segunda-feira, 11 de setembro de 2017

O silêncio dos autistas



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“Não rir, nem lamentar-se, nem odiar mas compreender. ”
Baruch Espinoza

Eu vendo uma notícia no site do jornal espanhol, El País Brasil, fiquei pensando como o ser humano ainda tem a visão da deficiência dentro de um molde que não cabe mais no século XXI. Segundo a notícia, um colégio religioso chamado San Antonio de Padua, na Argentina num município chamado Merlo, que fica perto de Buenos Aires, teriam expulsado o menino que é autista, com síndrome de Asperger da turma da classe da quinta série. A questão é muito complexa, porque a família do garoto diz que o colégio flexibilizou a estada do menino lá, por pressões das outras mães, as outras mães dizem que o garoto é um menino bastante agressivo e machucou uma das crianças gravemente. A conferencia espanhola de Asperger, que faz um trabalho de inclusão nos colégios argentinos, disse que teria alertado o perigo de se aceitar esse tipo de pressão. Segundo a conferência, a Convenção da ONU dos direitos das pessoas com eficiência diz:


 “1. Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes assegurarão o sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida, com os seguintes objetivos:
a) O pleno desenvolvimento do potencial humano e do senso de dignidade e autoestima, além do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades fundamentais e pela diversidade humana;
b) O máximo desenvolvimento possível da personalidade e dos talentos e da criatividade das pessoas com deficiência, assim como de suas habilidades físicas e intelectuais;
c) A participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre.
(aqui)

O problema vai muito além do “showbiz” da mídia sul-americana, a questão tem meio que a ver com que Spinoza disse na sua frase, que não devemos  rir e nem mesmo odiar, e sim, devemos entender. Uns dos maiores alimentos do “preconceito” e a “discriminação” é a ignorância, pois, o medo é uma fonte bem pomposa para o preconceito. Segundo o Google, o preconceito é qualquer opinião ou qualquer sentimento sem nenhum exame crítico. Também, que uma atitude preconceituosa é uma atitude hostil, assumindo em consequência de uma certa generalização apressada de uma certa experiência pessoal ou imposta pelo ambiente ou, a conhecida, intolerância. Então, que se dane o motivo que o menino tenha jogado o objeto no coleguinha, o coleguinha é um oprimido que levou uma “objetada” na cabeça, por não fazer nada. Só que conhecemos crianças e um dia, fomos crianças, e sabemos que um provoca o outro mesmo. E também sabemos, que o autista, quando há uma hostilidade pode reagir assim para se defender. Portanto, não é justificável e é sim, uma atitude preconceituosa.

Outra coisa é o que se trata essa síndrome, que ao que parece, tem um nível de autismo muito mais brando. Pessoas com a síndrome enxergam o mundo de forma completamente, diferente. Não é uma doença que pode ser curada e não pode ser diferenciado, porque, muitas pessoas sentem que é um traço único nas suas vidas e na sua personalidade. E o mais importante, pessoas com a Síndrome de Asperger são inteligentes, podem ser na média ou acima da média. Essas pessoas não têm nenhuma dificuldade de aprendizado, que muitos autistas, podem ter ao decorrer da vida. Eles têm muito menos problemas com a fala, mas, porém, ainda podem ter certas dificuldades no processo de entendimento e na linguagem.

Diante desse esclarecimento todo, podemos examinar a questão muito mais minuciosamente (detalhado).  A mãe do menino, diz que sentiu satisfeita com a solução da questão, colocando o menino em muitas classes para ele não se sentir sozinho. O erro é que estão dando um “prêmio” de consolo ao seu filho, mesmo o porquê, o menino não é pessoa com deficiência mental, e na explicação da síndrome, está que o menino pode sim ser muito mais inteligente do que as outras crianças. Isso só tem um nome e se chama DISCRIMINAÇÃO.  Porque estão tratando o garoto como se fosse de uma deficiência, mas não é dessa deficiência e pior, esse menino vai crescer e se sentir a pior pessoa do mundo. Como disse no começo, o medo faz as pessoas discriminarem tirando aquilo que está ou é, diferente daquilo que estamos acostumados com a realidade. A grosso modo, quando algo difere com a realidade vigente é descoberto, se exclui todas as partes que o ser humano não se acostumou. As deficiências não são realidades comuns, como outras realidades que diferem da realidade vigente. O que aconteceria se extraterrestres tentassem contato? Será que o povo ficaria sossegado, ou ficariam em pânico?

Pessoas com autismo são pessoas que merecem respeito e dignidade.

Colégio argentino religioso expulsa criança com autismo(aqui)

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