Por Amauri Nolasco Sanches
Junior
Muitas vezes eu escrevi sobre a urbanização aqui nesse blog
e muitos outros que estão pela internet, que por muitos anos eu me deparei. Segundo
a Lei de Inclusão, as pessoas com deficiência cadeirante tem o direito de ir e
vir e isso inclui, ter vias públicas dentro de uma organização urbana onde se
encontramos. A realidade não é a mesma
coisa das leis escritas, porque as leis escritas tendem a idealizar uma conduta
que não está sendo respeitada e esse respeito pode ser sanado com o cumprimento
dessa lei, que por muito tempo, vem sendo desrespeitada e colocada como apenas
um papel em cima de um gabinete qualquer.
Ontem ao abrir o blog no meu colega de partido – ele é
presidente do PAIS (aqui) – Lee Cadeirante (aqui), vi a nossa colega de luta Lucianna
Trindade, subir a Alameda Santos (na região da Avenida Paulista), mostrando a
realidade das calçadas em um vídeo que “bombou” nas redes sociais do pessoal do
segmento das pessoas com deficiência. Estudei nos anos 80 – de 1983 a 1990 – na
Avenida Paulista num colégio conhecido e tombado pelo patrimônio histórico,
Rodrigues Alves – nesse tempo houve uma unidade da AACD (aqui) nesse colégio – onde
já naquele tempo as condições da região eram “deploráveis”. Hoje, acredito eu
que não trafego tanto na região, a coisa esteja melhor, mas no vídeo da
Lucianna mostra que nem tanto.
Ali onde o vídeo acontece há uma obra chamada de ‘Santos
Augusta’, que é feita pela construtora ReudBrasil, que danificou toda a calçada
da Alameda Santos. No vídeo, a cadeirante sobe toda a Alameda e mostra varias danificações
e irregularidades dentro da via que é pública e não da “construtora”. Primeiro,
Lucianna mostra o portão de entrada e saída de caminhões que buscam materiais,
simplesmente, na calçada e além disso, a fita de isolamento está a via impossibilitando
o trafego de cadeirantes.
O vídeo ficou bom só num pequeno fato, mostrar a nossa visão
das vias públicas que não estão adequadas na sombra da lei, diante da grandeza
da cidade de São Paulo – uma das maiores cidades da América Latina – que muitas
vezes, contraria a lei. Só com alguns minutos de vídeos, se pode ver um olhar
diante de uma dificuldade que TODOS cadeirantes passam, que enfrenta todos os
dias. Existem normas federais que garantem nosso próprio direito de trafegar nas
calçadas, e também, contraria normas da PNMU, que prioriza a circulação de pedestres,
principalmente, em vias como calçadas. Coisa que o vídeo da Lucianna, é
mostrado que nem a própria lei é respeitada (normas simples).
No vídeo, podemos ver as caixas de esgoto fazendo “montinhos”
obrigando a muitos pedestres a trafegarem em uma única pessoa, quanto menos,
uma pessoa cadeirante passar ali. Tanto que Lucianna tem que andar na rua,
dividindo o espaço com os carros, porque a calçada não tem a menor condição de
transitar, além disso tudo, há uma arvora numa caixa errada e de maneira errada
foi plantada no meio da calçada.
A realidade do vídeo é a realidade de qualquer um que seja
cadeirante (com cadeira de rodas manual ou motorizada), que muitas empesas não cumprem
a lei e também, muitos moradores fazem a calçadas como querem e não é bem
assim. Há uma norma a seguir com suas medidas e como deve ser, porque há também
muitas pessoas com mobilidade reduzida, que precisam de uma calçada descente. Gestantes,
mães ou pais com carrinho de bebê, idosos que podem cair e até mesmo, pessoas
com deficiência visual que pode transitar por ali e até cair e se ferir
gravemente.
Quem conhece meu blog sabe que como sou nietzschiano, sou um
quebrador de ídolos com minha britadeira, mas eu sei muito bem que também reconhecer
as pessoas que tem coragem e sabem aquilo que fazem e a Lucianna Trindade teve
um ato de coragem. Podemos dizer que o ato da moça é um ato digno de um
guerreiro “espartano” que luta pelo que acredita e o que há de errado. Mostrando
arvores em locais errados, rampas que não podem ser usadas e nem calçadas que
possamos usar.
(aqui)
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