sábado, 25 de março de 2017

A Ética de Darth Vader




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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Eu acho que o Anakin Skywalker foi o mais ético de todos os jedis e explico, porque com certeza, você ficou horrorizado com isso que eu disse. Por que? Porque as pessoas, pelo menos os ocidentais, tem muito bem definido dentro da sua moral o que é certo e o que é errado, somos uma cultura binaria. E a franquia Guerra nas Estrelas, mexe muito com esse certo ou errado ocidental, colocando a base budista zen como base dos ensinamentos jedis e porque não – já que o George Lucas é budista, mesmo nascendo em berço judeu – uma crítica aos ensinamentos rigorosos de algumas escolas no budismo. Mesmo assim, a ideia central é mostrar que mesmo indo para o lado negro, Anakin conseguiu equilibrar a força matando o Imperador. Por causa do amor entrou, por causa do amor saiu. Na verdade, o amor sempre fez parte dentro da vida de Anakin e foi isso, que fez dele o mais poderoso de todos os jedis.

Pensamos juntos: ele teve coragem de ir ser um jedi e receber o treinamento graças a bondade de correr numa corrida de ipod (não sei se escreve assim), para a nave da senadora Amidala fosse arrumada. No começo já foi aceito com desconfiança – como o mestre Yoda enxerga o medo de Anakin, mas não enxerga que o senador Palpadine é um sisth? Ficou meio estranho essa parte dos mestres jedis e nenhum momento da franquia, isso foi explicado – que gerou um certo stress emocional de rejeição, mesmo o porquê, seu mestre foi morto. Vamos ser verdadeiros, Obi Wan Kinobi ainda estava imaturo demais para treinar Anakin, ainda não passava de um padawan, mesmo passando nos testes. Isso gerou uma baita pressão no Anakin, porque ele tinha que ser perfeito e renegar o seu amor a mãe e ao grande amor da vida dele, que foi a senadora Amidala. Antes de entrar no mérito da mãe dele, quero falar um pouco a minha visão da ordem jedi.

Vejo a antiga ordem jedi como todo sacerdócio – TODOS – demagogos, não fazem à risca o que pregam, não seguem à risca o que diz o escrito fundador, fala com vaidade e desprezo a aqueles que não seguem seus preceitos. A título de exemplo, podemos pegar a regra jedi de não matar e a não ódio, porque quem viu o filme sabe que, nas guerras crônicas, os mestres jedis matavam atacando com a desculpa que estavam se defendendo e defendendo a república. Anakin era verdadeiro, pelo menos ele sempre matou por amor e por aquilo que ele acreditava como ser que vive e não, uma rúcula ambulante. Tanto é, que o Luke – seu filho – vai reformar toda a ordem fazendo uma nova ordem baseada na humanização e para não acontecer como tudo aconteceu por culpa sim, dos mestres jedis. Alguém conversou com Anakin para saber o porquê dos seus medos? Alguém pensou que mesmo sendo o maior dos jedis, ainda sim, Anakin tinha sentimentos? Ter sentimentos não é o problema, renegar esses sentimentos seria tolice, o problema é o sentimentalismo que torna tudo superficial, tolo e sem sentido nenhum. Não acho que renegar o mundo te dê alguma sabedoria ou aceitar sua condição budica, talvez. Aceitar sua natureza te acenciona, não no sentindo metafisico, mas no sentido socrático de ver a realidade última, ver que tudo que você é te faz feliz, mas tudo que você tem não te faz feliz.  

Anakin, por ser passional, por ser ele mesmo sem rotulo e sem promessas vazias, era o mais ético, porque era ele mesmo. Quando ele foi ver sua mãe, viu que o cara que casou, pagou a liberdade dela, foi um covarde de não protege-la, claro, ele tinha que ficar nervoso. Quem que vê a mãe ser aprisionada, torturada e ameaçada, poderia ter um sentimento de não apego e não expressar a sua raiva? No zen, o budismo japonês, existe um ensinamento que você se ilumina não só com a meditação e os sentimentos nobres, você acenciona, com atos do dia a dia e mais, se sentiu raiva, se entregue a raiva. A raiva vai ser sentida com tanta vontade, que ela perde a força e passa. Mas, Obi wan sempre censurava Anakin, negando o direito de ver a mãe, negando de poder amar Amidala Padme. Ela incentivou e foi junto, ela foi companheira, ela o amou e ele o a amou de verdade. Ele matou todos que aprisionaram sua mãe, Anakin com remorso contou para Padme e ela o entendeu. O amor é uma porta para a sabedoria, assim como a virtude é uma outra porta. Talvez, até aquele momento, Padme poderia ter conseguido desenvolver a virtude (em grego Aretê) de Anakin se o Kinobi não fosse “chato”, se os mestres jedis não ficassem filosofando e vendo tudo ruir por causa de um código que nem eles seguiam.

Vamos ao significado da Padme, que é a “anima” do “escolhido” que aliás, o nome já diz muita coisa. Padme em sânscrito – língua hindu-ariana onde originou o budismo – quer dizer lótus e dentro do budismo o símbolo de lótus é um símbolo muito importante. Porque lótus é uma flor que ao mesmo tempo que é a flor (efeito), também produz a semente (causa), então, a flor de lótus é ao mesmo tem a causa e o efeito, ficando entre o passado e o futuro. A flor de lótus é a representação do presente, uma representação do futuro e do passado ao mesmo tempo, então, quando vimos o personagem de dar uma certa, “alma” naquilo passional que o Anakin tem dentro dele, talvez, entendemos o seu nome. Mas todo aqueles que são tidos como “escolhidos” – isso acontece por causa da saga do herói, onde o herói nega a sua própria natureza – sempre tem aquele que desperta a sua dúvida de conhecer sua própria natureza (Qui-Gon Jinn) e a alma “anima” (Padme Amidala) que dará o equilíbrio necessário. Nesse caso, por medo e por falta de cuidado, os dois morreram e Anakin que não tinha nenhum amadurecimento, se vai para o lado negro pensando salvar a sua alma, o amor que lhe resta e se aniquila dentro do ódio. Aquilo no chão gemendo, sem um braço e uma perna, dizendo “eu odeio você” para seu mestre Kinobi, é o retrato daquilo que chamam inferno. Mesmo assim, com tudo isso e com o seu ódio, todo queimado e se “moendo” de dor, ainda sim, ele está sendo verdadeiro até no seu ódio.


Quando Anakin se torna Darth Vader ele se torna algo não humano, mas seu ódio fez dele um dos mais sucedidos lords sisth da história. Ele deixava o planeta dominado ter sua própria cultura, ele enfrentava sozinho seus exércitos. Ele foi pleno naquilo que acreditava e quando descobriu que tinha tido dois filhos – na verdade só soube que a princesa Léia era sua filha, no final, quando tinha matado o Imperador e iria morrer – arquitetou em ter o império para ele, ele ser o novo imperador. Seu ódio foi pelo amor que perdeu e nunca encontrou nele mesmo – há uma fala de Padme (anima), que dizia para Anakin avaliar dentro dele mesmo o porquê que os mestres jedis não queriam ordena-lo – porque ele não se conhecia e quando viu seu filho ser morto, viu sua senda e equilibrou a FORÇA. Isso é bem Nietzsche, para sermos felizes e superarmos o ressentimento de sermos fracos e sem objetivo real, temos que olhar o abismo. Encarar nossa miséria humana de sermos manipulados, de sermos castrados em ideias, sermos manipulados por morais que não são nossas próprias. Por que devo seguir aquela moral? Por que devo comprar aquilo? Por que não posso gostar do Darth Vader? 



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