
Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
Devo começar a explicar o que
seria o filósofo e seu papel dentro da sociedade onde está inserido (como ser
que vive e interage ao meio). Segundo a tradição dentro da filosofia, quem
cunhou essa expressão foi Pitágoras quando foi chamado de sábio, então,
Pitágoras teria respondido que era um “philosophós”. Ou seja, o “philosophós”
era um “amigo da sabedoria” e ainda não estava com ela, porque procurava essa
sabedoria. Na verdade, o termo vem de dois termos gregos, “philia” (amor
amizade) e “sophia” (sabedoria), onde buscamos a melhor maneira de obter a
sabedoria sempre buscando os termos e pensamentos certos. Mas o filósofo, ou
aquele que almeja achar a verdade, não pode ter um pensamento pronto e achar
que isso é filosofia, pois, não é porque está sendo pragmático e o pensamento
pragmático se torna muitas vezes – quando não há embasamento filosófico de
querer buscar por meio da sabedoria e não do fácil, do senso comum – se torna
um pensamento, sofista. Quem sofisma não é filósofo é mero “achão” que está
perdido naquilo que se fala no senso comum, e aquilo que realmente é no sentido
de construção dos fatos que realmente aconteceram.
Ora, o filósofo que sabe que há
uma construção histórica mundial (mesmo que não concorde com isso), sabe que as
sociedades são dinâmicas no sentido de mudar algumas áreas que não cabem mais
naquele período. Foi muito gostoso, por exemplo, jogar Atari quando eu era
garoto e fui feliz em ter um videogame Atari, mas acabou, a tecnologia avançou
de tal maneira (junto com a linguagem de programação), que os jogos são muito
realistas. Tanto é, que muitas profissões, se treina com simulações como os
pilotos de aviões ou outras por aí. O mundo humano é dinâmico ao ponto de
evoluirmos e mudarmos de ideia, mudarmos de opinião e sempre seguir a sociedade
nessa dinâmica. Só que tem o individualismo de cada ser humano, não se pode
achar que você convence todo mundo a todo tempo, uma hora aquela ideia vai ruir
e aquela sociedade muda.
Se o tempo é dinâmico, se os
fatos e as verdades mudam a todo tempo, as ideias têm como base o “agora” e o
que é melhor para o ser humano naquele momento. Voltamos ao exemplo do
videogame Atari, foi um grande avanço dentro dos anos 80, mas depois muitos
outros superaram a tecnologia de se jogar e a tecnologia gráfica que dará mais
realismo. Já pensou se não quiséssemos jogar esses jogos por causa que não
quiséssemos algo melhor do que o Atari? Assim é o tempo e a civilização humana,
temos que conservar núcleos importantes, mas não devemos conservar o que não
nos serve mais. As culturas vigentes estavam culminando em guerras mundiais
(além da guerra fria), e com a morte de Kennedy, os fascismos estavam em rota
de acontecerem e ditadoras mundiais e porque não, uma nova guerra mundial. Qual
a melhor resposta da juventude? O erro do documentário é ligar liberdade com a
teoria comunista, que na sua essência, não é e nunca foi, libertaria. Por causa
de um arquiduque, milhões morreram na primeira guerra mundial, por causa de um
acordo mal feito e o descumprimento do desarmamento mundial – o ESTADO nunca
vai se desarmar sem que ficamos sem medo – culminaram a segunda guerra mundial.
E por causa de um mal entendimento de diálogos entre governos, culminou a
guerra fria e então, se começa a questionar essa cultura.
Me parece que há uma confusão
entre comunidade e comunismo, pois são coisas muito distintas que o olavismo
colocou num mesmo patamar. Comunidade é o local onde você está com as outras pessoas,
comunismo é nivelar todos num mesmo patamar de vida e tudo é regulado pelo
ESTADO (inclusive empresas). A cultura hippie eram a favor da anarquia e uma
humanidade comunitária, sem medo um do outro, sem fronteiras e sem hierarquias
que culminaram na resposta as hierarquias que falharam em proteger (que no
fundo, só pensavam em seu próprio bem-estar). Claro, usando todas as religiões
possíveis. Por que será que os hippies voltaram com religiões ancestrais? E no
fim, o ESTADO infiltra drogas e doenças como a AIDS dentro dessas comunidades,
propositalmente. Claro, que vocês vão dizer que são teorias conspiratórias,
mas, faz sentido quando você lê livros de história de verdade.
