
Por Amauri Nolasco Sanches Junior
Primeiro eu vou explicar o que quero dizer com “burro”
depois explicarei os motivos que me levaram escrever esse texto. O burro, como
muitas pessoas sabem, é um animal muito forte, mas muito difícil de lhe dar por
motivos do seu instinto. Se o burro vê que não dá e corre perigo, ele empaca
naquilo e você pode puxar ele a vontade que ele não dará um passo sem precaver
desse perigo. A questão do burro não é a ignorância de não saber nada – que
pesquisas mostram que o burro aprende depressa o caminho – o problema é que
empaca demais em certos caminhos e não avança em nada. Acho que é esse o caso
do nosso povo, empacou no passado, empaca naquilo que é mais cômodo para ficar
um pouco mais “fácil” para ele lhe dar com a situação. A situação é essa: não
sabemos votar, não sabemos escrever, não sabemos da situação política mundial, não
sabemos nem expressar nossas ideias, não sabemos nem seguir as nossas
ideologias religiosas e políticas.
Pra começar, não sabemos votar. Votamos não em um plano
melhor no nosso país, mas votamos ideologicamente. Como eu sou libertário (vulgo
anarcocapitalista), tanto faz o assaltante de gravata, ele é um burocrata que
vai dificultar o máximo você ter dinheiro e bem-estar. Ele nunca vai olhar para
você como um ser humano, mas vai olhar para você como mais um de uma multidão
de milhões de eleitores. Esqueçam os sorrisos. Esqueçam ele no meio do povo
(que acontece em quatro em quatro anos); isso é marketing e para entender isso,
tem que entender de marketing como eu que sou publicitário. Dando uma
explicação básica, marketing vem da palavra “Market” que pode querer dizer
mercado, ou “to Market” que é o verbo comercializar. O “ing” é um sufixo de
ação que está acontecendo agora, neste instante e então, podemos traduzir o
termo como “a ação de comercializar agora” (bem apropriado aos políticos, né?).
Assim, fazer marketing é sempre agregar todas as funções necessárias que fazem que
um produto, ou um serviço oferecido por uma empresa, possa ser adquirido pelo
consumidor. Junto com isso existe os 4 Ps: Preço, Praça, Produto e Promoção.
Qual é o preço de se votar no sujeito? O voto. Se você
comprar as ideias e os planos que ele prometeu, você estará comprando o seu
plano de governo. Qual é a praça nesse caso? O beijo na criança, o aperto de
mão do velhinho, a casa que entrega quando ainda governa, é a praça aonde ele
atua para oferecer um plano – que supostamente é para o seu bem, que para mim,
é um perigo essas pessoas que querem o “bem” dos outros – e você escolhe se
compra ou não esse plano com seu voto. O que seria o produto? Bom, sabe aquelas
empresas que você entra e não tem um produto definido como concreto, mas te
oferece ganhos se você der x de valor? Seria o mesmo caso. O político não tem
um produto concreto como proposta, tem promessas e mais promessas, que na
maioria das vezes, nunca se cumprem. Que é a promoção? Assim: “se você
acreditar no meu plano de governo, te farei uma pessoa mais feliz”, simples
assim.
Não sabemos a
situação política mundial, porque sempre achamos que a direita e esquerda lá
fora é igual daqui. Quem em sã consciência iria dizer que uma Hilary Clinton
era socialista? Nos EUA, a direita e esquerda é completamente diferente do que
a direita e esquerda daqui, porque a organização eleitoral daqui não é a mesma
de lá. Por exemplo, colocaram meio na marra o liberalismo na direita aqui, mas
quase no mundo inteiro, os liberais além de não serem conservadores (só ler
entrevistas do Scruton), ainda são de esquerda. O liberalismo e o
libertarianismo são de esquerda pelo simples fato que se há uma mudança de
paradigma, há uma mudança de política econômica e cultural. Conservadores não
querem uma mudança da política (a bancada ruralista e a evangélica), e nem na
economia, e muito menos cultural, se houver uma, tem que ser por meio de muitas
analises e um certo “cuidado”. Se você é um liberal conservador, você estará
deslocado tanto no liberalismo, quanto ao conservadorismo.
Não sabemos expressar nossas ideologias políticas ou
religiosas. Ideologias políticas são
estudos importantes para entender o processo político do nosso país e mundialmente,
porque senão, vai passar vergonha. Nossa política tem algumas ideologias, como
as ideologias liberais mistas (porque introduzem uma economia keynesiana),
porque o liberalismo não sobem os juros, não tem o extremo controle
do ESTADO na economia e nos meios de produção. A economia baseada em Keynes é
uma economia totalmente controladora e restrita a uma só solução, então, não
podemos dizer que o governo brasileiro é verdadeiramente, liberal. Temos o
“ruralismo” que é a parte do conelismo que são as famílias que controlam a
maior parte da produção pecuária, agrícola e porque não, os sertões nordestinos
e nortistas. Depois, tem a esquerda socialista, a esquerda democrática social, a
esquerda da mobilidade democrática brasileira. Na verdade, a única ideologia de
direita é os ruralistas e a chamada bancada evangélica, o resto é esquerda
mesmo (por causa da sua ideologia econômica). E tem um povo por aí, que se acha
inteligentinho que está pedindo a volta da monarquia (num processo histórico
meio a reversa, porque querer a monarquia é retroceder), ou está pedindo
intervenção militar. Para temos a volta da monarquia tem que ter um plebiscito,
um plebiscito não vai acontecer porque não temos tempo, não temos dinheiro, não
temos um acordo em comum na classe política e convenhamos, o Brasil está no
século vinte e um e querer a monarquia é querer a volta ao medievalismo.
