segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A velha história do transporte acessível





Resultado de imagem para serviço atende






Por Amauri Nolasco Sanches Junior

A muito tempo venho falado que as pessoas com deficiência estão se iludindo se pensam ter algumas representações em alguma instancia – já expressei meu total apoio do Partido da Acessibilidade e Inclusão Social como uma representação concreta – estão totalmente enganados. Nenhum partido fara nada a não ser piorar aquilo que já está ruim, assim, a representação de nós, pessoas com deficiência, ou fica a cargo dos movimentos populares, ou fica a cargo dos conselhos e secretarias que não tem poder algum dentro do governo. Seria igual uma medalha de honra sem ter valor nenhum, sem alguma representação, sem nada que possa dizer que somos atendidos e muito bem tratados. Ou você faz algo pela causa, ou faz por você mesmo, ou fica à mercê de serviços públicos sem nenhuma eficácia. Aqui em São Paulo, ficamos à mercê de empresas de ônibus que além de conservarem muito mal os ônibus, além de não treinarem as motoristas de ônibus ainda, conservam muito mal as vans do serviço de vans acessíveis porta a porta, ATENDE.

Não vou contar a história do serviço ATENDE, mesmo o porquê, não é nossa finalidade dentro do texto em si. Mas, existem três modalidades dentro do serviço, a modalidade regular que atende tratamentos de semana, a modalidade eventos de finais de semana e a modalidade eventual, que são de atendimento médico. O regular também leva a consulta medica, mas são tratamentos mais diários que dependem de toda a semana, o eventual, seria uma vez por mês. Vamos falar da modalidade eventos que dão milhares de dor de cabeça não só para mim, mas para todas as pessoas que tem um movimento – também dá muita dor de cabeça para o conselho municipal das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida – que tem que ir em eventos. Para entender a situação temos que entender qual o papel importante dos movimentos dentro do segmento das pessoas com alguma deficiência.

As pessoas com alguma deficiência não têm mobilidade o bastante em uma rua do Brasil, são ruas com buracos, ruas sem nenhuma pavimentação, calçadas irregulares (que chamo de calçadas personalizadas), calçadas pequenas, calçadas com buracos e outras coisas – como se não pagássemos impostos de tudo que compramos e até pagamos impostos dos aparelhos que compramos (mesmo os que adquirimos pelo governo) – que dificulta o trafego e dificulta as pessoas com deficiência terem uma vida mais ou menos, “normal”. Os movimentos têm o papel de não só lutar pelos direitos das pessoas com deficiência, mas tem o papel de tirar essas pessoas de dentro de casa para o mundo lá fora. A questão das pessoas com deficiência vai mais além do que o capacitismo, porque a questão das pessoas com deficiência vai além do “direito”. Arrisco dizer que passa a ontologia (do grego onto que é homem e logos que é estudo), o estudo do ser que se transforma dentro do arquétipo (que vem do grego arké que quer dizer “principio”) que são a imagem que temos das coisas e para as pessoas com deficiência, o arquétipo da deficiência ao longo dos séculos, é um motivo muito plausível para se ter a duvida da capacidade.

Quando não tem transporte, aonde o movimento vai fazer esse tipo de trabalho? Se não houver transporte, como as entidades terão capacidade de tratamento? Se não houver transporte, como vamos estudar, como vamos ter lazer, como poderemos trabalhar? E ainda defendo que mesmo se houver um usuário na van, aquele usuário paga seus impostos, seus familiares paga seus impostos para cada van custar R$ 14.000 mil reais para a prefeitura. Usualmente, elas não saem de graça, elas não são caridade do poder público, custa muito para o contribuinte que tem que arcar com serviços públicos de má qualidade. Elevadores quebrados, pisos de dentro da van inadequados, entre muitas coisas, que saem de cada bolso de um suor obrigado, massacrado de não ter, muitas vezes, como sustentar sua família. Mas, é obrigado a sustentar o poder público e o dinheiro não volta, nem no transporte, nem na saúde (tratamentos nos postos de saúde das periferias não existem), nem mesmo na educação. Não precisamos ideias capacitistas de assistencialismo teletonianas, que alimentam mais a incapacidade da sociedade de nos ver como ser humano. Mas, precisamos de uma educação inclusiva, uma eliminação definitiva a ideia inata (arké platônico), de uma imagem inexistente de uma pessoa incapaz. Sem o transporte não podemos nos locomover (direito a ir e vir), não podemos ter saúde (direito a vida), não podemos ter educação (direito ao aprendizado) e também, acima de qualquer imagem, não temos nem como trabalhar naquilo que escolhemos (direito da livre escolha).

Espero, sinceramente, que o prefeito João Dória – acima de qualquer ideologia política partidária – arrume tudo isso, que até o momento, está gerando imensas confusões. Primeiro, que dez dias para marcar um evento é muito e gera confusão, por exemplo, mandei fichas para o dia 15, 19 e 26, e somos informados que as fichas não chegaram e não vamos poder ter o evento nesses dias. Segundo, nenhum técnico que faz a programação do horário do transporte regular, andou no trajeto que ele acha conhecer. 20 minutos de uma estada a outra a 50 km é até motivo de piada, porque sempre agora, eu chego atrasado na minha fisioterapia. Terceiro, a qualidade da maioria das vans é péssima, as molas de carreto as vans pulam muito, a qualidade é “podre” e nem uma carrocinha de cachorro poderia ser desse jeito.


Como diria o orador romano, Cicero, “até quando iremos aguentar isso?”. 

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