
Por Amauri Nolasco Sanches
Junior
Eu acho que o Anakin Skywalker foi o mais ético de todos os
jedis e explico, porque com certeza, você ficou horrorizado com isso que eu
disse. Por que? Porque as pessoas, pelo menos os ocidentais, tem muito bem
definido dentro da sua moral o que é certo e o que é errado, somos uma cultura
binaria. E a franquia Guerra nas Estrelas, mexe muito com esse certo ou errado
ocidental, colocando a base budista zen como base dos ensinamentos jedis e
porque não – já que o George Lucas é budista, mesmo nascendo em berço judeu – uma
crítica aos ensinamentos rigorosos de algumas escolas no budismo. Mesmo assim,
a ideia central é mostrar que mesmo indo para o lado negro, Anakin conseguiu
equilibrar a força matando o Imperador. Por causa do amor entrou, por causa do
amor saiu. Na verdade, o amor sempre fez parte dentro da vida de Anakin e foi
isso, que fez dele o mais poderoso de todos os jedis.
Pensamos juntos: ele teve coragem de ir ser um jedi e
receber o treinamento graças a bondade de correr numa corrida de ipod (não sei
se escreve assim), para a nave da senadora Amidala fosse arrumada. No começo já
foi aceito com desconfiança – como o mestre Yoda enxerga o medo de Anakin, mas não
enxerga que o senador Palpadine é um sisth? Ficou meio estranho essa parte dos
mestres jedis e nenhum momento da franquia, isso foi explicado – que gerou um
certo stress emocional de rejeição, mesmo o porquê, seu mestre foi morto. Vamos
ser verdadeiros, Obi Wan Kinobi ainda estava imaturo demais para treinar
Anakin, ainda não passava de um padawan, mesmo passando nos testes. Isso gerou
uma baita pressão no Anakin, porque ele tinha que ser perfeito e renegar o seu
amor a mãe e ao grande amor da vida dele, que foi a senadora Amidala. Antes de
entrar no mérito da mãe dele, quero falar um pouco a minha visão da ordem jedi.
Vejo a antiga ordem jedi como todo sacerdócio – TODOS –
demagogos, não fazem à risca o que pregam, não seguem à risca o que diz o
escrito fundador, fala com vaidade e desprezo a aqueles que não seguem seus
preceitos. A título de exemplo, podemos pegar a regra jedi de não matar e a não
ódio, porque quem viu o filme sabe que, nas guerras crônicas, os mestres jedis
matavam atacando com a desculpa que estavam se defendendo e defendendo a república.
Anakin era verdadeiro, pelo menos ele sempre matou por amor e por aquilo que
ele acreditava como ser que vive e não, uma rúcula ambulante. Tanto é, que o
Luke – seu filho – vai reformar toda a ordem fazendo uma nova ordem baseada na humanização
e para não acontecer como tudo aconteceu por culpa sim, dos mestres jedis. Alguém
conversou com Anakin para saber o porquê dos seus medos? Alguém pensou que
mesmo sendo o maior dos jedis, ainda sim, Anakin tinha sentimentos? Ter sentimentos
não é o problema, renegar esses sentimentos seria tolice, o problema é o sentimentalismo
que torna tudo superficial, tolo e sem sentido nenhum. Não acho que renegar o
mundo te dê alguma sabedoria ou aceitar sua condição budica, talvez. Aceitar sua
natureza te acenciona, não no sentindo metafisico, mas no sentido socrático de
ver a realidade última, ver que tudo que você é te faz feliz, mas tudo que você
tem não te faz feliz.
