domingo, 25 de março de 2018

O que seria liberdade? Não é marca de chocolate







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Quando nós escolhemos ser escritores, ou filósofos, temos que ter uma certa liberdade para expressar as nossas ideias. Senão, as coisas não andam em qualquer texto, quanto mais, quando damos alguma notícia em sites especializados. A algum tempo venho escrevendo notícia para um site norte-americano e que tem um viés de popularização da noticia, trocando em miúdos, você escreve o que você leu na sua visão e no terceiro pessoa. O interessante, é que, nós não podemos expressar nenhuma das nossas opiniões sobre o que noticiamos. Acho que é valido, porque o site fica visado por aquela visão, mas, acho também, que o site começa a ter certos vícios que no nosso país contem. Fico lendo as outras notícias e fico achando que estou lendo sites de fofoca, ou blogs de notícia – muitas pessoas pensam até que o site na verdade é um blog – ou até mesmo, textão do Facebook que algumas pessoas gostam de postar.

Nada de errado ter regras, uma empresa te dará as ferramentas e você dará a força de trabalho. Assim é a base capitalista. O problema é quem avalia e “corrigi” os textos, que ao que parece, temos que desenhar. A última notícia recusada, eu noticiava a questão da desembargadora que agrediu gratuitamente, a professora com Síndrome de Down, Débora Seabra. O avaliador (que tem o nome junto ao meu de corretor mais quem corrigi sou eu), disse que o texto estava confuso e que não daria nem para corrigir os erros de português. Ok. Eu li e reli e não achei em nenhum momento um texto confuso, já que, não fiz um texto noticiando o caso, eu trouxe dentro do texto algo para dar o comentário, que nem posso escrever adjetivos. A muito tempo que venho sentindo que vários desses avaliadores nem corrigem, nem leem, porque se lessem, não estariam dizendo que eu estava escrevendo confusamente. Quando eu encontro esse tipo de frase ou parágrafos, eu corrijo. Claro, algumas coisas me escapam e vou encontrar lá na terceira leitura.

A questão que fica, além da questão gramatical, é a da liberdade. Liberdade é algo primordial para o ser humano exercer a sua vontade, e essa vontade, é o que faz exercer dentro de uma única escolha possível. Mas como exercer essa escolha? Tudo que dissermos é uma escolha. Tudo que escrevemos é uma escolha. Nem tudo que dizemos, podemos falar. Às vezes, ofendem, outras vezes, podem representar uma linha de raciocínio que podem tirar as pessoas da ilusão. Quando dissolvem as ilusões, dissolvem as “sombras” que se pensou ser verdade. Mas o que é a verdade? O que é a realidade e o que é a ilusão? Não sabemos. Mas podemos questionar tudo que nos é imposto, tudo que a nossa cultura nos impõem e não é questionado. Descartes, filósofo francês do século XVI, dizia que nos resta a dúvida e a nossa única certeza é a nossa própria existência. O “penso, logo existo”. Quando olhamos esse texto, podemos duvidar da sua existência, porém, não podemos duvidar de quem está lendo que sou eu. Mas, como saber que esse texto é uma ilusão? O que sentimos além de pensar?

Sentir e pensar é a consciência. A consciência é o sentir entre você e o objeto – o fenômeno da existência – enquanto, o objetivo e o subjetivo entre você e a realidade. Ou seja, quando você não consegue ler um texto, você está envolto em símbolos de conceitos e realidades que constroem nossos valores. Crenças. Essas crenças e valores, vão moldar a realidade e tudo que vimos e lemos. Não tem jeito. Somos animais que criamos símbolos e assim, somos animais simbólicos. Por que? Talvez, dentro da evolução, criamos nomes e termos para simbolizar a realidade, ou seja, quando dizemos “aquela pedra”, o termo “pedra” só é um nome para designar um acumulo de minerais que endurecem e se transformam, em objetos. Pedra não é um nome natural. E outra coisa, em outras línguas tem outros nomes, como em inglês “stone”, em francês “pierre”, em alemão “Stein” e por aí vai. Na verdade, pedra veio do grego “pétra” e daí veio para o latim como “petra” que é a entidade natural, rígida do reino mineral. Na essência, tudo não passa de um símbolo, não tem uma conotação essencial universal. Podemos chamar pedra aqui e em outro lugar do universo, pode chamar outro termo.

