se encontrava nos fundos
dessa caverna. E assim, um desses humanos, quebra as correntes, o porquê, não
se sabe e nem se foi proposital. Sabemos que essa corrente foi partida e o
homem saiu dessa caverna e viu um mundo diferente, um mundo que no primeiro
momento fez doer seus olhos. Mas, ao acostumar sobre a luz do Sol, ele vê um
outro mundo muito mais colorido, muito mais iluminado e muito mais, real. Não
são sombras de algo atrás de um fogo, mas algo materializado e único. Algo belo
e que nada tinha a ver, com uma projeção.
Poderíamos cair em uma certa tentação em colocar esse mundo
verdadeiro em um mundo metafisico, mas, existem realidades que não percebemos e
nem vamos perceber. O ser humano não percebe o obvio. Pesquisas mostram que
nosso cérebro transforma o caos em ordem, o obvio muitas vezes, é caótico por
desmontar nossas crenças que aquilo é uma ilusão e não existe. A questão é: por
que aquele homem não surtou com esse obvio? Porque a nova realidade era ordenada,
agora imagine que aquele homem descobrisse que não era homem e que era um
inseto sonhando ser um humano. Com certeza ele iria surtar ao ponto de não aceitar.
Porém, ao ver essa nova realidade o homem ficou maravilhado com que viu e quis
alertar os outros, porque achou que aqueles seres humanos, eram aprisionados naquela
pequena realidade. Mas ele aceitou rápido, ele de alguma forma, sabia que
aquelas correntes o limitavam a ver coisas limitadas e bastante, comuns. Foi daí
que o homem descobriu que as crenças daqueles seres humanos, acreditando que aquilo
seja realidade, na verdade, eram meras sombras que os “donos” da caverna
queriam que acreditassem. Mas cuidado, talvez um apresentador de tevê também esteja
vendo sombras, um comunicador esteja vendo sombras.
A informação passa pelo filtro das nossas crenças pessoais,
dos valores que somos educados. Então, aquele homem passou a falar sobre essa
nova realidade aqueles seres humanos, dizendo que aquelas imagens são na
verdade, sombras, copias de algo verdadeiro atrás do fogo. Ninguém acreditou. Todos
acharam que o homem tinha ficado maluco, porque não poderia existir outra
realidade a não ser aquela realidade que viviam. Disseram barbaridades para
ele, ameaçaram, riram, até que, como o homem insistiu muito, ele foi
assassinato por aqueles que quis libertar. Por que? Simples. As crenças dependem
muito da realidade na qual vivemos e o que nos transmitiram. As pessoas da
caverna acreditavam piamente que a realidade eram aquelas sombras, aquilo era
apenas projeções de algo muito mais além do que poderiam imaginar. Os valores são
criados dentro da cultura que esses valores foram construídos. Então, quando
vimos um Sócrates, um Buda, um Jesus ou outras pessoas que saíram dessas “correntes”,
eles são desprezados enquanto vivos. Porque o que diziam não interessavam muito
os que detém o poder. Os donos da caverna.
Jesus é um exemplo bem significativo. Foi desprezado durante
os três anos que tentou trazer a verdadeira realidade da alma humana, mas, não desistiu
da sua missão emblemática de tentar tirar as “travas” dos olhos dos homens. Teve
um fim trágico. Foi condenado e um bandido foi solto. Foi açoitado até suas
costelas apareceram em carne viva e ainda, como um escarnio, teve sua coroa de
espinhos que o machucaram até seu crânio ficar amostra. Seu olho ficou quase
pendurado. Suas pernas foram quebradas na crucificação e suas mãos, quase se
dividiram e duas. Sagrando, não conseguindo respirar, cego de um olho, no meio
de dois ladrões, disse ainda: “perdoai pai, eles não sabem o que fazem”. Ainda, um judeu caçador de cristãos, após sua
morte, disse ter sido chamado por ele para ser seu discípulo e escreveu cartas,
essas cartas são mais lidas do que seus ensinamentos. O mesmo império que matou
Jesus, depois de trezentos anos, com a desculpa de seu imperador tinha se
convertido, instituiu uma “ekklesia universalis” para pregar o que diziam ser as
palavras de Jesus. Mas, no meio disso, o império se desfez só sobrando sua “ekklesia”
e na idade média, muitos desses ensinamentos se mesclaram com ensinamentos de
interesse político, interesses de dominar povos bárbaros, de limitar a procriação
humana.
Então, novos homens se levantaram da caverna e quebraram a
correntes como Lutero, como Calvino entre outros, também, na filosofia. Depois de
quinhentos anos as correntes voltam e as crenças voltam como eram nos tempos do
império romana. Jesus, não ficava com os moralistas, nem com os que defendiam a
direita ou a esquerda, mas ficava com os “pecadores” e aqueles que eram
doentes, eram tristes e se vivesse hoje, ficaria com o povo LGBT e com aqueles
que precisasse de consolo. Ele mesmo dizia que o reino dele não era desse
mundo, pois, ele não tinha nada que o prendia aqui e não dá satisfação para
sacerdote nenhum.
