Esse video fiz para provar que estou sem o meu remédio, porque simplesmente, a médica só dará a receita quando tiver a consulta.
“O
primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os
homens que tem à sua volta. ”
(Maquiavel)
Segundo o currículo acadêmico do nosso prefeito daqui de São
Paulo o Sr Fernando Haddad (PT-SP), é de pós-graduação em filosofia (já tivemos
uma previa quando ele foi ministro da educação, que teve chance de fechar as
classes especiais e não o fez), que eu duvido. Para começar ele esqueceu da
ética e que não se governa para agradar todo mundo, o que realmente precisa,
vai ficar faltando e não é certo fazer. Todas as nossas conquistas aqui em São
Paulo, sobre inclusão, a gerencia que estava fazendo um bom trabalho no ATENDE,
as coisas que sempre lutamos, não existem mais porque o sr prefeito esqueceu da
máxima filosófica que a ética não se tem na teoria, mas sim, se pratica e até o
mais idealista dos filósofos antigos, Platão, concorda.
Mas, claro, se ele realmente estudou filosofia não estudou
muito nem na ética e muito menos, a moral. Ética veio do grego ethos ou ethiké que tem a ver com o caráter das pessoas, o caráter, por
exemplo, vai determinar um ato ilícito ou licito, vai determinar um ato de amor
ou ódio, de praticar crimes ou atos de solidariedade. Não gosto da definição
moderna, pois, fica parecendo que a única questão da ética é cuidar do nosso
ato social, um ato que tem a ver sim com o caráter e quando pessoas necessitam
do básico e não são atendidas, aí a ética falhou e vimos inúmeros exemplos aqui
no Brasil. A nossa cultura, em sua essência, não foi construída a partir da
ética porque muitos colonizadores (vulgo bandeirantes), vieram basicamente,
para resolver suas próprias dificuldades financeiras ou enriquecer ainda mais.
Ou seja, vamos pensar como um bandeirante: vou lá nas terras onde só existem
selvagens nus (assim se pensava na época), vou pegar quantas riquezas puder,
volto para Portugal e deixo até os filhos que tive com as mulheres selvagens
nuas que seduzi ou simplesmente, estuprei. Isso é um ato ético? Não vimos isso
até hoje no meio da política? Não é uma política de levar “vantagem” até hoje?
Foi ótimo a esquerda governar o país (mesmo que o PT tenha
deixado a agenda da esquerda para ter uma política muito mais abrangedora),
porque mostrou que o problema não era o modo e nem a ideologia que estavam
sendo apresentadas, mas a cerne do problema é a ética que falta na nossa
própria cultura. Você acha que as músicas apresentadas nas nossas rádios,
mostram a ética e as bases de uma moral solida? Já na parte da traição (que vem
junto com os bandeirantes, já que esses tinham toda a liberdade de faze-lo),
era motivo de não ser digno de ser cristão, a ética religiosa é uma ética muito
mais moral. A moral vem do latim mos no
plural mores, que foi uma tentativa
de traduzir o ethos dos gregos que os
romanos designaram como “relativo aos costumes”, ou seja, para os romanos (e
talvez carregamos isso muito ainda), os costumes valia muito mais do que o caráter.
Em um bom português claro, um padre ou pastor pedófilo é muito mais importante
do que um homossexual ou uma pessoa tatuada, por exemplo, porque os romanos
trocaram os significados e ao invés de nos importarmos com o caráter, sempre
nos importamos muito mais com o costume que não questionamos. O prefeito como
professor pós-graduado em filosofia deveria saber disso, pois, a filosofia nos
dará sempre melhores referencias do que devemos fazer ou não, deixar como
escolhas das pessoas ou tomar uma posição e para as pessoas com deficiência,
tomou milhares de posições erradas.
Primeiro tratou o transporte ATENDE como um mero transporte
de pessoas com deficiência sem importância alguma, sendo que por anos o
transporte ATENDE foi referência dentro de não só aqui no Brasil, mas no mundo.
Colocou um gerente que não age como gerente, ele simplesmente, acha que as vans
são dele e não existe ninguém no mundo que faça ele entender isso, porque
sempre vai achar que é perseguição. Mas a alegoria do escravo e do senhor é de
Hegel (que majestosamente, Paulo Freire colocou como o oprimido sempre quer
oprimir), onde o escravo é escravo para se auto conservar, ou seja, as pessoas
se “fazem de santas” para poderem ter o que querem e esse querer é para se
autopromoverem. Claro, que essa alegoria é uma maneira de explicar a dialética
diante o conhecer-a-si que acredito que o prefeito conheça bem, mas eu gosto da
conotação do Paulo Freire que também tem um porém, que quem é oprimido sempre
vai querer oprimir. O budismo vai chamar isso de karma (que erradamente,
achamos que é um castigo e não é), pois é um trabalho de eliminar a roda de
oprimidos e opressores, de acusados e acusadores, de vítimas e vitimadores, de
doenças, de tudo que nos causa dor. Quando é eliminada a roda de Samsara, não
precisamos mais ser um ser oposto e nem nos preocuparmos com o futuro, ele é o
que escolhemos, daí muitas pessoas deveriam repensar essas atitudes.