Anakin, por ser passional, por ser ele mesmo sem rotulo e
sem promessas vazias, era o mais ético, porque era ele mesmo. Quando ele foi
ver sua mãe, viu que o cara que casou, pagou a liberdade dela, foi um covarde
de não protege-la, claro, ele tinha que ficar nervoso. Quem que vê a mãe ser
aprisionada, torturada e ameaçada, poderia ter um sentimento de não apego e não
expressar a sua raiva? No zen, o budismo japonês, existe um ensinamento que você
se ilumina não só com a meditação e os sentimentos nobres, você acenciona, com
atos do dia a dia e mais, se sentiu raiva, se entregue a raiva. A raiva vai ser
sentida com tanta vontade, que ela perde a força e passa. Mas, Obi wan sempre censurava
Anakin, negando o direito de ver a mãe, negando de poder amar Amidala Padme. Ela
incentivou e foi junto, ela foi companheira, ela o amou e ele o a amou de
verdade. Ele matou todos que aprisionaram sua mãe, Anakin com remorso contou
para Padme e ela o entendeu. O amor é uma porta para a sabedoria, assim como a
virtude é uma outra porta. Talvez, até aquele momento, Padme poderia ter
conseguido desenvolver a virtude (em grego Aretê) de Anakin se o Kinobi não fosse
“chato”, se os mestres jedis não ficassem filosofando e vendo tudo ruir por
causa de um código que nem eles seguiam.
Vamos ao significado da Padme, que é a “anima” do “escolhido”
que aliás, o nome já diz muita coisa. Padme em sânscrito – língua hindu-ariana
onde originou o budismo – quer dizer lótus e dentro do budismo o símbolo de lótus
é um símbolo muito importante. Porque lótus é uma flor que ao mesmo tempo que é
a flor (efeito), também produz a semente (causa), então, a flor de lótus é ao
mesmo tem a causa e o efeito, ficando entre o passado e o futuro. A flor de lótus
é a representação do presente, uma representação do futuro e do passado ao
mesmo tempo, então, quando vimos o personagem de dar uma certa, “alma” naquilo
passional que o Anakin tem dentro dele, talvez, entendemos o seu nome. Mas todo
aqueles que são tidos como “escolhidos” – isso acontece por causa da saga do herói,
onde o herói nega a sua própria natureza – sempre tem aquele que desperta a sua
dúvida de conhecer sua própria natureza (Qui-Gon Jinn) e a alma “anima” (Padme
Amidala) que dará o equilíbrio necessário. Nesse caso, por medo e por falta de
cuidado, os dois morreram e Anakin que não tinha nenhum amadurecimento, se vai
para o lado negro pensando salvar a sua alma, o amor que lhe resta e se
aniquila dentro do ódio. Aquilo no chão gemendo, sem um braço e uma perna,
dizendo “eu odeio você” para seu mestre Kinobi, é o retrato daquilo que chamam
inferno. Mesmo assim, com tudo isso e com o seu ódio, todo queimado e se “moendo”
de dor, ainda sim, ele está sendo verdadeiro até no seu ódio.
Quando Anakin se torna Darth Vader ele se torna algo não humano,
mas seu ódio fez dele um dos mais sucedidos lords sisth da história. Ele deixava
o planeta dominado ter sua própria cultura, ele enfrentava sozinho seus exércitos.
Ele foi pleno naquilo que acreditava e quando descobriu que tinha tido dois
filhos – na verdade só soube que a princesa Léia era sua filha, no final,
quando tinha matado o Imperador e iria morrer – arquitetou em ter o império para
ele, ele ser o novo imperador. Seu ódio foi pelo amor que perdeu e nunca
encontrou nele mesmo – há uma fala de Padme (anima), que dizia para Anakin
avaliar dentro dele mesmo o porquê que os mestres jedis não queriam ordena-lo –
porque ele não se conhecia e quando viu seu filho ser morto, viu sua senda e equilibrou
a FORÇA. Isso é bem Nietzsche, para sermos felizes e superarmos o ressentimento
de sermos fracos e sem objetivo real, temos que olhar o abismo. Encarar nossa miséria
humana de sermos manipulados, de sermos castrados em ideias, sermos manipulados
por morais que não são nossas próprias. Por que devo seguir aquela moral? Por
que devo comprar aquilo? Por que não posso gostar do Darth Vader?
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