Por Amauri Nolasco Sanches
Junior
Pessoas niilistas são pessoas que não acreditam em nada,
aquelas que acham que estão vivendo como se fosse obra do acaso. Mas, duas
perguntas ficam no ar: você acredita verdadeiramente no que você acredita? O que
seria o acaso e o que seria uma causa? Um ato por acaso é um acontecimento
casual, uma coisa que acontece por um mero acidente, que talvez, poderia não ter
acontecido. Já uma causa, seria uma inteligência por trás disso tudo ou um princípio
que ocasionou o ato em si mesmo. Por que a vida não seria previsível? Por que a
vida teria um significado? As pessoas, na verdade, nem sabem o que estão discursando,
mas, mesmo assim, eles discursam como se aquilo fosse a verdade absoluta das
suas vidas e ninguém tem o direito de discordar. Talvez, as pessoas devem
acreditar naquilo que elas precisam acreditar e não, o que elas acreditam de
verdade e o que elas são de verdade. Elas não acreditam que tem um propósito para
a vida, isso se deve e muito, ao conservadorismo que não cabe mais na nossa era
e não adianta me xingar nos comentários, as coisas vão mudar queira você ou não.
Jogos do suicídio ou da baleia azul, drogas, doenças e
outras coisas, são a coisificação que o ser humano faz com o outro. Dane-se o
que o outro pensa, dane-se o que meu filho sente, dane-se o que meu irmão ou
outra pessoa está sentindo, as outras pessoas só me servem quando eu preciso
delas. Depois, fica se perguntando: “onde foi que eu errei? ”, mas dá de tudo
para eles para não encherem o saco, não atrapalhar seu “momento as sós” com o
companheiro, perguntam o que querem. Por outro lado, ser um conservador de tradições
antigas e que não servem mais, não é o que serviria como solução. Eu gosto de
pensar com o conceito de niilismo de Nietzsche, filósofo do século dezenove, que
dizia que o europeu tinha acabado com sua cultura, os verdadeiros valores que
tinham sido construída a cultura ocidental. Um niilista, para o filósofo, era o
acusador, era aquele que aponta o dedo para o outro para acusar do seu erro,
seja sacerdote, seja os fascistas (por isso é estranho ele ser chamado de
nazista), sejam os socialistas, sejam os conservadores e todas as seitas
acusadoras que acham que a culpa do outro do seu fracasso. Eles são os
ressentidos, aqueles que eles acham ser “vitimas”, mas choram quando caem no
abismo, são covardes.
Acho, sinceramente, que o niilismo no qual o filósofo acredita,
é uma forma clara de poder e controlar o ser humano o bastante para manobrar
onde quiser. Não é mais fácil culpar a escola sobre a educação do seu filho,
sendo, que a culpa da educação dele é sua? Não é mais fácil culpar o
capitalismo pela sua pobreza, se você não quer estudar e ter uma vida melhor para
você e seus filhos? Culpar os outros pelo seu próprio fracasso, não é a solução
e sim, só vai levar o problema para debaixo do tapete até lá ficar cheio e você
terá que jogar aquilo fora. Quando o filósofo diz que temos que cair no abismo dançando,
quando nós desafiamos a morte, quando desafiamos tudo aquilo que sangra dentro
de nós, nós teremos alguma razão de existir. O valor da vida é aquilo que temos
vontade de fazer enquanto ser feliz, estar em paz consigo mesmo, em achar que
as coisas são muito pequenas para ser o motivo primordial da nossa vida. Se quer
sai da pobreza extrema? Estude, leia bons livros, queira aprender a escrever e
sempre querer progredir. Descubra dentro de você mesmo o que você é, você não é
o tênis da moda, você não é o filme da moda, você não é a cadeira de rodas da
moda (sim, nós deficientes também somos niilistas), somos a existência banhada
na essência da nossa própria escolha.
Enquanto eu fico feliz em fazer o meu próprio sanduíche,
comer onde eu desejo comer, jovens não sentem nada com a vida e querem se
matar. Por que eu sinto feliz de comprar um sanduíche ou fazer ele? Por que eu
fico feliz em dar beijo na minha noiva? Por que algumas pessoas se sentem assim
ou outras se sentem vazias? Por causa do que aprenderam, uma vida fácil é uma
vida vazia, uma vida fácil é uma vida sem sentido nenhum, mas a felicidade é
fazer o que tem vontade. Eu sou grato por poder viver, mas essa juventude não é
grata por nada, porque não merece e não se dedica ao que é verdadeiro, porque
aprendeu assim na sua casa. As redes sociais são sua educação, as novelas e
series são seu passatempo, não há dedicação aquilo que importa, aquilo que elas
são. Muitos jovens acharem que o filme e o livro “Como eu era antes de você” lindo,
já demostra a estupides de seguir uma modinha, sem refletir sobre aquilo. Como um
cara como o Wil pode culpar a vida se o único culpado do acidente foi ele
mesmo? É mais fácil ele se matar, sair pela “porta dos fundos” do que encarar o
que ele fez com ele mesmo, se sentindo um nada, um ninguém, um pobre pedaço de
carne jogado em uma cadeira de rodas.
Prefiro ter como ídolo uma pessoa que se dedicou, trabalhou
e sentiu que a sua deficiência não atrapalharia a vida, que existem várias. Uma
delas é Stephen Hawking, nunca deixou sua deficiência atrapalhar o que ele tem
para passar. Casou três vezes, trabalhou dedicadamente sua teoria dos buracos
negros, tem filhos e netos e vive na sua casa sozinho com alguns enfermeiros. Ainda
disse: “não importa o quanto a vida pareça ruim, sempre há algo que você pode
fazer e ter sucesso. Enquanto há vida, há esperança”. Ele não está certo? Não é
assim que deveríamos falar da vida? O suicídio é a dor levada ao desespero, a
dor levada a última estancia e sendo, uma dor levada aquilo que ela não é. Um suicídio
é a coisificação da vida, foi fácil nascer, foi fácil viver, é muito fácil morrer.
A vida é uma coisa, eu não sou famoso, não tenho nada da moda, não tenho nada além
de ler tragédias, mortes, guerras, apenas demasiados humanos.
Quem acho o filme “A Teoria de Tudo” lindo? Ninguém. Ninguém
acha um cara torto, numa cadeira de rodas, apenas teorizando coisas que ninguém
entende, digno de viver, porque é mais heroico se matar. A morte fascina tanto
os humanos, que se dedicam toda a sua vida a morte de Jesus e não seu legado
moral, seus ensinamentos, seu lado espiritual. Estamos nos afundando na lama do
niilismo cada vez mais.
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