Um filosofo é um grande amigo do
saber, esse saber não tem ideologias e não pode ter religiões – não se trata de
ateísmo, mas a filosofia em si, é isenta de todo senso comum – a filosofia não
pode ser conservadora ao ponto de não querer modificar. Na verdade, um filosofo
deveria olhar a humanidade acima de uma montanha, mas o que vimos são filósofos
cada vez mais comprometidos não pelo saber, e sim, pelas ideologias que nada
ajudam a humanidade. Logico, que devemos sim conservar a instituição da família
num modo verdadeiro, porque a gente sabe, que a ideia de família que o
cristianismo adotou para só dele, é um modelo hipócrita já na idade média. Que
Freud denuncia – que por razões desconhecidas, se colocou a psicanalise como
uma pseudociência - gerando toda a sua
teoria do inconsciente, da repreensão daquilo que as pessoas realmente são. Membros
familiares não são “robôs” que devem seguir uma programação, membros familiares
tem vontades, tem desejos, tem sonhos, tem dúvidas, tem opiniões e antes de
tudo, são humanos. Querem fazer escolhas devem ser respeitadas, devem ser
vistas não como um desvio de conduta, mas um modo de amadurecimento. Se duas
pessoas do mesmo sexo quiserem se relacionar, qual o problema? Se pessoas com
deficiência quiserem casar ou transarem, qual o problema? Se pessoas quiserem
se tatuar, qual o problema? Se as pessoas quiserem usar o celular, qual o
problema? O único e verdadeiro problema é que há filósofos que não conseguem ir
além daquilo que deveriam ultrapassar. Entre a realidade e a ilusão, o abismo é
muito pequeno e a pequenez desse abismo tem a ver com a manipulação das grandes
massas.
Ai que está, um filosofo não pode
ser manipulado por nada. Ele deve filosofar “pelado” (sem ideologias), porque
vai se vestir diferente, vai pensar como um amigo do saber. O olavismo, que
quer livrar do “esquerdismo”, erra em dizer que tudo é comunismo, dando poder
demais a uma teoria que voltou para a prateleira. Aliás, há um erro em dizer
que o PT é comunista, porque não são pessoas que leram, não são pessoas que
entenderam o papel da esquerda, só queriam o poder. Eu concordo com Deleuze
quando diz que não há governo de esquerda, porque a esquerda serve para
fiscalizar e defender aqueles que não tem defesa. Quando entram no governo,
ficam à mercê de interesses, ficam de resoluções populistas que não cabem
dentro de uma economia realista. Mas, a direita erra em conservar algo que não
serve mais, então, ficamos reféns de uma roda infinita de ideias velhas
defendidas não porque ainda se acreditam nelas, mas por pura birra infantil. Ora,
dá onde se tira que o movimento de 60 é comunista? Vários fatores desmentem e
até o próprio Adorno, através do jazz, vai dizer que a geração “beach” vai ser
uma geração com uma música infantil, fruto da indústria cultural. Então, qual a
relação pode ter entre os “beach”e depois os “hippies”, com os comunistas? Isso
me cheira papo de padre velho que acredita ainda que a escolástica tem solução,
que a igreja é a única salvação e tudo que cheia liberdade, é uma questão
comunista. No mínimo é “risível” esse olavismo.
Outra coisa que o documentário Brasil
Paralelo não mostra – que fica evidente que é um documentário monarquista e
olaviano – é que, embora Jose Bonifácio de Andrade tenha regido D. Pedro II até
a sua maturidade, ele não modernizou o Brasil como deveria por causa de causas
religiosas. Ele boicotou o Barão de Mauá, que estava construindo ferrovias e
fundou o Banco do Brasil, só por causa que ele era membro da maçonaria e é,
infelizmente, um vício muito forte do nosso país: a vida pessoal conta mais do
que a vida pública. O problema das ferrovias dura até hoje graças a ignorância
religiosa de um regente que não pensou no Brasil, pensou no poder, pensou
somente em uma ideia enfiada dentro da igreja e perdura a séculos, somente quem
é dela tem o direito legitimo do bem. Quanto o Brasil ganharia com as
ferrovias? Quando o Brasil ganharia com os créditos que o Barão de Mauá
disponibilizava diante dos produtores e empregados? A questão é muito mais
complexa do que mero comunismo, o problema do Brasil é que herdou vícios latinos
dês do império romano. Então, não foi o comunismo, não foi o capitalismo (o
socialismo e o capitalismo, herdaram vícios de séculos e é um problema muito
mais antigo), e sim, a nossa cultura que não há um estudo sistemático da
verdadeira história do Brasil, daí, sai mesmo essas “perolas” que só o
fanatismo religioso produz na figura do Olavo de Carvalho. O resto é só
bobagem.
Para quem quiser assistir, estarei postando:
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