A intervenção militar é uma outra questão que exige intervenção
diplomática, exige apoio internacional, exige liberação da ONU e convenhamos, o
exército é uma defesa da nação e não pode ser usado como uma espécie de polícia.
Você pedir ordem é você achar meios de fazer funcionar as instituições que
devem punir os corruptos, punir aqueles que não respeitam as leis que regem o
país. Além, claro, que após a segunda grande guerra, várias convenções foram
criadas no intuito de não ter intervenções (só aquelas “de baixo dos panos” para
conter avanços ideológicos danosos ao capitalismo selvagem, danosos aos
interesses a grandes nações e as grandes instituições), que garantam certos
direitos humanos e a proteção um pouco humanitária, mesmo que em alguns casos,
isso não funciona. Depois o Brasil é muito importante para a economia mundial
para sofrer uma perca na autonomia dentro de um sistema democrático, onde uma
intervenção, acabaria com a compra e venda de alguns itens de matéria prima de
importantes empresas mundiais. E outra coisa, todos nós sabemos que em 64 era
uma outra realidade, era uma realidade pós-guerra, onde o comunismo avançava na
América Latina e os norte-americanos buscavam hegemonia. Saber de história
antes de dizer bobagens, é essencial e não acreditar em blogs que usam o anseio
alheio, tendencioso em outras palavras, para ganhar dinheiro em cima.
Já disse que se tem que saber de ideologias políticas, agora
tenho que dizer sobre ideologias religiosas. Existem três religiões
predominantes no Brasil – mais as de berço africano – o catolicismo, o
protestantismo e o espiritismo, o resto, só pega carona. Basicamente, o
catolicismo foi fundado pelo imperador Constantino I no século terceiro e é uma
religião romana, os santos são os deuses romanos, os dias festivos sãos os dias
festivos romanos (do império), as leis dos reinos que vieram depois foram
fundadas dentro do direito romano. Nós que viemos de uma cultura latina
(Portugal era uma província romana que pertencia a Espanha, Portugal veio de
“portugale” que queria dizer “porto gaulês”), somos herdeiros de um catolicismo
muito forte e assim, muitas religiões se mesclarem de alguma forma a maneira de
pensar católica. O protestantismo foi fundado pelo teólogo agostiniano alemão
Martinho Lutero no século quinze, quando pregou as suas cismas na igreja e
criou uma revolução, a revolução protestante, onde se quebrou a hegemonia
católica. Seguindo sua linha o teólogo francês João Calvino que colocou o
protestantismo na França. Basicamente, o lema protestante deveria ser: “Sola
Scriptura, Solo Christus, Sola Gratia, Sola Fide e Soli Deo Gloria” que numa tradução
ficaria: “só há as escrituras, só há Cristo, só há a graça, só há a fidelidade
e só há a Glória de Deus.”. Você vê isso nessa religião? Não, claro que não. Até
nisso houve uma degeneração da religião verdadeira, porque hoje se tem muito
marketing e pouco o que é a religião verdadeira. E o espiritismo que foi
fundado e teve a doutrinação estruturada por Allan Kardec na França no século dezenove.
Não tem uma teologia, mas tem uma doutrinação que são os cincos primeiros
livros da codificação kardeciana. Vimos muito espiritas agregando uma mística de
outras religiões (mais do catolicismo por causa da nossa cultura).
Por fim, depois dessa análise do que é o pensamento do nosso
povo, além de não saber dados histórico, dados políticos, dados ideológicos e
dados religiosos, não sabem a própria língua que fala. Se lemos nas redes, concluímos,
que não se sabe nem ler e nem escrever (muito menos, ter um critério básico de
ceticismo do que se ler e onde se ler), porque a abreviação não é uma escrita
exata. Você não é “vc”, diálogos tem que ter travessão, pensamentos ou
destaques tem que ser entre aspas ou entre parênteses, “mim” não conjunta verbo.
Outra coisa, são criadas muitas gírias para pouca utilização concreta dessas gírias,
como Friboi para “corno” ou homem traído; Friboi é uma empresa de carne e é a junção
entre “frigorifico” (onde a carne fica para não estragar) e boi (animal bovino
para o corte). Ou seja, os homens traídos são os homens traídos, porque não estamos
falando de qualquer animal, mas o animal humano sapiente daquilo que tem como consciência.
A escrita é uma comunicação para o modo escrito, o escritor (aquele que
escreve), tem que levar o leitor a aquilo que ele quer passar. Se você dificultar
isso, ele passa a não ler e as pessoas não vão se interessar, não vão nem
debater isso.
Assim, como ser um intelectual no meio disso tudo?
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