Imagine se não tivéssemos nenhuma linguagem – que já estão em pesquisa, que algumas espécies, tem sim linguagens rudes – haveria o ser humano ter promovido esse progresso todo? Como tecnólogo – além de filósofo e publicitário – a tecnologia como está, só chegou a esse ponto, graças a invenção de uma linguagem própria. Portanto, quando falamos de linguagem, estamos falando não só de letras, mas o fenômeno de darmos sempre, uma certa simbologia aquilo que queremos dizer. Se você não tem a mesma visão, você não vai entender. Aí entra um dos melhores argumentos de toda a filosofia, na minha visão: não há fatos eternos e tão pouco, verdades absolutas. O filósofo prussiano, Nietzsche, entre outras coisas, acertou nessa, quando elaborou essa frase e ele se baseou lá no filósofo pré-socrático, Heráclito. A base da filosofia heraclitiana, é que tudo vai fluir e quando tudo flui, não entramos na mesma água duas vezes num mesmo rio.

Tanto Heráclito, quanto Nietzsche, vão dizer que o tempo muda com as circunstancias vão sendo escolhidas – no caso de Heráclito, não tinha essa ideia de tempo e que tudo pode mudar, mas, não temos escolhas. O que o filósofo argumenta, é que o tempo muda conforme o pressuposto dos fatos – e os fatos não podem mudar o ser, o ser é único e exige uma personalidade. Segundo Nietzsche, somos únicos em sentir e não em só, pensar. O que seria a liberdade? O “instinto” da vida. Duas coisas que Nietzsche dizia era o amor fati (amor ao destino), também, o Eterno Retorno. O Amor Fati, era aceitar o fato como ele é realmente, não no sentido de aceitação, mas no sentido de não chorar por aquilo que não pode ser mudado. Você pode evoluir e ser acima daquilo e esquecemos tudo que aconteceu. Para Nietzsche, não existe o amanhã, mas o hoje é a vida sendo vivida na sua plenitude. O Eterno Retorno é imaginar que há muitas criações em tempos eternizados. Se houve vários começos da humanidade? Isso não é novidade dentro da filosofia. Se, realmente, a humanidade como conhecemos, tivemos vários começos?

Mas, o que isto tem a ver com a liberdade? O princípio da Liberdade de Expressão é a linguagem, sem ela, não haveria um progresso da humanidade e muito menos, esse texto. A filosofia como o começo racional das mitologias – a filosofia vai tratar de outras maneiras os símbolos dentro dos mitos – começou graças a linguagem como símbolo mor da comunicação. Mas, eu não concordo com o iluminismo que a mitologia é uma parte da religião, pois, a mitologia é muito mais do que a religião, ela não religa a nada. A simbologia dos deuses antigos tinha a ver com a natureza do ser humano e do planeta, não tinha nada fora do planeta e era, de certa forma, um meio de indagar sim a nossa origem. De onde viemos? Da Terra? Era uma visão bastante rudimentar, mas, era uma visão ancestral bastante compreensível. A filosofia deu o rumo a vários estudos dentro dos símbolos, dentro das mitologias, dentro da natureza de um modo geral. A linguagem como modo de expressar desses estudos, são bem-vindos como modo de ver a essência da realidade. Entramos no “conhecer a ti mesmo” socrático, porque conhecendo a si mesmo, a realidade se mostra sozinha.

Se sei da minha capacidade da escrita eu não vou errar, porque sei da minha responsabilidade. Se estou confuso diante do texto e não me faço entender, o problema é da lógica e estarei prejudicando a mim e ao veículo que está meu texto. Minha liberdade tem certa restrição de respeito ao outro. Você só percebe isso deixando o falso ego e aquilo que chamamos de orgulho de aparecer, de admitir seus erros. A liberdade tem que ser plena no meio jornalístico, e, não tem o que discutir.

Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News

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