
Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
Duas coisas me fizeram escrever
esse texto: uma, é explicar o que seria um ateu “toddynho” e o que seria ser
esse tipo de ateu. Em segundo lugar, a incrível mania do nosso povo em se
fanatizar por tudo e por todos só porque falaram meia dúzias de palavras que
concordam. A expressão “fulano toddynho”, na verdade não é nova, porque ela
começou com as passeatas em prol o impeachment que o pessoal dizia: “só falta
levar Toddynho lá” em alusão as incursões escolares que as “tias” levavam
caixas de Toddynho para serem distribuídas entre os alunos.
Existem várias definições para os
ateus, mas os únicos ateus até hoje que tiveram argumentos bons foram os ateus
gregos e em especial, Epicuro. Ele dizia, que se existe um deus bom, como
poderia haver a maldade sendo esse deus um ser em pura bondade. Tempos depois –
muito tempo – os gnósticos irão dizer, que na verdade, o deus que todo mundo
judaico-cristão acreditava era mal e só a alma humana era boa. Como era de se
esperar, os gnósticos foram acusados de heresia e não eram considerados,
cristãos verdadeiramente. Na verdade, não podemos muito saber qual a real
doutrina jesuítica sem tropeçar na área mística que deram em torno da figura de
Jesus de Nazaré. Os únicos relatos que poderiam ser chamados de um ensinamento
genuíno, são do sermão da montanha, onde ele vai lançar toda sua filosofia ali,
logo tudo não passou de uma tentativa de mistificar a figura de Jesus. Mas
podemos chegar fácil na conclusão que o mal não é uma força distinta, mas é um
lado de uma mesma força, ou seja, não podemos culpar a fábrica de faca por
causa de um assassinato.
O ateu de verdade não liga muito
o que as pessoas acreditam e o porquê elas acreditam, elas são independentes
daquele deus não existir e provar isso. O ateu “toddynho”, o militante, não
pode ler o nome “deus” que começa a querer te convencer que esse mesmo “deus” não
existe, que as religiões são todas mentirosas que a figura de Jesus parece com
a figura de Mirtra, de Hórus, entre outras divindades. Claro que nós, que
acreditamos em alguma força que criou todo o universo, sabemos (pelo menos os
mais estudados), que há semelhanças nas histórias porque a igreja primitiva tinha
que construir um mito para melhor aceitação da crença cristã. Quem iria seguir
um filho de carpinteiro, pobre que estudou por ele mesmo (é provável que José
além de carpinteiro, fosse algo como sacerdote do templo) sem uma imagem
sagrada? Pode ser que fez os milagres, pode ser que não fez, pode ser apenas
símbolos morais a serem seguidos que só poucos poderiam ter entendido. Quando
estamos iludidos não dizem que estamos cegos? Quando não queremos andar com as
próprias pernas, não dizem que estamos aleijados? Isso independe se “Deus”
existe ou não, independente se existe espíritos ou não, isso independe de
coisas além da realidade que podemos ver (em alguns casos, o que querem ver).
Não acho que para provar que Deus
exista ou não, temos que achar que a Bíblia é verdadeira ou não, que apresenta
fatos ou não. Isso mesmo faz os ateus serem militantes, porque querem convencer
convertendo. O que o ateísmo traz de bom para a nossa vida? Muito menos que uma
religião, porque no máximo que ele oferece (o ateísmo), é a eliminação da culpa
de se fazer tudo que se quer e não ter uma “punição” após essa vida, ou mais
ainda, não ter que carregar uma lembrança de algo triste por toda a eternidade.
Tenho que confessar que é algo tentador, algo que me faz ter uma certa
liberdade, mas daí vem a lógica da nossa origem e um grande vácuo acontece. Mas
as pessoas podem me falar que o Gêneses estava mentindo, pois, agora existe o
Big Bang (que também está sendo contestado), e que não faz sentido nenhum. Aí que
está o X da questão, não faz sentido porque perdemos duas coisas: interpretar
textos que é muito importante numa análise rigorosa, depois, perdemos a
capacidade de ler um texto, imaginando o simbolismo que se tinha da época que
esses textos foram escritos. Ser um escrito simbólico, não deveria ser dito que
é um texto mentiroso, já que não tem muita diferença num modo simbólico. Quem não
pode fazer a ligação que “se faça luz” com uma grande explosão? Quem não faz a ligação,
muito parecida, entre a criação do universo cientifica e a criação do universo
hindu?
A criação do universo hindu – o hinduísmo
remonta uns 10 a 5 mil antes de Cristo – diz que existia um ovo primordial e
esse ovo explodiu e nessa explosão se criou o universo. Não lembro de tudo –
porque a muito tempo li – mas parece que Brahma era o deus que criou o
universo, mas esse universo era imperfeito, porque não teria terminado esse
universo. Outro ponto que a ciência caminha num pensamento parecido é que o
universo é só vibração. Encontramos isso também em Pitágoras, onde o universo é
parecido com uma música das cordas de uma lira (instrumento musical grego),
onde os vários universos (teoria quântica), que se deu a teoria das cordas. Estudando
tudo isso, por muitos anos, não se chega a conclusão que milhares de anos de evolução
não teriam uma causa? É difícil não aceitar a causa, porém, sei muito bem, os
argumentos teológicos são muito fracos e nada contem enquanto, um instrumento
prático. Acho que por isso, muitos acabam aceitando a fé protestante (aqui se
chama evangélicos), porque é pratica, Deus senhor de tudo criou o mundo e tudo
e pronto (claro, que há toda uma teologia luterana e calvinista por traz, mas
na pratica é o que pregam para a grande massa).
Isso tudo vem a ser um estudo
verdadeiro dentro daquilo que me limito (sei que nada sei), saber do assunto, talvez,
de pesquisar a fundo um assunto que me interessa. Essas ligações são ligações que
não faço por impulso em defesa daquilo que defendo – muitas pessoas me chamam
de espirita, mas só me limito em uma parte muito pequena do espiritismo – mas aquilo
que é logico dentro da natureza do universo. Nada pode vir do nada e não é eu
que digo isso, é a própria matemática, as teorias físicas, são as descobertas
recentes. Renegar a religião não é o mesmo que renegar uma origem, um entre
muitos símbolos espirituais espalhados dentro de inúmeros livros sagrados. Religião
não é o mesmo que fanatismo, religião não é o mesmo que teologia, religião não é
o mesmo que espiritualidade e quem renegar isso, é um ateu “toddynho”.
A grande questão ignorada pela massa ou até mesmo pelo ditos intelectuais, é a que tem a ver com a conduta pessoal e a sua relação com as pessoas. Isso necessita de atenção, independente do ateísmo ou do "Deusismo" (se me permite o uso) estamos focados demais em detalhes sem muito aspecto prático e elucidativo. Até porque tem pessoas confortáveis com a idéia da inexistência de um Deus e outras com a idéia de sua existência. Nada disso altera o fato da harmonia do cosmos, do perfeito funcionamento e correlação das células e órgãos humanos. Eu poderia ficar dias escrevendo sobre uma quantidade gigantesca de coisas funcionais demais para terem vindo do caos. Vamos sim, nos respeitar e sermos bons cidadãos, o resto, quando tivermos alcançado isso, conversamos.
ResponderExcluirGOSTEI DO TEXTO, camarada.