domingo, 26 de março de 2017

mimados com deficiência que nunca crescem!



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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Quando eu era mais jovem, minha mãe sempre dizia para mim se virar sozinho porque um dia ela iria morrer, de fato, ela morreu. Tive realmente de se virar sozinho, ainda pior, tive que amadurecer com meus próprios erros sem se apegar a conceitos “adolescentes” que eu tinha. A vida não se resume em ter uma cadeira bonitinha, transar ou ter “vontade” e sim, estar preparado para uma vida e isso não se restringe em fazer um vídeo bem elaborado. Não quero rir. Não quero ver vidas intimas. Não quero saber qual melhor forma de cadeira de rodas. Não quero viajar. Quero, definitivamente, ter uma vida com trabalho, uma casa minha, uma família minha e poder manter essa família. Mas me parece que houve o inverso, pois, somos “bombardeados” de informações que não mais o ser humano trata o outro como ser humano. Ele é apenas uma “coisa”.

A maioria que conseguem uma vida instável são pessoas paraplégicas e isso eu não tenho dúvida nenhuma, conseguem meios de trabalhar, conseguem meios de dirigir, conseguem meios até de conquistar um ou uma companheira (o) sem nenhuma deficiência. Isso mostra que não se aceitam e buscam uma compensação quanto a vida “vazia” que vivem, são na sua maioria, os ressentidos do segmento das pessoas com deficiência. Não tenho a menor dúvida quanto a isso, a minha dúvida recai dentro do que eles divulgam como uma vida feliz. Será mesmo que eles (os paraplégicos) são felizes? Essa dúvida recaiu dentro dos meus pensamentos, quando eu assistir um vídeo de perguntas e respostas no YouTube de uma moça com deficiência paraplégica e seu marido “bombadão” e uma amiga.

Uma pessoa ressentida é uma pessoa que não aceita a vida como ela é de fato, tem muitos pensamentos metafísicos diante da sua própria vida. Nós sabemos o que  fez isso,  foi o pensamento romântico, colocando uma vida idealizada acima da vida real e as escolhas que devemos escolher diante dos inúmeros fatos que seguem nessa mesma vida. Uma vida idealizada em um eterno episódio da “Malhação” não é uma vida, porque a série “Malhação” não é uma vida real de discriminações, descasos, cadeiras de rodas velhas e quebradas. Com esses vídeos que aparecem esses cadeirantes com todas essas cadeiras lindas, todas essas casas bem arrumadas, todas essas produções, me soa muito falsa e coisas que me parecem muitos falsos me enjoam fácil. A grosso modo, eu sempre acho que a discriminação sempre parte daquele que é discriminado, porque o fato da moça cadeirante ter um marido “bombadão” sem deficiência, já é uma discriminação com o próprio segmento. Muitos vão dizer que é sim um modo de inclusão, mas para mim, como um crítico feroz a esse tipo de atitude, uma pessoa que vive numa balada, não entra em nenhum movimento de pessoas com deficiência, ainda, só quer transar com não deficiência – como ter um cuidador – já está discriminando a sua própria deficiência.

Nem esse é o problema, porque acho de verdade que as pessoas devem fazer o que querem, o problema eles ensinarem que a questão do segmento das pessoas com deficiência, a questão da inclusão, se resumem só no fato de transar, falar besteiras no Facebook e achar que o mundo é uma eterna viagem a Disney. Outra coisa, não acho que eu deva aprender nada com os paraplégicos, mas eu acho que eles deveriam aprender mais com quem nasceu com a deficiência. Deveriam ajudar os movimentos de luta (não instituições e ONGs que não ajudam em nada a questão), e não achar que são a “última Coca-Cola do deserto”. Não, não são. São pessoas que “ficaram” deficientes cadeirantes, muito depois de qualquer um que tentam achar que podem ensinar.

Como pessoas que não aceitam a própria deficiência, como pessoas acham que a vida se resume em gozar ou não, em baladas, podem ensinar alguma coisa para alguém? Como pessoas que promovem que mulheres com deficiência ou homens, saiam nus em fotos (atiçando a fantasia de pessoas pervertidas e malvadas), podem lutar contra o assédio de mulheres com deficiência? Não estou preocupado com a moral, porque não me preocupo com o costume e sim o caráter, porque eu me preocupo muito mais com a ética. Se passamos uma imagem que não é a nossa, para mim pelo menos, soa como algo não ético e se não é ético, então, é algo sem caráter. Meus pais deram uma educação que não deveríamos ser “machões” – no caso meu e do meu irmão – mas, pelo menos, temos caráter de nunca mostrarmos o que não somos. Se eu escrevo uma coisa, eu vivo e penso aquilo, eu não quero puxar o saco de ninguém e muito menos, mostrar algo a alguém, para obter “vantagem”. Aliás, meu pai tem horror a essa palavra, o “álibi” para qualquer corrupção. Pessoas sempre sorriem quando veem que podem obter “vantagem” de alguma coisa, alguém, ou em certas situações.


Por que devo acreditar que essas pessoas têm boa intenção? Como devo acreditar que realmente, o “bombadão” ficou com a mocinha da cadeira de rodas por causa do status de “bonzinho”? Existem mil e uma situações que podem ser, mas nenhuma, é tão óbvia quanto essa. 


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