sábado, 20 de agosto de 2016

Guerras ideológicas: a epopeia da burrice






Quando se lê a etimologia de política (que vem do grego “politikon”), vamos chegar em cidadão. Vamos lembrar que quando os gregos clássicos pensaram na democracia (demokratia, demo=povo kratos=poder), pensaram em um tipo de governo que abrangesse os cidadãos livres daquele tempo. Ou seja, eram homens livres, sem serem mulheres, crianças ou escravos e que soubessem a arte da oratória. Sim. Cada cidadão ateniense, deveria saber falar em público ou ter boa oralidade. Sabemos que muito herdamos dos gregos clássicos, mas herdamos muito mais, dos latinos romanos que herdaram quase toda a cultura grega. Então, quando se fala de maioria se fala de homens que eram livres e que eram homens estudados para exercerem tais cargos.

Eu acho que é exótico essa grande paixão que temos pela democracia e que temos apresso por ela, porque somos levados a acreditar na liberdade. Mas somos libertos de verdade ou somos iludidos por uma liberdade virtual? Tudo que é virtual é uma potencialidade de um ato, na essência, esse ato ainda não existe. Se irmos muito a fundo da questão, a democracia não é um regime justo, mas sem sombra de dúvida, é o melhor regime que temos. Porque podemos, pelo menos, mostrar a burrice ideológica que ainda povoa nosso povo. Se você diz algo que desagrada o pessoal da direita (os do “bem”), somos taxados de “esquerdistas” e que temos algum vínculo com a esquerda, se você diz algo que desagrada à esquerda (os “imaculados” que querem salvar o mundo), somos taxados de “coxinha”, “fascista” (como se soubessem o que é fascismo) e que votamos no PSDB (porque o Lula enfiou na cabeça deles que PSDB é de direita). Esse tipo de debate cansa quando você não pode fazer uma análise mais ou menos, verdadeira na questão.

A questão até é muito fácil de encontrar, as pessoas não querem encontrar porque se depara sempre com seu lado sombra. No meu texto: “Na Sociedade do Espetáculo, há ética? ” (Quem quiser ler, linkado -> aqui), faço uma análise dentro da ótica moral do filósofo Kant, que viveu entre o século dezessete e o século dezoito, que faz referência ao seu imperativo categórico. Nós precisamos de imperativos porque temos necessidades, essas necessidades devem ser saciadas por sermos seres finitos. Sim, não somos seres onipotentes ou onipresentes (como Deus), então, não sabemos o que o futuro nos reserva e nem estamos completos (com o SER totalizados), porque somos seres limitados, inócuos, finitos ao ponto de querer saber de onde viemos.  Se temos necessidades e somos seres limitados, então, não podemos deixar essas necessidades ir além da nossa ética (caráter), ir até o fim para sacia-la a todo o custo. Por exemplo, não posso roubar aquilo que não me pertence para saciar a minha necessidade, não posso matar só pelo fato do outro me fazer algo, porque a minha moral (relativo ao costume), me faz não praticar isso e a minha ética  não “cabe” no ato de matar.

Por que o ato de matar não “cabe”? Porque o ato de matar foi ensinado dentro da educação moral (familiar), que aquilo é errado e não pode ser praticado, como qualquer violência contra o outro, dentro de cada aprendizado da moral, há uma pratica da construção ética. Essa construção ética vai definir o meu caráter e vai definir o meu ato de parar ou não nas vagas de estacionamento para pessoas com deficiência ou idosos, sentar ou não em acentos preferenciais, gritar ou fazer gestos em transito, discuti ou fazer “fofocas”, vai definir o que a criança será quando for adulto. O problema sempre foi em deixar seres humanos melhores no mundo e não, deixar só mais arvores ou animaizinhos peludos. A questão é outra. A questão passa a ser da dependência ideológica de achar que algumas políticas públicas e alguns políticos vão salvar o mundo, porque não vão e só vai piorar se o “populacho” facebookiano, não acordar do seu sono enigmático entre a religião e a ideologia.

Eu não confio nas pessoas que não confessam seus pecados, que se fazem de “boazinhas” todo o tempo, ou que enche o saco com a questão de não acreditar ou acreditar em Deus. Toda bondade humana tem um preço e esse preço sempre estará no purgatório, ou seja, entre o inferno e o paraíso, entre a dor e o prazer, é a mais verdadeira realidade. Gosto mais do Pica-Pau do que do Pequeno Pônei, gosto mais do heavy metal do que das músicas românicas sertanejas (que são chamadas por mim de choro pop).  Porque não quero sentir paz, na paz não há evolução, na paz não chegamos ao conatus espinosano da vontade de sem que essa vontade transborde (a violência), mas que nos traga o prazer da aprendizagem.

Minha construção ética foi uma construção daquilo que era real, dentro do que vivi dentro dessas mesmas políticas públicas (sem emprego, mesmo com diploma, saúde precariamente, sem acessibilidade e um transporte de péssima qualidade), com esses mesmos políticos, com essa mesma guerra ideológica, a única diferença, que essa mesma guerra era nas ruas. Nunca li tanta burrice, nunca encarei total despreparo político e religioso (no tempo que minha vó ia na igreja as pessoas sabiam ler e escrever e discutiam política muito mais coerentemente), não sabendo princípios éticos e morais, acreditando em algo que nem estudaram. Para mim, não há diferença entre o marxismo e o cristianismo, pois os dois acreditam em utopias. Claro, que a grosso modo, estou dizendo o cristianismo baseado em uma tradição teológica baseada num platonismo-aristotélico, onde não cabe a doutrina verdadeira de Jesus.


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