sábado, 15 de abril de 2017

Marcos e Mayer e a ética Global





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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Vamos falar sério mesmo: vocês acham que o Big Brother Brasil é verdade? Vamos imaginar se realmente acontece tudo aquilo que está lá, seria muito complicado para a própria emissora Globo, ter que encarar tantas agressões sem rolar processos inúmeros. Mas como toda novela – porque aquilo só pode ser classificado como novela em tempo real – tem sempre uma história para levantar a audiência, para claro, o programa ter muito mais patrocinadores e com esse patrocínio, ganhar muito mais. Por exemplo, quem paga as novelas são os patrocinadores e não o canal, porque todos os cenários, todo figurino toda a estrutura é muito cara. Mas vamos imaginar que aquilo fosse verdade, aquela imagem de homem que é afeiçoado, medico, “quarentão” e como a maioria dos homens da nossa nação, o “machinho da mamãe” que pode fazer o que ele quiser. Ainda pior. O “personagem” Marcos (com S ou não, não importa), é o tipo de homem que foi criado com tudo no colo, com mimos, videogames, cheio de marras e vontades. Porém, porque adoro ser o advogado do diabo como bom filósofo, o “personagem” Emily também não podemos dizer que foi traumatizada, porque chorou com a saída do seu algoz.

Claro que podemos até dizer que é uma contestação sobre a violência contra a mulher, ou coisa parecida, mas não vimos isso em inúmeras novelas, programas e coisa e tal. No caso do ator Jose Mayer, que foi acusado por uma figurinista de assédio (ele colocou a mão na “cumbuca” da moça), ele não foi expulso da Globo. Talvez, até podemos dizer, que é um modo ético que a emissora querer apurar mesmo os fatos para logo após, ter uma postura sobre. Mas, então, por que a moça, assim, de repente não quis prestar depoimento? Qual “força” maior está por trás disso tudo? Não acredito em teorias conspiratórias, então, acho que o medo de ser “despedida” foi muito maior do que o ponto ético da questão. E é muita “canalhice” da Globo ficar fazendo campanha para dizer que todo homem – como disse, a maioria faz e faz pior – faz o que um “galã” global, que teve todo o prestigio, que teve todas as mulheres, fez. Mas o que essas duas “figuras” tem em comum? O ponto ético da nossa nação que homens são dignos de serem respeitados, as mulheres são “putas” e merecem apanhar, serem estupradas, serem assediadas e tudo mais. Afinal, foi uma mulher que iniciou o “pecado original”, não é?

Mas não estou preocupado com a moral, estou querendo ir para o lado ético, porque um homem que faz isso não foi ético. Afinal, um homem que não respeita a propriedade alheira – afinal, o corpo de uma mulher é propriedade da própria mulher – não pode ter nenhum caráter, e aquele que não tem caráter, não pode ser chamado de ético. Aristóteles diria que um homem ético é aquele que busca o equilíbrio, ou seja, nem o “personagem” Marcos e nem o Mayer deveriam ter feito aquilo, deixaram seus sentimentos aflorarem e não terem nenhum equilíbrio. Daí entra o grande filósofo grego Sócrates, que dizia que o homem era bom porque espera algo disso, ele não é bom ou inspira bondade por mera essência da bondade, mas porque busca levar prestigio nisso. Sócrates dizia que o ser humano iria praticar a verdadeira bondade dentro do que os gregos antigos chamavam de “aretê” que em português significa virtude, a bondade enquanto fazer tudo sem esperar nada.  Mas o que vimos, além da cultura machista e hipócrita que estamos, ainda se criou uma cultura que tudo é descartável como ética, sentimentos, verdade, a coerência e etc. Além do mais, tudo ficou automático, tudo ficou imediato, tudo ficou como se tivéssemos consumindo uma coisa, ou seja, as pessoas ficaram objetos. Objetos descartamos, objetos quando enjoamos nos esquecemos dele e a objetivação do ser humano, é um fator completamente, educacional.

Para o “personagem” Marcos, a Emily é apenas um objeto que ele usa, ele faz o que achar necessário – em um jogo, isso é normal – depois descarta, depois acha que tem o direito de mandar ela se calar. Porque ela é o seu objeto, uma boneca que ele usa, ele faz seu show, ele acha que é certo, ele foi criado assim, mulheres são objetos. Quantos homens não fazem assim? Quantos homens não agridem mulheres por serem mero objeto? Mas não é só homens, mulheres acham que podem mandar, porque vê ele como um objeto de uso. Na verdade, o ser humano se tornou alguém que vê o outro como apenas um objeto para alcançar um fim último, o seu próprio prazer e não mede esforços para isso. José Mayer se fez isso, viu a figurinista como só um objeto para o seu prazer e só, nada pode te convencer que ela é um ser humano.

Mas o que é um homem virtuoso? Qual o desenvolvimento que se deva ter, para se trazer virtude? A virtude são valores aprendidos com uma boa educação, mas não só a educação escolar – que aliás, que apenas um complemento – e também, uma educação familiar. Não se pode delegar aos outros o que você tem como obrigação, educar o filho não é ensinar só valores morais (costumes), mas também se deve educar o filho em um princípio ético (caráter). Por que estamos numa deficiência ética dentro do poder político? Porque educamos o futuro do nosso país sempre visando o nosso próprio bem-estar, como ele ser médico porque eu quero, ele ser criado com os programas da televisão, dentro das redes sociais, aprendendo valores errados. Aprendem a ser o “machinho da mamãe”, aprende uma moral hipócrita, aprendem que não se deve perguntar, aprendem que não se deve questionar, aprende que não se deve aprender e sim, decorar. Aprendem que só eles são humanos, os outros são “coadjuvantes” do seu show da vida, apenas coisas que usam e jogam fora. Isso é educação.


O fato de usarem um momento sentimental para induzir o “personagem” Emily para ganhar um jogo, que por razões obvias, foi escolhida, não é novidade. O sentimentalismo hipócrita esta engendrado na nossa cultura humana e é a arma perfeita para induzir, para manobrar a massa e fazer o que quiser com ela. Não é à toa, que políticos enganam, políticos falam o que querem, porque o “povo” não quer sair da sua caverna e ver um mundo lá. O BBB não vai fazer diferença nenhuma, mas as contas do final do mês, sim. 


Um comentário:

  1. Não vou falar do BBB que para mim é merda pura e eu não assisto. Mas fiquei solidário com o José Mayer na medida em que me identifico com ele. A gente que teve uma carreira de mulherengo não percebe que o tempo passa e a gente vira idoso. O melhor sinal é quando todo mundo passa a chamar a agente de "senhor". No caso dele, ao se interessar pela moça devia tê-la convidado para jantar. Ela, não é burra e sabe que ele está interessado em comê-la. E das duas uma: a) aceita o convite para uma oportunidade de conversar, conhecer e se dar a conhecer a um ator global, comer bem e beber um bom vinho. Embora, importante, o fato de ter aceito o convite para jantar não a obriga a ter que dar a perereca para ele e saírem direto do restaurante para um motel; b) simplesmente recusa o convite, para evitar de alimentar nele a esperança de comê-la. Então José Mayer. Vamos nos mancar e parar de passar a mão na buceta das mulheres por cima da calça delas. Quando estiver em desespero de causa apele para as mulheres de programa.

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