O prefeito como um pós-graduado em filosofia deveria saber
que há nessa explicação que eu dei, que não foi mais que o básico de qualquer
um que tenha um diploma de filosofia, uma razão de existir. Qual? Quando
colocamos um comando que envolva seres humanos (não parece, mas há seres
humanos dentro das vans do ATENDE), devemos pensar se essa pessoa está
qualificada para tal e não é um misero motorista dentro do seu partido. Que não
é qualquer ser humano, porque são pessoas que exigem um tratamento diferente,
um tratamento que, necessariamente, exige gostar daquilo que fazem. Não ter
vans que são modificadas e ao modificar (porque são vans baús e tem acessórios
diferentes), não modificam as molas, não modificam o cinto, não tem uma trava
segurando a roda da cadeira e algumas, que são equipadas com trilho de frente,
esticam demais a cadeira (já quebraram uma cadeira minha); o cinto que nos
segura é ineficaz (acho que os engenheiros do ATENDE, esqueceram das aulinhas
básicas de física da lei da inercia de Newton). Não é só nas vans do ATENDE,
parece que esses mesmos engenheiros fazem adaptações para a SPTrans que são bem
parecidas, se frear e o cadeirante não achar apoio, cai.
Vamos fazer um exercício bem simples que chegaremos as vias
de fato: o que é a vida? Para chegarmos ao conceito de ser humano (o SER nesse
caso é uma explicação sim, de totalidade), temos que antes, usando a dialética
hegeliana que Marx usa em alguns casos, que definir o que seria um ser humano.
A vida (vita), poderia ser definida como uma totalidade de um ser a partir da
concepção independente de ter ou não uma consciência, ou seja, um vírus é uma
forma de vida e não tem consciência, uma bactéria não tem consciência, mas é
uma forma de vida. Se uma bactéria ou um vírus (que aliás, a ciência não tem
uma classificação para o vírus), pode ser chamado de ser vivo (segundo Hegel, o
ser é uma abstração), o homem é um ser que tem uma racionalidade que diferencia
dos outros animais. Mas quando vimos um ser humano, pertencente a espécie homo sapiens, não diferenciamos esse ser
humano só porque ele tem diferenças e essas diferenças, que a esquerda
brasileira adora salientar, não são diferenças de espécie, mas características
ambientais evolutivas (no caso de diferenças de cor ou características corporais),
alguma anormalidade genética, alguma deficiência causada por erros médicos e
até, nascem com algumas características sexuais diferentes dos demais. Mas isso
não faz esse ser humano com tais diferenças, não serem seres humanos, pois, um
humano tem características básicas para ser caracterizado como ser humano.
Se somos pessoas com alguma deficiência e não diferenciamos
de qualquer ser humano, temos as mesmas disfunções e doenças de qualquer ser
humano (até devido a deficiência, dependendo do grau e da deficiência), que
qualquer um é sujeito. Eu sou hipertenso (pressão alta), por causa da herança genética
que meus avós por parte de mãe, por exemplo, e não por causa da minha
deficiência. Como a minha noiva tem escoliose (diagnosticado errado pela AACD),
luxação da bacia por causa da deficiência que não foi diagnosticada direito e
que trouxeram outras doenças e complicações. Mas isso não nos fazem não sermos
seres humanos, precisamos de profissionais da saúde, precisamos de alguém nos
transporte, precisamos que alguém nos olhe e um tratamento continuo. Eu acho
que essa definição de vida e o que seria um humano (um ser com a totalidade
racional de distinguir o que quer pela vontade), pode ficar claro que queremos
muito que o sr prefeito lembre lá das suas aulas de filosofia e lembre eu tirar
um direito básico de ter uma visita medica é sim, antiético. Será que para um político,
somos seres humanos ou meros “fantoches” eleitorais? A dialética está aí: no
perfeito e o imperfeito, nos casos prioritários, nas relações entre ser ou não
importante. Eu estou sem o remédio da hipertensão, minha noiva não consegue
vaga para a operação, assim como muitos que tem uma deficiência (duas nossas
amigas morreram por descaso do posto de saúde), também sofrem esse desaso.
O que fazer? Por que
foi revogado as visitas residenciais para pessoas com deficiência? Pela definição
que eu dei, eu acho que ficou claro que as pessoas com deficiência são seres
humanos (tanto é que prefiro chamar de humanos com deficiência), pois temos características
que definem o que seria um ser humano. Mesmo aquelas que não tem uma consciência
madura, no caso dos que nascem com síndrome de down e o que nascem com microcefalia,
são seres humanos, são humanos com deficiência. Então, como um prefeito revoga
uma lei federal, que obriga o ESTADO (quando digo ESTADO eu digo todas as
estancias do governo), a fazerem consultas residenciais em idosos e pessoas com
deficiência? Como um prefeito não tem a capacidade de tratar as pessoas com deficiência
como seres humanos, tendo essas vistas, tendo vans de melhor qualidade, tendo adaptações
certas, tendo gerentes que tratam nós humanos com deficiência, como seres
humanos e não “coisas” transportadas? Mas estou com Nietzsche, as pessoas
famosas ou políticos, só fazem amizades por interesses e esses interesses tem
que trazer alguma coisa, que no fundo, os trouxas somos nós mesmos.
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No Clube de Autores: O Caminho e Liberdade e Deficiência
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