Assim como Platão escreveu o mito da caverna em sua obra A
Republica, no livro sétimo, poderíamos dizer que ele se referia ao que
aconteceu com seu mestre Sócrates. Sócrates desfez a crença das sombras
mostrando que os mestres que sabiam nada sabiam, mas eles mesmo, disse isto. A frase
mais famosa dele: “sei que nada sei”, nada mais é do que a demonstração da
humanidade do filósofo. Quem mostra a
sua ignorância sabe que entendeu a realidade. A ignorância desfaz as crenças construídas
a partir de ensinamentos daqueles que querem dominar, os donos da caverna são
aqueles que projetam as sombras. O que são essas sombras? Os anúncios de tevê? São
as crenças religiosas? São aquelas crenças políticas?
As sombras são muito mais do que meras propagandas de
objetos inúteis, muitas vezes. Quando acreditamos que uma rede social tem uma relevância
política, você está numa sombra. Quando você acha que uma discussão política e
usa meme, ou usa escarnio para atacar uma pessoa e não uma ideia, você vê as
sombras. Quando você acredita que um único homem, seja da direita ou da
esquerda, pode melhorar um pais de tamanho continental como o nosso, você está
vendo as sombras. Na verdade, as sombras são todas as crenças que não sabemos
educar nossa mente em não acreditar e não é culpa sua, muitas vezes, e sim, do
sistema que você está inserido. Eu, por exemplo, tenho um ceticismo bastante
apurado para heróis, para informações da mídia, e para, aqueles que ficam
dizendo em “teorias da conspiração”, porque, a ciência como arma de dissipar as
sombras, começam a produzir elas. Não acredito na ciência cegamente, do mesmo
modo que não acredito na religião. Mas atenção! Eu não disse que Deus não existe
ou sou ateu, eu não acredito cegamente na religião. Do mesmo modo, não acredito
mais nessa forma arcaica de fazer política, mas também, não acredito em
ditaduras os “messias” do tipo D. Sebastião, o rei que até hoje é esperado em Portugal.
Eu sempre digo que o Twitter parece um muro de periferia, memes
sem sentido nenhum, escritos políticos de ordem (ordem até para o exército), como
se as pessoas perdessem a sanidade. A questão é que as redes sociais viraram a
caverna que Platão descreve, como sombras de uma realidade muito maior. Sempre,
no Natal, acreditamos em um papai Noel fabricado por uma fábrica de
refrigerante – que foi acusada de usar coca na sua formula - que hoje, sabemos não ser verdadeiro. São Nicolau
andava de treino, puxado por cachorros e tinha uma roupa verde e não vermelha. Acreditamos
num coelho da pascoa do tipo das fabulas dos desenhos Disney – a maior desgraça
de George Lucas foi vender os direitos autorais para ela do Star Wars – porque,
coelhos são animais que se reproduzem rápido e o ovo, de chocolate, é o símbolo
da renovação. Mas a maioria prefere ficar nas sombras e acreditarem só no que
compram, no que enxergam, no que pensam ser a felicidade. A felicidade não é
ter um carro, é poder ter um carro, pois, o comprar não quer dizer se vai poder
manter. A felicidade não é parecer rico no Instagram, é manter essa felicidade
quando não tiver mais nada disso. A felicidade deveria ser igual Deus para o judaísmo,
pois, escrevem D´us para não dizer o “nome dele” em vão, no mesmo modo, deveríamos
escrever “alegrinho”. Somos, na verdade, alegrinhos.
Talvez, eu nasci com as correntes fracas porque sempre tive
a necessidade de aprender e quanto mais aprendemos, sempre vamos enferrujar
essas correntes. Mas se as sombras são símbolos de uma realidade ilusória, e as
correntes são os conceitos que nos ensinam dentro da cultura onde foram
produzidas. Ficamos presos em religiões. Ficamos presos em conceitos. Ficamos presos
em ideologias. Sem questionar nada, ficamos acreditando em crenças que nada vão
ajudar em nosso crescimento. A evolução universal, não tem a ver só na
biologia, mas existe uma evolução muito maior dentro do que conhecemos. Você acha
que todo o conhecimento acaba nessa vida? Você acha que tudo que leu, aprendeu,
que viveu, que absorveu e fez, acabara no nada? Seria muito mais simplista e preguiçoso
achar que acabou na hora da morte, seria, no entanto, mais cômodo acreditar no
nada.
O nada é uma sombra, tem a mesma validade da questão do mistério
divino, não há como acreditar cegamente. Sou cético ao ateísmo militante ou não,
sou cético na questão religiosa, sou cético na questão cientifica. Minha mãe morreu
de câncer e todos nós sabemos, que a onda crescente de câncer é devido aos
testes nucleares do atlântico. Isso não é uma teoria da conspiração, isso é fato
comprovado com as bombas de Hiroshima e Nagasaki, do acidente de Chernobyl e
por mais que neguem, muitas nações fizeram sim testes nucleares. Então, eu não acredito que as coisas são simples
como explicações cientificas só para explicar uma doença que era rara, passou a
ser comum no século XX. Porque? Por que
tantos esforços para explicar algo que quem tem uma leitura razoável cientifica,
sabe que as explicações não têm nenhum embasamento? Por que devo acreditar em
algo que é financiada pelo dono da caverna? Isso é não acreditar nas sombras. As
crenças não são só religiosas, vivemos numa realidade que aprendemos ser
realidade. Mas será mesmo que é a realidade?
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