Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
Como sair de uma “bolha ideológica”? Essa “bolha ideológica”
é uma tática do Facebook – com seu algoritmo que faz você só vê aquilo
correspondente do que você posta na rede social – para sempre te lembrar que
existem assuntos ligados do que você posta, seja de cunho religioso, de cunho político,
de cunho até de gosto pessoal. Você nunca enxerga o outro lado, o lado que é
controverso a aquilo que acreditamos, aquilo que pensamos ser. Isso veio na
minha mente, porque estou estudando as obras de Karl Marx que faz uma contramão
no que acredito e não concordo em partes; mesmo assim, temos que reconhecer sim
a importância de Marx dentro das teorias políticas, econômicas e porque não, na
área administrativa. Mas se nossa juventude, não tem um ensino médio de boa
qualidade, isso é normal em deixar levar hora para a esquerda, hora para a
direita. Pensamentos ideológicos não são pensamentos diferentes dos religiosos
– pelo menos os fanáticos – que sempre encontram um fio condutor de manipulação
massificadora e isso, é bem evidente.
Concordo com Mises que quando falamos em economia ou
produtividade, falamos de Ação Humana e essa ação é além das forças alienantes.
Se o ser humano não quiser produzir um carro, não há razão dele trabalhar numa
montadora de carros, porque sua vontade é soberana diante o fato determinado;
além disso, a economia trabalha com o fato estatístico que é um erro, porque o
fator ação deveria ser levado a sério, pois, sem a vontade e o desejo humanos,
ninguém ganha e tudo se perde. Claro, que existem mecanismos que temos que
levar em consideração de dominação da ação humana enquanto tal: somos levados a
aprender que um homem deve ter uma família, uma mulher realizada deve ter filhos
e com isso, trabalhar para sustentar esses filhos. Podemos até dizer que isso é
uma manipulação cultural para colocar o ser humano como “refém” das escolhas
que ele próprio faz, mas mesmo se ele estiver alienado – alienar-se e se
esquecer do mundo e criar uma realidade que não existe, como os gregos antigos
chamavam de “idiotike” – ele faz essas escolhas e aceita as fantasias que
colocam na sua cabeça. A Globo coloca uma “arma” na cabeça de cada pessoa em
acreditar que o BBB é verdadeiro? Claro que não. As pessoas acreditam porque
mentem para si mesmos, mentem para alimentar os seus próprios egos e por isso,
não acredito em NADA que me queiram impor ou queira que eu “compre” a ideia. Aí
chegamos a ideologia, porque a ideia por trás daquilo que querem passar, foram
ideias estudadas para manipular uma certa parcela da população – mesmo o porquê,
você não convence todo mundo - para
comprar, para consumir, para comprar até a ideia, que a privatização, por
exemplo, é uma venda do patrimônio do país. Mas cadê a nossa parte? Cadê as
melhorias da infraestrutura do Brasil graças o dinheiro dessas empresas?
Isso me faz pensar que no Brasil temos ideologias “tunadas”,
religiões “tunadas”, até mesmo, moral conservadora “tunada”. A maioria das
pessoas sabem muito bem que um carro “tunado” é um carro com peças de outro
carro, assim como esses carros, uma ideologia “tunada” é uma ideologia que
pegam partes de outras ideologias. Fica claro que a ditadura militar nunca foi
totalmente de direita, porque se fosse, não estatizava a maioria das empresas
brasileiras da época. Aliás, temos uma cultura que prioriza o ESTADO inchado e
não deixa o mesmo ESTADO diminuir, aumentando os juros, achando que com isso, a
economia anda. Será mesmo? Os países desenvolvidos têm os juros baixos ou alto?
Tem menos impostos ou mais impostos? Além
do mais, tirando ideologicamente o DEM (o antigo PFL), a maioria dos partidos
da nossa nação – de tamanho continental – é de cunho da esquerda. Mas, cuidado,
nem toda a esquerda é socialista. Esquerda é sinônimo de mudança, se é mudança,
não há nenhum governo de esquerda e isso explica como o PT (Partido dos
Trabalhadores), quando governou, teve uma outra agenda.
Como pensar fora da “bolha ideológica” que estamos acostumados?
Vamos voltar ao algoritmo do Facebook: se postamos sempre as mesmas coisas em
todo o momento, vai só aparecer aquilo na sua “timeline”. Mas o que fazer? Mudar
o foco todo os dias, porque o algoritmo não pode padronizar um só assunto e eu,
como um bom filósofo orgânico (que gosto de tratar assuntos de verdade), sempre
vou mudando conforme o que vou lendo e me aprimorando. O perigo, e isso é
evidente nas discussões binarias, se discutem pessoas e não se discutem ideias
e quando isso acontece, muitas pessoas começam se fechar na sua “bolha ideológica”.
Por que devo atacar a pessoa se a ideia da pessoa que está na discussão? Por exemplo,
acho que Marx está errado, mas eu não fico chamando ele de “vagabundo”, nunca
trabalhou e coisa e tal. Agora, eu posso dizer que o modo de pensar do ser
humano independe da classe social que ele está, o que determina uma economia
com alto índice de êxito é uma questão da ação humana, a vontade e a produção humana
enquanto um ente que pode ter vontade própria. Sem sentimentalismo, sem
hipocrisia.
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