Por Amauri Nolasco Sanches
Junior
Eu deixei de nutrir algum prazer de estar numa luta social,
quando o povo do segmento das pessoas com deficiência rejeitou meu livro O Caminho, só porque não “endeuso” as causas festivas que arrumam para fazer seus
encontrinhos e seus eternos conceitos ala “AACD”. Sim, fazem o REATECH um super
encontro de “deficientinho carente” e não enxerga que aquilo deveria mostrar
tecnologias que deveriam ajudar as nossas necessidades e não vi em todo Facebook
criticas maduras e com embasamento adulto, sobre a feira e só vi fotinha
infantil. Só uma crítica muito bem embasada estava embolsando o
descontentamento da feira. Isso não é um problema só das pessoas com deficiência
e sim, da nossa cultura que não gosta que as pessoas não gostem dele e te olhem
com cara feira. Ora, como diz o ditado: “cara feia para mim é fome”.
Minha forma de crítica é a forma filosófica e não do senso
comum. Porque ser crítico não é “falar mal” apenas por falar, e sim, um olhar
com imparcialidade para todas as coisas e ideias, sejam elas nossas, dos
colegas ou de um outro filósofo famoso. Esse olhar imparcial é um olhar para
poder avaliar se são verdadeiras ou não as premissas ou os motivos que levaram
a um ato, aceitar e sempre estar na nossa “zona de conforte”. Ser um crítico não
é ser um sujeito “metido” e sim, uma pessoa que pode ser crítica e seguir as convicções
da maioria. Um crítico não diz um “não” só para ser o “diferente”, ser crítico é
dizer “sim”, “não” ou “talvez”, sempre com base em argumentos bons e sólidos. Se critico alguns comportamentos, não é que
eu não vou me comportar daquele jeito, mas a minha crítica é no intuito de sair
da zona de conforto – que sempre existe para agradar outras pessoas – para ter
acima de tudo, uma análise daquele comportamento. Perguntas deveriam ser feitas:
o porquê existe a REATECH? O porquê as pessoas doam dinheiro a instituições sem
ao menos, perguntar para aqueles que fizeram tratamento lá, se vale mesmo a
pena doar? O porquê existe campanhas de respeito as pessoas com deficiências,
campanhas de respeito a homossexuais, negros, nordestinos e entre outros? Será que
fazendo campanhas de pessoas com deficiência nuas, vai despertar a imagem de
pessoas sexuadas?
Existem várias analises que não são feitas e quando são, são
feitas de maneira errada. Minha análise tem ferramentas muito importantes e que
não deixam cair no senso comum, sempre com analises profundas e coerentes. Minha
análise é simples: o objeto filosófico é o básico do cotidiano e fazer as perguntas
certas num momento certo, como o “porquê” o meu livro não teve tanto sucesso. Ele
foi escrito dentro de uma ótica cotidiana, linguagem fácil, teve todas as
formas possíveis e não possíveis de marketing e todos sabem que existe. Daí,
talvez, posso chegar à conclusão que ou as pessoas não sabem comprar no site,
ou acham o livro muito caro para ser comprado. Mas eu posso perguntar: “bom, todas
as livrarias que pesquiso são do mesmo preço. Por que o povo compra aquele que
até é mais caro, e o meu não? ”. O método (vem do grego methodós, que quer
dizer “caminho”), é uma troca de argumento, uma discussão de ideias e a reflexão
desse “porquê” nesse caso. Então, podemos dizer que o site pode ser difícil de
comprar, mas houve uma pesquisa em outros sites (como o Amazon e a Saraiva),
que é o mesmo processo de compra e o envio. Ora, chegamos a conclusão que é
desinteresses ou uma ideia errada do livro: se for desinteresse é uma forma
velada que as pessoas com deficiência não podem e não querem ler, que seria
chamar e se chamar, de pessoas infantis. Se for uma ideia errada, então, é “burrice”
mesmo, porque nem todos os romances são livros românticos, uma prova disso é o
romance “Por quem os sinos dobram” do escritor estudanense, Ernest Hemingwa que
se trata da guerra civil espanhola. A guerra é romântica?
Podemos analisar dentro da ótica de qualquer coisa assim, de
quem votamos, até de quem gostamos. Hoje se fala muito em ser éticos, mas
poucos sabem o que é a ética de verdade, como ela funciona e o “porque” ela
existe. Mas para votamos em um candidato a presidência da república não basta
ter ética e honestidade, tem que mostrar preparo, tem que saber de tudo um
pouco. Para doar a uma instituição tem que saber como ela opera, tem que saber
o porquê ela opera, e para quem ela opera. Para ir num evento tem que saber o porquê
da sua existência, o porque isto é importante para aquela parcela de pessoas
que vão ali. Senão, vão achar que essa mesma parcela se conforma com tudo, se
acha dona daquilo e vai fazer uma “Disneylândia”. A questão vai muito mais
além, porque não é gostar ou não gostar, é saber e não saber o que aquilo
significa e o porquê estou fazendo aquilo.
O lema do coitadismo são três: eu não posso, eu não consigo
e não me deram. Essas questões me levam
a umas outras questões que estão enraizadas no estereotipo dos deficientes,
como sermos eternas crianças e assexuadas. Se você não pode, não consegue e
sempre quer que as pessoas te dão as coisas, porque estão querem transar e
serem adultos? Não querem aprender, não querem analisar, não querem nada, então
sinto muito, a sociedade nunca vai enxerga-los como pessoas.
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