
Com essa história da passagem da tocha paralimpíca pela
cidade de São Paulo nos colocou uma questão interessante a ser questionada: será
que a inclusão social da nossa condição de deficientes (não tenho o menor
problema de me chamar assim), é realmente democrática? Que o próprio segmento
de PCDs não é, estamos “carecas” de saber, pois, para termos um certo “sucesso”
ou ser amigo da “tchuma”, devemos sempre não dizer a verdade e ser da esquerda
militante. Mas que há um além disso – mesmo o porquê, devemos respirar de vez
em quando – que me faz pensar que ainda somos um país que se você não pensa o
que a maioria pensa, você dança e é isolado. Mas minha preocupação aqui é
totalmente moral.
Moral no sentido de ter um certo caráter, ter a convicção até
mesmo para tomar decisões difíceis como a da paratleta belga que resolveu morrer
para acabar com seu sofrimento que até, para isso, temos que ter uma certa
coragem. Coisa que muita gente não tem, ou tem mas existem certos interesses
que não podem ser contrariados. Vamos ser honestos, o segmento faz isso 24
horas por dia e damos o aval de certas “palhaçadas” que não deveria acontecer. Você
acha certo um evento da tocha Paralimpíca, aqui em São Paulo, passar por
entidades que nada tem a ver com a inclusão das pessoas com deficiência? Só são
relevantes dentro da reabilitação – a AACD male, male – e isso pode alimentar
uma imagem de um estereotipo que só somos alguma coisa, se pertencemos a esse
tipo de “nicho” social. Aliás, para serviços públicos, pelo menos aqui em São Paulo,
só existem duas instituições representativas das pessoas com deficiência: o
Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e entidade AACD.
O Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência aqui da
cidade de São Paulo, não representa nada dês de quando o prefeito Haddad tomou
cargo. Quem disser diferente é um mentiroso. Mentiroso no mesmo sentindo do que
aquela música do Legião Urbana: “mentir para si mesmo, é sempre a pior mentira”.
Sim, achar que um conselho pode representar um segmento que não faz nada para
isso é querer convencer que baleias são leves, que os botos não são rosas e
ainda, que o conselho não é palco de grandes propagandas políticas. Eu participei
e sei que o conselho nada representa a não ser interesses acima do que realmente
deveria fazer, defender veemente as pessoas com deficiências e nada mais. A AACD
nem preciso dizer nada, pois, tudo que eu acho da “pomposa” entidade eu já postei
nos inúmeros blogs que ao longo dos meus anos na rede, eu tive oportunidade de
ter. Muito papo furado e pouco tratamento. Como um publicitário, o Teleton tem
milhares de erros que poderia enumerar aqui, mas não estou com vontade.
Meu alvo é outro. Não que a AACD não mereça a minha atenção,
mas cansei de querer acordar pessoas canalhas a quererem ver aquilo que não vê porque
fica achando que bajulando entidades, o tratamento vai ser Vip. Como disse lá em
cima, a questão que quero me ater é moral, moral e ética, pois, tem muito a ver
com o costume verdadeiro e o caráter convicto. O caráter convicto é aquilo que
na essência, vai medir o que realmente você é, o que realmente o que você acredita
e o que você acha de alguma coisa muito além de pequenas ideologias. Serviços de
transporte deveria ser medido por ideologias? Não. Principalmente, quando se
trata de um serviço especial de vans que aqui em São Paulo, se chama ATENDE. Mas
não é isso que acontece quando nos deparamos com a responsabilidade de levar
pessoas com deficiência no trabalho, no tratamento, nos estudos e no evento. Mas,
ao que parece, o gerente geral (não vou colocar o nome, pois, meu blog não merece),
esqueceu.
Acontece que a questão é sim ideológica e tem a ver com os
dois hipotéticos representantes das pessoas com deficiência. Por que não irão atender
muitos movimentos no dia 4 de setembro? Por causa da tocha paralimpíca? Não. Não
vão atender por causa de coisas muito além do que mera tocha paralimpíca, que é
a questão moral do caso, como disse acima. Aí entramos no âmbito ético e na ética
ou você tem caráter de assumir uma posição de igualdade, ou você não é uma
pessoa ética. A ética e muito menos a moral, nunca tiveram um ar relativista e
nunca terão, pois, ou você sustenta um modo de agir e um caráter verdadeiro, ou você
é um verdadeiro canalha e não estou falando só do serviço ATENDE, estou sim, me
estendendo a prefeitura que colocam esse tipo de gente num serviço desses. Uma hora
diz que vai atender e no outro diz que tem o direito de recusar o pedido,
simplesmente, dando mais ênfase a entidades que nada fazem pela inclusão como a
AACD e outras. O que uma F1 vai trazer de inclusão que todas as vans irão para lá?
O que vai trazer o Teleton de acessibilidade que todas as vans irão para lá? Fora
que as melhores ficam sempre na zona sul, zona oeste ou vão para tais eventos “importantes”.
A questão nem é as entidades, na pratica, o serviço deveria
abranger a TODOS, não é isso que acontece. Sempre quando tem muitos eventos, o serviço
tem sempre recusado nosso pedido que, pelo que podemos analisar, são escolhidas
a dedo os movimentos atendidos para os eventos. Quem realmente tem a permissão de
usar o serviço? Quais os eventos que realmente, tem a permissão de ser
priorizados no serviço? Há muitos mistérios políticos, mas não há mistério
maior de onde veio que a inclusão aqui no Brasil, é democrática.