
Primeiro lugar, para entender alguma coisa temos que saber o
que os termos significam e de onde ele se originou. Etimologicamente o termo idiota veio do termo
grego clássico idios que quer dizer
“pessoal, privado”, idiotes que era
“individuo privado” que era uma pessoa que tinha uma vida comum, pois, enquanto
o cidadão (politikon) se ocupava da vida pública, o indivíduo comum (idiotes),
que eram pessoas que chamamos hoje de “ignorantes”, que eram, a maioria.
Talvez, nesse sentido que Lenin (o líder da revolução russa), disse que existem
idiotas uteis, porque existem sempre pessoas que tem um nível mental muito
baixo que não pode distinguir o que querem que ela faça. Mas não é uma
deficiência mental, mas uma deficiência educacional do nosso povo achar que não
se precisa estudar para ser algo, mas o estudo não é para ser algo na vida, e
sim, alguém que tenha opinião e não seja um “idiota útil” nas mãos dos querem
deter o poder. Quanto mais ignorante você for, mais a favor do ESTADO você será
e sempre vai achar que a sociedade é uma necessidade, pois, já se sabe que
muitos que ali estão, estão por vender essa imagem de um poder “sacro santo”
que a religião reforça essa imagem.
Ora, o que podemos ver no Facebook é os idiotas uteis
atacando coisas completamente, sem motivo de serem atacados. Como na cuspida do
ator que não poderia acontecer, mas que o outro provocou. A cuspida do
deputado, mas o outro provocou e seu filho também cuspiu. Poderíamos perguntar:
quem é o outro para determinar o que o outro é? Quem é o outro para julgar o
outro pelo o que ele acredita e sente? Quem somos nós para determinar o outro
os valores no qual acreditar? A visão de um idiota é sempre uma visão que ele
se coloca em um dos lados que sempre, no final da história, o que julgou certo
fará nós sempre se arrepender. Por que? Uma das melhores coisas da vida é ter
alguma opinião sobre as coisas, mas ter opinião não é o bastante, tem que
estudar para colaborar com essa opinião. Todos julgam governos comunistas, mas
ninguém estudou ou sabem o que é governo comunista. Todos julgam o outro a ser
fascista, mas a grande maioria nem sabem o que é fascismo, nazismo ou
socialismo. Porque querem as coisas fáceis, querem que as pessoas digam e ele
não terá o trabalho de pesquisar num Google ou ler um livro bom de história. Não
adianta apoiar, tem que saber, tem que sempre pesquisar, senão, vai passar
vergonha alheia.
Uns dos grandes problemas do nosso país é que somos milhões
de papagaios repetindo o que as outras pessoas disseram, ninguém em sua
maioria, gosta de pesquisar a fundo. Ser idiota também é uma questão de se
fechar dentro de uma só ideologia, numa só religião e nem sempre, vamos olhar a
religião num modo mais essencial ou até mesmo, a ideologia. Não há motivo
nenhum em acreditar que um sujeito que é a favor do regime militar é um
liberal, porque se confunde liberalismo com conservadorismo, mas o sujeito é
casado pela terceira vez, então, nem conservador é. Essas coisas só podem ser
analisadas graças a noção histórica que verificamos com livros de história,
neutros, que podem mostrar uma imagem daquilo que realmente foi. Ideologias
políticas não podem ser confundidas com idealismo político, pois, aquilo que se
faz na pratica não é o que se coloca em um projeto. Por exemplo, a filosofia de
Marx é um exemplo clássico, porque mesmo que os seus apoiadores dizerem que
nunca foi realmente, posta em pratica, sua base foi colocada no regime
soviético da URSS e na Alemanha nazista, que era, para se ter igualdade teria
que se matar 1% da população. O liberalismo de Locke foi apropriado pelos
burgueses e sofreu uma grande mutação, onde não importava a liberdade do homem
ser o que é, mas a liberdade do homem em ter a liberdade para ter o que quiser
e perder a essência em ser o que se é. A liberdade é uma utopia enquanto
pensamento político, pois a democracia nos remete a aceitar o que a maioria
decide, a ditadura acaba sendo pior, pois, se aceita uma decisão de um só. A
pergunta deveria ser: eu sou livre sendo um idiota ou um cidadão? Um idiota é
sempre um ser medíocre, um cidadão é um ser que enxerga sempre o que a maioria
precisa, então, se falarmos em igualdade estamos falando em liberdade, mas não
é a liberdade de fazer o que quiser, pois o “quiser” pode conter elementos de
um mundo que acredita que uma Ferrari é mais importante do que um beijo de uma
pessoa amada.
Se irmos muito mais a fundo e na essência da questão, o
cristianismo não deveria ser considerado conservador, pois, Jesus rompeu e
questionou muitas coisas dentro do judaísmo e por isso, foi crucificado. A
questão vai além disso: por que temos livros do judaísmo dentro do livro
sagrado do cristianismo? Por que temos que adorar dois deuses se um é um deus
intolerante e o outro passivo? O intolerante permite Moises matar trezentos
hebreus – naquele tempo não se chamavam judeus – por causa do bezerro de ouro,
já desobedecendo o primeiro mandamento, não matarás. Por outro lado, o passivo
deixa Jesus ser crucificado e humilhado diante ao poderio do templo, dentro do
poderio do império romano, pois, ali naquele momento, era a Glorificação dele
diante de mortes inúmeras dentro do evangelho. Prefiro acreditar que o Eterno
não interfere dentro das leis universais, porque como uma inteligência que
constrói algo, não respeita as leis que fazem esse algo funcionarem? Se tudo se
conservasse como está não haveria mudanças necessárias para a evolução, não
haveríamos de ter saído das cavernas, ainda num modo ético, estaríamos matando
crianças com deficiência, mataríamos os mais velhos por causa das doenças que
atrapalhariam a família, faríamos sacrifícios a Deus ou aos deuses. O
conservadorismo não se sustenta na ideologia política, não se sustenta na
física, não se sustenta em qualquer área que você colocar, muito menos, no cristianismo.
Não era Jesus que gostava de festas e numa delas, transformou agua em vinho?
Não era Jesus que era cercado por mulheres e nomeou Maria de Magdala, como sua
discípula? Não foi Jesus que disse que não éramos para não se preocupar com o
dia do amanhã, porque o dia de amanhã responderá por ele mesmo? Isso não era
uma postura de mudança de comportamento ou não? Dar a Cesar o que é de Cesar, a
Deus o que é de Deus, não é um convite ao desapego? Dizer que o cristianismo é
conservador é uma ofensa até mesmo a imagem de Jesus que nos ensinou tantas
coisas para mudarmos, mas ainda em essência, dependemos de patifes para nos
guiar até Deus.
Se não se sabe o que acredita, não sabe o que segue, e muito
menos, o que sente, como se pode se julgar o que o outro pode ser? Cada ser
humano, pelo menos na resolução dos direitos humanos universal, tem o direito
de ser o que é e não ser julgado por isso. Mas também quando partimos para a agressão
sempre o outro está certo, porque o nosso povo esquece que o outro provocou, o
outro xingou, o outro agrediu de forma gratuita e sem a menor educação. Para nosso
povo o outro que agrediu primeiro é sempre a vítima porque sempre há um motivo ideológico
para isso, ou motivos religiosos, motivos de cunho pessoal ou exclusivista, não
no coletivo. Seria bom olharmos ao todo, mas infelizmente, é ainda uma utopia e
cada vez, sejamos mais idiotas.
Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor e filósofo
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