“Não rir, nem
lamentar-se, nem odiar mas compreender. ”
Baruch Espinoza
Eu vendo uma notícia no site do jornal espanhol, El País
Brasil, fiquei pensando como o ser humano ainda tem a visão da deficiência
dentro de um molde que não cabe mais no século XXI. Segundo a notícia, um
colégio religioso chamado San Antonio de Padua, na Argentina num município
chamado Merlo, que fica perto de Buenos Aires, teriam expulsado o menino que é
autista, com síndrome de Asperger da turma da classe da quinta série. A questão
é muito complexa, porque a família do garoto diz que o colégio flexibilizou a
estada do menino lá, por pressões das outras mães, as outras mães dizem que o
garoto é um menino bastante agressivo e machucou uma das crianças gravemente. A
conferencia espanhola de Asperger, que faz um trabalho de inclusão nos colégios
argentinos, disse que teria alertado o perigo de se aceitar esse tipo de pressão.
Segundo a conferência, a Convenção da ONU dos direitos das pessoas com
eficiência diz:
“1. Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes assegurarão o sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida, com os seguintes objetivos:
a) O
pleno desenvolvimento do potencial humano e do senso de dignidade e autoestima,
além do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades
fundamentais e pela diversidade humana;
b) O
máximo desenvolvimento possível da personalidade e dos talentos e da
criatividade das pessoas com deficiência, assim como de suas habilidades
físicas e intelectuais;
c) A
participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre.”
(aqui)
O problema vai
muito além do “showbiz” da mídia sul-americana, a questão tem meio que a ver
com que Spinoza disse na sua frase, que não devemos rir e nem mesmo odiar,
e sim, devemos entender. Uns dos maiores alimentos do “preconceito” e a
“discriminação” é a ignorância, pois, o medo é uma fonte bem pomposa para o
preconceito. Segundo o Google, o preconceito é qualquer opinião ou qualquer sentimento
sem nenhum exame crítico. Também, que uma atitude preconceituosa é uma atitude hostil,
assumindo em consequência de uma certa generalização apressada de uma certa
experiência pessoal ou imposta pelo ambiente ou, a conhecida, intolerância.
Então, que se dane o motivo que o menino tenha jogado o objeto no coleguinha, o
coleguinha é um oprimido que levou uma “objetada” na cabeça, por não fazer
nada. Só que conhecemos crianças e um dia, fomos crianças, e sabemos que um
provoca o outro mesmo. E também sabemos, que o autista, quando há uma
hostilidade pode reagir assim para se defender. Portanto, não é justificável e
é sim, uma atitude preconceituosa.
Outra coisa é o que
se trata essa síndrome, que ao que parece, tem um nível de autismo muito mais
brando. Pessoas com a síndrome enxergam o mundo de forma completamente,
diferente. Não é uma doença que pode ser curada e não pode ser diferenciado,
porque, muitas pessoas sentem que é um traço único nas suas vidas e na sua
personalidade. E o mais importante, pessoas com a Síndrome de Asperger são
inteligentes, podem ser na média ou acima da média. Essas pessoas não têm
nenhuma dificuldade de aprendizado, que muitos autistas, podem ter ao decorrer
da vida. Eles têm muito menos problemas com a fala, mas, porém, ainda podem ter
certas dificuldades no processo de entendimento e na linguagem.
Diante desse esclarecimento
todo, podemos examinar a questão muito mais minuciosamente (detalhado). A mãe do menino, diz que sentiu satisfeita com
a solução da questão, colocando o menino em muitas classes para ele não se
sentir sozinho. O erro é que estão dando um “prêmio” de consolo ao seu filho,
mesmo o porquê, o menino não é pessoa com deficiência mental, e na explicação da
síndrome, está que o menino pode sim ser muito mais inteligente do que as
outras crianças. Isso só tem um nome e se chama DISCRIMINAÇÃO. Porque estão tratando o garoto como se fosse
de uma deficiência, mas não é dessa deficiência e pior, esse menino vai crescer
e se sentir a pior pessoa do mundo. Como disse no começo, o medo faz as pessoas
discriminarem tirando aquilo que está ou é, diferente daquilo que estamos
acostumados com a realidade. A grosso modo, quando algo difere com a realidade
vigente é descoberto, se exclui todas as partes que o ser humano não se
acostumou. As deficiências não são realidades comuns, como outras realidades
que diferem da realidade vigente. O que aconteceria se extraterrestres
tentassem contato? Será que o povo ficaria sossegado, ou ficariam em pânico?
Pessoas com autismo
são pessoas que merecem respeito e dignidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário