sábado, 22 de abril de 2017

A religião socialista




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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Ninguém pode negar que o socialismo como tal, se tornou um tipo de escolástica improdutiva, ou seja, nenhum socialista buscou melhorar a teoria socialista e comunista. Para mim, que estudo várias teorias e o socialismo é mais uma, há uma coisa bastante seria dentro da teoria socialista que nem mesmo quem acredita no socialismo não viu essa falha (na verdade, quem viu essa falha foi o filósofo cientifico argentino, Mario Bunge e eu concordei): existe menos energia gastada na cooperação, enquanto sociedade, do que energia gastada na revolução. Porém, é muito mais caro reconstruir aquilo que está em pé e foi derrubado, do que melhorar aquilo que já existe, o que para mim, é muito obvio. Outro erro é que o socialismo (principalmente, o soviético) foi muito autoritário que é uma contradição, pois se o regime é um regime do proletariado, então, o proletariado oprime o proletariado? O autoritarismo soviético teve várias consequências que não foram de um regime de preparação ao comunismo, porque não contavam com a vontade humana que dará base para a ação humana e suas consequências.

Quando digo que, às vezes, não acreditam em Deus, mas acreditam em Che Guevara, não quero dizer que o mesmo seja demagogo ou coisa parecida. Mas sim, eles criaram uma idolatria que não é diferente da idolatria religiosa, que aliás, tem suas bases muito bem definida com a teologia do materialismo. O materialismo nesse caso, é o materialismo de que o homem produz dentro da história, o que ele precisa para viver. Mas o que ele precisa para viver? Será que ele precisa de um telefone simples, mais do que um smarthphone? Se sim, então, a sociedade é provida de escolher o que ela quer consumir? O desejo faz ela consumir bens, mas esse consumo são conjuntos de coisas que são muito mais complexos, do que uma simples alienação. Posso querer um celular, mas eu quero esse celular como um smarthphone e não um simples e também, o “eu quero” é diferente do que “eu desejo”.  O “desejo” é aquilo que idealizamos como aquilo que nos falta, o socialismo marxista tem essa ideia, o “desejo” de uma coisa que achamos necessário e não é necessário. Já o “querer” é algo muito mais real, porque você não quer só uma roda, você quer o carro inteiro; portanto, o querer tem a ideia muito mais fisiológica (no sentido concreto), porque é uma totalidade dentro de uma causa que é à vontade. O marxismo não vê, ou não quer ver, a vontade como soberana dentro da ação humana. Assim, o socialismo acaba como uma teoria metafisica de que o ser humano “deseja”, porque o capitalismo induz a esse “desejo”, que não é totalmente, enganoso. Mas, por que existem uns que gostam de Coca-Cola, outros gostam de Fanta uva?

Marx junto com Engels (não Hegel, como disse um juiz em um texto a algum tempo atrás), esqueceram do racionalismo enquanto fenômeno da consciência da vontade, indo apenas, para a dialética de Hegel (agora sim) onde montam um ideário totalmente, utópico sem embasamento do comportamento, humano. Ou seja, a ideia que o ser humano produz ou deve produzir aquilo que necessita é uma ideia não longe de Platão, que achava, que o ser humano desejava aquilo que lhe falta. Você deseja aquilo que você produz? Nem sempre. Um sujeito pode trabalhar na Ford e ter um carro da Fiat, ou da Nissan ou de qualquer marca, porque o trabalho não é o que deseja, mas o que necessitam, um objetivo que é o salário. Porém, tem tantos encargos, que fica difícil o trabalhador escolher onde gastar, porque no cálculo da fábrica (vulgo firma), junto com o salário está a CLT, está FGTS, está a contribuição obrigatória dos sindicatos entre outras coisas. Se perguntar para qualquer RH (recursos humanos), vai ter a reposta do desconto do salário graças a esses “benefícios” que muitas empresas, sonegam ao governo. Porém, existe a taxa do sindicato (que é obrigatória), o imposto de renda (a renda é aquilo que gera lucro, que lucro se tem em um salário?), que é um roubo, sendo o trabalhador está sendo coagido. Há a liberdade com tais taxas? Há uma escolha do que fazer com seu salário? Aonde mesmo existe a mais-valia? Lembrando, que a teoria da mais valia é a teoria que um trabalhador ganha um salário (a venda do seu trabalho), muito menor daquilo que ele produz quando é posto em venda. Mas pondo todas essas taxas, todos esses “benefícios”, o trabalhador que ganha R$ 1.500,00, por exemplo, ganharia uns R$ 3.000,00 mais ou menos por alto. Claro, que a teoria marxista tinha uma visão do século dezenove, onde os valores eram bem diferentes do que é hoje em dia.

