
Por Amauri Nolasco Sanches
Junior
Eu li várias matérias sobre o vocalista do Link Park e ninguém
falou sobre o assunto, se falou muito em “santificar” o ato como se fosse um
ato de sublimação do próprio ato. Seria como: “ah, o cara teve seus motivos e não
devemos julgar ele” e esse é o problema, se não “julgarmos” o ato em si, nunca
chegaremos ao fator principal que é o niilismo social. Isso é uma questão muito
séria e pouco discutida: a geração do Chester Bennington, que é a minha, foi
criada sem ideologias e viu as maiores ideologias ruírem. Claro, que sempre
tiveram nomes artísticos que eram depressivos e se mataram, não tiveram coragem
de ver o mundo como ele é e talvez não tiveram estrutura para ver o mundo
verdadeiro. São pessoas, que dentro da filosofia, chamamos de românticos. Romântico
não é aquele que manda flores, faz cartinhas com coraçãozinho, ou faz declarações
inúmeras, mas é aquele que ver um mundo idealizado pela visão idealista.
O idealismo romântico
é sempre achar que as pessoas devem caber dentro de um cubo que você constrói diante
de uma ideia, mais ou menos, fantasiosa do mundo a sua volta. O socialismo é um
idealismo ideológico que matou muito mais do que o nazismo, que aliás é um idealismo
também. Assim como, essa ideia que o mercado e a democracia vão salvar a
humanidade junto com a ciência, que é outra bobagem. Não que sou a favor de
regimes ditatoriais, não que não acredito na tecnologia como técnicas para
transcender, de repente, a limitação do nosso conhecimento, mas sempre temos fé
em algo metafisico além de nós. Então, a geração do Chester que é a minha também,
tem a ideia, mais ou menos, que o mundo não tem mais salvação porque as pessoas
estão se matando e ainda, mesmo com a internet, mesmo com os regimes democráticos,
mesmo com essa relativa liberdade, a fome e a guerra estão aí. O que fazer
quando a promessa da técnica e da razão falha? O iluminismo falhou? Relativamente,
sim.
O iluminismo acreditava que o ser humano iria sair da ignorância
com o conhecimento e a ciência técnica, coisa que o século vinte se provou que não.
Não deixamos de matar por coisas ou ideologias (como o nazi-fascismo e o
social-comunismo se fez), não deixamos de acreditar em seres metafísicos que
nos dominam para fazer atos errados. Seres metafísicos que eu digo são personalidades,
que muitas vezes, não existem e só é mais uma desculpa para esconder o mau-caratismo
de alguns. Então o que nos resta se todas as ideologias ruíram de vez? Nada. Nos
resta assistir o fracasso tanto das ciências, que é lógico que só é um
instrumento inventado para melhorar nossa vida, quanto as ideologias que não levaram
o ser humano a nada. Povos foram quase exterminados com a ciência, o ateísmo matou
quanto mais do que a religião. Quero dizer que deve haver um equilíbrio entre a
intuição (sentimento) com o pensamento (a razão), como Aristóteles disse um
dia. A virtude é sempre usar a ciência em beneficio humano, mas na maioria das
vezes, as pessoas têm medo da ciência, tem medo de que tudo que se acredita,
seja destruído. Isso tudo é um romântico e Nietzsche era um romântico.
Todo roqueiro que se preze é um pouco romântico, porque ele
é contra o sistema, ele é contra aquilo que ele mesmo passou a acreditar que
fez ele sofrer, o mundo é um verdadeiro inferno. Mas como um que sou, eu vejo diferente,
vejo o rock em si uma espécie de válvula de escape, que muda é que sou mais “fisiológico”
com a vida. Tem milhões de coisas lindas e maravilhosas, mas por outro lado, crianças
morem todo dia de alguma causa, velhos são maltratados, seres humanos se
explodem por causa de ideias malucas e seres humanos votam em “mentecaptos”
completos. Ainda fazem pesquisas para dizer que o outro povo é o mais “idiota”,
mas votam em presidentes que fazem um discurso com “bico”. Quem não teria depressão?
Quem não deixaria de acreditar que o mundo tem jeito?
A depressão pode ser uma limitação que demos a nossa própria
espécie em sempre achar que se tem tudo, que se ganha tudo, somos seguros da
dor. A dor é um ótimo exemplo de transcendência da própria vida, porque sem a
dor, nenhum santo era santo, nenhum garoto pobre era bem-sucedido e as coisas não
eram superáveis. Nada vem fácil. As
coisas fáceis sempre vêm acompanhadas de desprezo, daí temos uma pista ótima,
de onde vem o suicídio.
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