Daí entramos no objetivismo da filosofa russa-estudanense, Ayn Rand. Qual o objetivo do ser humano? Falando em forma social, o objetivo do ser humano e ter uma vida mais ou menos, confortável no sentido de escolher o que se quer, porque o desejo é uma forma idealizada. Rand vai argumentar que todos os valores contidos no egoísmo, são valores que estão contidos naquilo que você é. Aliás, Rand soube muito bem o que é um regime socialista quando usurparam os negócios da sua família, humilharam e jogaram a sua família na miséria. Sem a escolha, por um bem maior que reduzia seres humanos a miséria, o socialismo trouxe muita miséria e morte por obrigar o ser humano a ser o que ele não queria ser. Daí a formulação da sua teoria, onde o altruísmo é uma forma de escravização e um relativismo populista em querer igualar aquilo que não é igual. Mas o importante é, que ninguém pode nos obrigar o que não queremos, ninguém pode nos obrigar aquilo que não temos vontade. A título de exemplo, a Coca-Cola (estou com a Coca-Cola na cabeça), pode fazer a melhor propaganda do mundo mostrando e dando as melhores vantagens de beber tal refrigerante, mas se eu não quiser beber Coca-Cola, não vou beber e ponto. A coerção só existe se eu aceito a tal como medida da minha vontade, se a minha vontade for soberana dentro do meu gosto, dentro de um certo equilíbrio entre o ato e a ética. A ética nesse caso, é a ética de não se deixar dominar naquilo que pensa, naquilo que sente e aquilo que sou. Aristóteles – no qual Rand deixa bastante claro que tirou aí sua filosofia objetivista – deixa bastante claro, que a “aretê” (que traduzimos como virtude), depende daquilo que somos e não naquilo que temos. O egoísmo de Rand, não é o egoísmo destrutivo e sim, o egoísmo objetivo (ai ela dará álibi aí Tio Patinhas), que é ter uma certa virtude em não querer dar nada a ninguém.

Em outros termos, o ser humano pode até ajudar, mas a ajuda é aquela que ele quer dar e não aquela ajuda que é obrigado a dar. Claro, que o capitalismo não é um paraíso, mesmo o porquê, herdou muitos problemas de antes dos outros regimes – principalmente, do imperialismo absolutista que ainda ordenava e permitia o que cada um deve ser – que até hoje não há solução. Mas, achar que só existe guerras de classe, achar que existe um poder imaginável do capitalismo de dominar e alienar todo mundo, beira a histeria. Tanto Marx, quanto Engels, passaram por cima de muitos pensamentos e filosofias e colocaram em sua utopia, nitidamente, idealizaram muito mais do que puseram verdadeiramente como materialista. Talvez, herdou isso da dialética hegeliana, assim como, puseram o desejo daquilo que te falta do platonismo. Também ignoraram o racionalismo e até, porque não, algumas coisas recém descobertas da ciência. Esqueceram das bases da filosofia, a consciência (aquilo que sou enquanto ser que percebe), a existência (aquilo que percebo que sou como ente existente).

Consciência vem do latim “conscientia” que quer dizer “com conhecimento”, ou seja, ter uma consciência da realidade onde vivemos é ver “com o conhecimento”. Isso entra dentro da epistemologia ou se preferir, a Teoria do Conhecimento, onde entra a consciência.  Descartes foi o primeiro que viu que há um ente que percebe, mas não teríamos certeza se realmente, estamos numa realidade que pensamos estar. Cheiramos com nosso olfato, vemos com a nossa visão, sentimos com nosso tato e escutamos com a nossa audição. Mas, como penou Descartes, como posso garantir que aquilo não é uma ilusão? Podemos ter aprendido que uma arvore é uma arvore, mas, mesmo assim, posso estar enganado sobre a arvore e não ser uma arvore. Mas eu nunca, em hipótese nenhuma, posso duvidar da minha própria existência (logo explico a parte da existência). Daí entra a parte da consciência, onde o primeiro conhecimento que temos é que nós existimos e se nós existimos, nós percebemos e lhe damos com a realidade, então, logo pensamos a parti da consciência que nos fez perceber o mundo. Se existo, se não negarei a minha existência, logo eu sou e se eu sou eu estou interagindo com a realidade. Então, não percebo que estou ganhando menos daquilo que mereço ganhar? Não posso recusar uma oferta menor do que aquilo que sou e devo ser pago? Não sejamos ingênuos, o socialismo nega que somos seres racionais o bastante de recusar ofertas (no caso de quem não tem estudo, essa aceitação é porque não tem consciência daquilo que está escolhendo, não que não tenha escolha).

Mas o que se define como realidade? Ora, a definição de realidade é tudo que se define como algo externo e algo externo, como eu ter que apertar as teclas do teclado do computador para escrever esse texto. A existência é a base da nossa consciência que estamos inseridos dentro de uma realidade, porque a cada realidade, deve ser vivida conforme a nossas escolhas. Nessa linha, que Sartre desenvolveu tão bem, a existência procede a essência porque não há uma essência universal dentro do que somos e sim, uma essência individual. Sartre vai contra a filosofia escolástica – muitos professores no Brasil dizem Aristóteles, mas não era Aristóteles propriamente, mas o que os escolásticos (principalmente, os tomistas), fizeram com a filosofia aristotélica – que colocava essa essência como uma essência universal e não individual. Ou sejam tanto faz se o homem existe ou não, tanto faz para o universo que nós existimos, com isso, podemos fazer escolhas, porque não existe nada certo e concluído. Daí ele usa a fenomenologia de Husserl, onde a percepção da realidade é um fenômeno direto dessa realidade e dentro disso, dentro do fenômeno em si, realizamos a leitura da realidade. O próprio Sartre disse, que o marxismo tinha saturado porque não pôde captar que o ser humano faz escolhas, o ser humano tem a sua essência individual e não pode achar outro meio para isso. Por isso mesmo, que Sartre vai dizer a famosa frase, estamos aprisionados a sermos livres e sendo livres, estamos fadados as nossas escolhas e as consequências dessas escolhas.

Se temos a consciência (com conhecimento) e a existência (poder de escolha), por que ainda os socialistas acreditam que o ser humano não é capaz de fazer a escolha? Porque, veja bem, para o socialista o ser humano não é racional e se leva a ser enganado com meras propagandas, como se o ser humano não devesse ter ambição. Qual sociedade não tem ambição? Até mesmo os socialistas têm ambição, porque para você querer a transição pela revolução, você deve ter uma certa ambição para isso. Por outro lado, toda teoria coletivista é uma teoria forçada, uma teoria imposta, uma teoria que mostra um altruísmo obrigatório onde os fracos e ressentidos apoiam. Os que verdadeiramente defendem a humanidade, não forçam a humanidade a compartilhar aquilo que conquistaram, não conseguem entender que não é pela coerção que se iguala a humanidade, mas pela cooperação.


Quem ainda acredita no socialismo ainda?



Um comentário:

  1. há, há, há... e capitalista também é ditador. Ambos, socialistas e capitalistas são ditadores, cada um querendo impor seus equivocos ao mundo, ao mesmo tempo que querem matar e destruir o outro de qualquer jeito, dividindo o povo numa luta em que ambos os lados estão tremendamente equivocados.

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